Em Gramado, diretor de ‘Elis’ saúda trabalho de Andreia Horta para ‘reencarnar’ a cantora

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Hugo Prata conversou com o Sul21 no tapete vermelho do festival | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Com a atriz Andreia Horta no papel principal, o filme “Elis”, cinebiografia da cantora Elis Regina, foi uma das principais atrações do 44ª Festival de Cinema de Gramado, encerrado neste sábado (4) com a distribuição dos kikitos para os melhores longas e curtas brasileiros e estrangeiros. Aplaudida de pé após a exibição do filme, Horta foi consagrada no festival ao receber o prêmio de melhor atriz. Na última terça-feira (30), o Sul21 conversou no tapete vermelho com Hugo Prata, diretor da obra, sobre a recepção do filme, a “encarnação” de Elis pela atriz e também sobre o momento vivido pelo cinema brasileiro.

Além de participar da mostra competitiva do festival, “Elis” teve no evento o seu lançamento oficial.  Segundo Prata, isto era um motivo de apreensão, mas que acabou suavizado pela boa recepção do filme. “A recepção aqui foi a melhor possível. Tinha muito medo dessa plateia do Festival de Gramado. Uma plateia tão conhecedora da sétima arte”, disse o cineasta. “No Rio Grande do Sul, terra da Elis, a primeira vez que a gente ia projetar o filme para qualquer público. Sendo aqui, dava uma adrenalina maior. A resposta do público foi sensacional. No final, com a Andreia sendo ovacionada, deu para deixar todo mundo confiante para lançar o filme”, completou.

Andreia Horta recebe o kikito de melhor atriz na noite de sábado | Foto: Edison Vara/Pressphoto
Andreia Horta recebe o kikito de melhor atriz na noite de sábado | Foto: Edison Vara/Pressphoto

Antes mesmo de Horta receber o prêmio, o cineasta já ponderava que os elogios a sua atuação eram fruto de uma longa preparação feita para “reencarnar” a cantora nas telas. “Foi muita labuta, muito trabalho, muito talento dela, entrega e preparação. Ela é muito focada, se preparou muito para construir essa personagem. Foram cinco meses de intenso trabalho”, diz.

Por outro lado, o diretor ponderou que a parte mais difícil do filme foi decidir quais histórias da vida da cantora iriam entrar na versão final e quais ficariam de fora. Algumas críticas apontam que o filme explora pouco a relação de Elis com as drogas e com a ditadura militar.

Hugo Prata, diretor do filme Elis | Foto: Guilherme Santos/Sul21
Hugo Prata, diretor do filme Elis | Foto: Guilherme Santos/Sul21

“Num filme de duas horas cabem pouquíssimas coisas de uma vida de 36 anos. Então você tem que fazer escolhas mesmo. Qual história você quer contar, qual a abordagem se quer dar da vida dela? Tem milhares de possibilidade. Você tem que fazer uma escolha, selecionar os fatos, as canções, os personagens, tudo aquilo que leve a sua história para a frente”, ponderou Prata.

O filme foca na vida de Elis Regina a partir da chegada dela ao Rio de Janeiro, quando tinha 19 anos. O longa, que também traz os atores Caco Ciocler, Gustavo Machado, Lúcio Mauro Filho e Natallia Rodrigues, entre outros, no elenco, tem estreia marcada para o dia 24 de novembro.

Momento do cinema nacional

Um dia antes da exibição de Elis, na sexta-feira (26), o filme Aquarius mais uma vez esteve envolvido na discussão política, com o diretor Kléber Mendonça Filho e atores do longo reafirmando a posição de que o Brasil está passando por um golpe. A exibição da obra também teve vaias para o ministro da Cultura do então governo interino, Marcelo Calero.

Prata, porém, preferiu não entrar em polêmicas e disse que o cinema brasileiro nem econômico. Porém, acho que o cinema está”, disse. “Lógico, hoje o país está dividido em d está vivendo um momento muito saudável. “Eu acompanho na imprensa essas polêmicas todas. Em geral, a minha percepção é de que é um pouco mais auê de imprensa do que de fato. To ligadíssimo nos últimos acontecimentos do país, que não está vivendo um momento bom nem político. Tendo sempre a me manter focado e com um olhar um pouco crítico a essas polêmicas”, complementou.

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Prata diz que o cinema nacional vive um bom momento | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Segundo ele, a produção nacional foi muito beneficiada pelo programa do governo federal Brasil de Todas as Telas. “A gente está produzindo 120, 130 longas por ano, é um a cada três dias. Então, está muito aquecido. Está organizado. A Ancine está funcionando bem. Apesar de todas as dificuldades, na nossa área acho que as coisas estão indo bem”, afirmou.

O cineasta disse ainda não temer que, no governo do PMDB, possam haver cortes de recursos e de programas que beneficiam a produção cinematográfica. “Não acredito ou pelo menos torço para que ninguém mexa nisso. Acho que seria uma catástrofe e, se achar que isso vai acontecer, vou pra rua também”, concluiu.