Após 25 anos de carreira, Lawrence Wahba lança longa-metragem ‘Todas as Manhãs do Mundo’

Lawrence Wahba com arraia manta Baja. | Foto: Marcelo Skaf

A medida que a Terra dá a volta em seu eixo, os raios de luz iluminam cada canto de nosso Planeta trazendo uma nova manhã. Documentar o que ocorre com a natureza nesse momento mágico em alguns dos locais mais remotos do mundo é o desafio, com suas barreiras técnicas quase intransponíveis, da produção de “Todas as Manhãs do Mundo”, filme que leva ao público a construção desta narrativa de forma lúdica e acessível, com direção de Lawrence Wahba, um dos ganhadores do Emmy Awards 2013 pelo programa “América Selvagem”, da NatGeo TV, com as participações de Ailton Graça e Letícia Sabatella. O filme estreia nos cinemas em 6/4 sem nada a dever às maiores produções do gênero.

‘Todas as Manhãs do Mundo’ enquadra-se em gênero conhecido como ‘docudrama’, mesclando fantasia e realidade. Dois personagens centrais são os responsáveis pela narrativa, que costura sequências de imagens de tirar o fôlego: O Sol (pai) e a Água (mãe). Como responsáveis diretos pela existência da vida no planeta, eles são interpretados sob as vozes dos atores Aílton Graça e Letícia Sabatella, respectivamente.

O filme é direcionado não só para famílias e crianças, mas para todos aqueles que tem interesse na natureza, animais e meio ambiente. A incrível jornada segue do deserto da Baja Califórnia ao impiedoso ciclo das águas no Pantanal, passando pelas florestas temperadas do Canadá, pelos exuberantes recifes de corais da Indonésia e pelas savanas africanas. Nesse imenso panorama de biodiversidade, os animais são os grandes heróis da saga, guiando a narração da “troca de turno” que se inicia a cada dia no infinito ciclo da luta por água e comida ao surgimento dos primeiros raios de luz. Esse contexto é traduzido por ‘personagens’ como Salmões, que enfrentam a força das águas e as garras dos ursos pardos numa odisseia para chegar ao rio em que nasceram para desovar; as mais exóticas e coloridas criaturas marinhas que se camuflam para sobreviver nos recifes mais ricos do mundo; leões e búfalos que travam batalhas épicas, além de onças e outros animais que dançam ao ritmo das águas no Pantanal. Aqui as manhãs são mais do que um fenômeno natural, são metáforas do início de um novo ciclo e renovação da esperança.

As imagens que deram vida ao longa-metragem foram captadas ao longo de 44 semanas, com mais de 400 horas de material gravado entre 2010 e 2015, em expedições a: Noruega, México, Canadá, Indonésia, Zâmbia, Botswana e Brasil. Ainda foram utilizadas sequências inéditas do acervo do cineasta, estas produzidas nos últimos sete anos em todos os continentes e oceanos. Outro ponto de destaque fica por conta da fotografia, conduzida sob o olhar cuidadoso de Wahba e outros 16 cinegrafistas do Brasil, da França, Holanda e Argentina em atividade que aliou sensibilidade e tecnologia, incorporando o uso de câmeras de alta definição extremamente sensíveis à condição de pouca luz, lentes teleobjetivas de 800mm, drones, gruas, sliders, estabilizadores de imagem, microcâmeras e lentes macro, entre outros.

Com direção de Lawrence Wahba e roteiro do renomado diretor/roteirista Rubens Rewald (“Super Nada”, 2012) em parceria com Rodolfo Moreno e com o próprio Wahba o documentário permite diversos níveis de compreensão, abrangendo tanto o público infantojuvenil quanto os fãs de documentários de natureza. A narrativa leve e bem humorada tem rigorosa consultoria científica e aborda conceitos distintos relacionados à conservação e à sustentabilidade, como aquecimento global, poluição e cadeia alimentar, entre outros. Tudo de forma leve e lúdica, tornando o filme agradável para “crianças” de todas as idades. Neste sentido, um dos grandes trunfos do filme está nas atuações de Aílton Graça, que leva sua imponente voz ao rei Sol, e de Letícia Sabatella, com seu timbre doce e sensível, traduzindo a personalidade da mãe Água. Wahba exalta a participação de seus intérpretes: “Aílton e Letícia foram muito além da simples narração. Eles se entregaram de forma generosa e apaixonada ao projeto. Como grandes artistas que são, fizeram um trabalho de criação para incorporar personagens abstratos, como o Sol e a Água, imprimindo mais emoção à narrativa.”

