Cine Iberê exibe O Homem do Pau Brasil em sua última sessão do ano
Último filme dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, em 1981, revela o legado modernista em sua vertente mais radical e experimental. A sessão única com entrada franca será comentada pela psicanalista Andreia Proença Machado, pesquisadora em Psicanálise, Arte e Utopia
No próximo domingo, 17 de dezembro, acontece a última sessão do ano do Cine Iberê, na Fundação Iberê Camargo, com exibição do filme O Homem do Pau Brasil (1981), última realização do cineasta Joaquim Pedro de Andrade, considerado um dos mais importantes realizadores brasileiros. A exibição começa às 16h, com entrada franca, e será comentada por Andreia Proença Machado, psicanalista e Mestre em Psicologia Social e Institucional, com pesquisa em Psicanálise, Arte e Utopia.
O Homem do Pau Brasil é um filme de ficção a partir da vida e da obra do escritor Oswald de Andrade. Escolhido como Melhor filme e Melhor Atriz (Dina Sfat) no Festival de Brasília em 1981, o longa-metragem revela o legado modernista em sua vertente mais radical e experimental. No universo do movimento modernista de 1922, o escritor é representado simultaneamente por Flávio Galvão e Ítala Nandi. Oswald-homem e Oswald-mulher compartilham das mesmas ideias e atitudes revolucionárias com os demais personagens da efervescente cena cultural dos anos 20, até que elas mesmas os separem. Com a devoração de Oswald-homem pelo Oswald-mulher, dá-se a criação da Mulher do Pau Brasil, líder de uma revolução que instaura o matriarcado antropófago como regime político do país.
Joaquim Pedro de Andrade (1932 – 1988) é um realizador brasileiro que integrou o movimento Cinema Novo. Estudou física na Faculdade Nacional de Filosofia. Entre 1961 e 1962, dedicou-se aos estudos de cinema no exterior: em Paris, no Institute des Hautes Études Cinématographiques de Paris (IDHEC) e na Cinemateca Francesa, em Londres, na Slade School of Arts e, em Nova York, teve aulas de técnicas de cinema direto com os irmãos Albert e David Maysles. Seu curta Couro de Gato (1962) integra o projeto coletivo fundador do Cinema Novo – o filme Cinco Vezes Favela (1962), produzido pelo Centro Popular da União Nacional dos Estudantes. Em 1963, realiza Garrincha Alegria do Povo. Fazem parte de sua filmografia: O Padre e a Moça (1965), Cinema Novo (1967), Brasília, contradições de uma cidade nova(1967), Macunaíma (1969), A linguagem da persuasão (1970), Os inconfidentes (1972), Guerra conjugal(1975), O Aleijadinho (1978), O Homem do Pau Brasil (1981).
Andreia Proença Machado é Psicanalista. Graduada em Psicologia pela UFRGS e Mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS, com pesquisa em Psicanálise, Arte e Utopia. Sua pesquisa e dissertação de mestrado foi sobre Humor e Estranhamento na Psicanálise e na Poesia de Oswald de Andrade. Integra o Laboratório de Pesquisa em Psicanálise, Arte e Política (LAPPAP), da UFRGS.
Com curadoria de Marta Biavaschi, o Cine Iberê integra o programa Tabu | Éden | Quimera – atividade cinematográfica paralela às exposições Vivemos na melhor cidade da América do Sul e Sombras no Sol.
Exposições em cartaz
A mostra Sombras no Sol traz 41 peças do acervo – entre pinturas, desenhos, gravuras e documentos – de Iberê Camargo que retratam sua visão sobre a “Cidade Maravilhosa”, onde morou por 40 anos, apontando para uma paisagem muitas vezes vazia e melancólica, nublada – distante do sol e das cores tropicais. Com curadoria de Eduardo Haesbaert e Gustavo Possamai, a mostra exibe, ainda, um conjunto de documentos que registram a censura a uma de suas obras durante o V Salão Nacional de Arte Moderna, em 1956, no Rio de Janeiro. “Importante trazer à visibilidade e ao debate público o registro de momentos sombrios que apresentam tanta relação com os dias atuais, uma vez que Iberê os vivenciou com resistência, em defesa da arte, do diálogo e do respeito, aspectos tão fundamentais à liberdade de expressão”, dizem os curadores.
A exposição Vivemos na melhor cidade da América do Sul, apresenta pinturas, esculturas, fotografias, instalações, vídeos e performances de 28 artistas brasileiros referenciais, como Alair Gomes, Beto Shwafaty, Carlos Vergara, Guga Ferraz, Hélio Oiticica, Iberê Camargo, Maria Sabato, Mario Testino e Rosângela Rennó, entre outros. A mostra, com curadoria de Bernardo José de Souza e Victor Gorgulho, a mostra parte da canção Baby, de Caetano Veloso, para investigar noções contraditórias de tropicalidade, identidade nacional, corpo e violência, e analisa a paisagem estética e política do Rio de Janeiro para lançar uma mirada crítica sobre o Brasil.
Serviço
Cine Iberê
Domingo, 17 de dezembro, às 16h – O Homem do Pau Brasil, de Joaquim Pedro de Andrade (1h47min, 1981, Brasil). Sessão comentada com Andreia Proença Machado.
Sessão única | Entrada franca
Exposição Sombras no Sol
Artista: Iberê Camargo
Curadoria: Eduardo Haesbaert e Gustavo Possamai
Local: 4º andar
Período de exibição: até 14 de janeiro de 2018
Visitação: sábados e domingos, das 15h às 20h
Exposição Vivemos na Melhor Cidade da América do Sul
Artistas: Adriano Costa, Alair Gomes, Anna Franceschini, Beto Shwafaty, Carlos Vergara, Caroline Valansi, Débora Bolsoni, Dominique Gonzalez-Foerster, Guga Ferraz, Guerreiro Do Divino Amor, Hélio Oiticica, Iberê Camargo, Joe Williamson, Maria Sabato, Mario Testino, Manoela Medeiros, Marcos Chaves, Miúda, Pedro Flutt, Pedro Victor Brandão, Pedro Rocha, OPAVIVARÁ!, Oliver Bulas, Raymundo Amado, Rodrigo Matheus, Romain Dumesnil, Rosângela Rennó e Vivian Caccuri.
Curadoria: Bernardo de Souza e Victor Gorgulho
Local: átrio, 2º e 3º andares
Período de exibição: até 17 de dezembro de 2017
Visitação: sábados e domingos, das 15h às 20h
ENTRADA FRANCA
Endereço: Fundação Iberê Camargo – Avenida Padre Cacique, 2000