Codireção e montagem foram coordenadas pela premiada documentarista Tatiana Lohmann (“Solidão e Fé”, 2010) e a trilha original a cargo do compositor Fábio Cardia e executada pela Orquestra Nova Câmara, regida pelo maestro francês Thibault Delor com participações de músicos convidados, como Luiz Bueno, Roberto Angerosa e Marcus Santurys e da cantora Graça Cunha. Arte gráfica do documentário é assinada por Flávio Reis, a finalização é da Zumbi Post e a sonorização, de José Luiz Sasso. Ainda vale destacar que o filme é fruto de parceria que envolve Fox Film do Brasil, Canal Azul e a produtora Bonne Pioche, vencedora de Oscar com o documentário “A Marcha dos Pinguins” (2006).

Para Lawrence, o resultado final do longa sintetiza seus 25 anos de carreira, que tem marco inicial na expedição “Crossing American Coast”, de 1992, em ocasião que Wahba e outros 4 aventureiros viajaram de Los Angeles a São Paulo, em trajeto de 29.000km por terra, dando origem a um estilo de vida que fez o documentarista passar o equivalente a mais de 10 anos de sua vida viajando pelos locais mais remotos do Planeta. Para ele, os 84 minutos do filme resumem seu objetivo de vida: “O que os olhos não veem, o coração não sente. O que me motiva a ficar tanto tempo longe dos meus filhos e do conforto de casa é trazer para eles e para todas as pessoas as belezas naturais que ainda existem no mundo, sensibilizando-os para a necessidade de preservá-las. Dizem que o ser humano aprende apenas pelo amor ou pela dor. Os grandes filmes recentes sobre natureza, como “11th Hour”, de Leonardo de Caprio, ou “Verdade Inconveniente”, do Al Gore, tentam educar pela dor, mostrando o quanto o planeta está sofrendo. Sem querer me comparar a eles, “Todas As Manhãs do Mundo” pretende educar pelo amor, mostrando as belezas que ainda existem e precisam ser preservadas. Buscamos trazer a leveza e a profundidade de “A Marcha dos Pinguins”, fazendo um filme para toda a família. Espero que as pessoas gostem, se divirtam, se emocionem e saiam otimistas do cinema, sabendo que o nosso planeta é lindo e a vida ainda resiste aos desmandos do homem.”

O projeto do longa se originou paralelamente a série homônima exibida pelo Canal NatGeo em outubro de 2015, produção que teve uma das maiores audiências da NatGeo naquele ano e foi indicada ao Prêmio de Fotografia ABC e ao prêmio de Melhor Programa de TV pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). Ao contrário da série documental, que retrata as aventuras do brasileiro ao testemunhar o amanhecer pelo planeta junto a uma equipe francesa, o longa tem a licença poética de uma obra de ficção. Para esta empreitada, um ano de esforços em roteiro, edição e pós-produção foram necessários para dar forma final à maior produção audiovisual de natureza já feita no cinema nacional.

BIOGRAFIA DO DIRETOR

“Lawrence Wahba é mergulhador, cinegrafista submarino, apresentador de TV e produtor de documentários. Dirigiu ou produziu 17 documentários, 67 episódios de séries de TV e mais de 700 matérias, exibidas em 160 países e filmadas em todos os Continentes e todos oceanos.

Durante seus mais de 20 anos de carreira, Wahba ganhou prêmios importantes como Festival de Antibes, França; AmazonFilm Festival e um Emmy pelo seu trabalho como diretor de fotografia em “América Indomável”.

FICHA TÉCNICA

Direção: Lawrence Wahba
Co-direção: Tatiana Lohmann
Produzido por Ricardo Aidar
Roteiro: Rubens Rewald, Rodolfo Moreno e Lawrence Wahba
Vozes: Leticia Sabatella e Ailton Graça
Produção Executiva: Renata Rudge e Sylvio Rocha
Trilha Original: Fabio Cardia
Montagem: Tatiana Lohmann
Arte: Flavio Reis
Finalização: Zumbi Post
Parceria: Bonne Pioche
Co-Produção: 20thCentury Fox
Produção: Canal Azul
Distribuição: 20th Century Fox

Assista o trailer: