Sul21 recomenda os prováveis vencedores do Oscar 2016

Milton Ribeiro

E chegam à cidade os filmes favoritos para vencer o Oscar 2016. O Regresso e O Filho de Saul, prováveis melhor filme norte-americano e estrangeiro (é húngaro) na cerimônia, entraram em cartaz neste fim-de-semana de Carnaval. 

E, se considerarmos o sofrimento dos personagens destas produções, não está fácil para ninguém. Entre ursos e nazistas, ficamos com os ursos. Leonardo DiCaprio passa quase morrendo por boa parte de O Regresso, enquanto Saul é mais um exemplar típico do filme-de-holocausto. Muitos críticos tentaram abordar o que haveria de novidades no filme, mas o implacável Cahiers du Cinéma deu-lhe uma estrela em quatro possíveis, apesar da vitória no Festival de Cannes. Já O Regresso é extraordinariamente realista e bem filmado. O mexicano Iñarritu não é mole.

Todas as semanas, o Sul21 traz indicações de filmes, peças de teatro, exposições e música para seus leitores. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana!

Cinema – Estreias

O Regresso (****)
(The Revenant), de Alejandro González Iñarritu, EUA, 2015, 186 min

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Em termos de sofrimento, esse Oscar vai ser imbatível. O tema de O Regresso é baseado em fatos reais. Em 1823, durante uma expedição para um território gelado e inexplorado no oeste norte-americano, o explorador e comerciante de peles Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) é atacado por um urso e deixado para morrer pelos seus companheiros. Glass sobrevive e parte para dentro de território selvagem, durante o inverno, à procura de vingança. Em Portugal, o filme recebeu um título traidor mas bastante bom, O Renascido. O filme é muito bem feito, de violência explícita e visceral. É impossível não ser envolvido pelo drama de Glass. O trabalho de Iñarritu é de absoluto virtuosismo e Leo DiCaprio responde à altura. Entram como favoritos na festa da Academia.

No GNC Iguatemi (legendado), às 15h, 16h40, 18h20, 20h e 21h30
No Arcoíris Boulevard (dublado), às 15h, 18h e 21h
No Cinemark Bourbon Ipiranga (legendado), às 15h40, 19h20 e 21h50
No Espaço Itaú (legendado), às 15h10, 18h10 e 21h10
No GNC Moinhos (legendado), às 15h, 18h20 e 21h30
No GNC Praia de Belas (dublado), às 15h e 21h20;
No GNC Praia de Belas (legendado), às 18h20 e 21h30
No Cinemark Barra Sul (legendado), às 14h40, 18h15 e 21h40
No Cinemark Canoas (dublado), às 13h50
No Cinemark Canoas (legendado), às 17h30 e 21h

O Filho de Saul (***)
(Saul Fia), de László Nemes, Hungria, 2015, 107 min

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Há tantos filmes sobre o Holocausto… A Segunda Guerra Mundial já foi vista sob as mais variadas óticas no cinema: dos vencedores, dos vencidos, da política, da história, da loucura e da dor. Só que depois de ver Vá e Veja, A Lista de Schindler, O Pianista e outros grandes filmes sobre o tema, tudo parece inferior e cansativo. Bem, é a opinião pessoal de quem vê dois ou três filmes por semana desde os anos 70. O Filho de Saul venceu Cannes e é franco-favorito para receber o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O tema, obviamente, é uma bigorna. Afinal, Saul é um prisioneiro judeu encarregado de cremar cadáveres em um campo de extermínio. Em seu hediondo trabalho, feito sob supervisão nazista, ele encontra um menino que, miraculosamente, respira com dificuldades após passar pela câmara de gás. Um oficial alemão fica curioso e quer examinar o caso, “Como ele sobreviveu?”. Mas Saul faz com que o garoto suma, pois quer que um rabino lhe dê um fim digno. A imprensa popular tem colocado o filme no Olimpo, mas revistas especializadas como Cahiers du Cinéma e Positif, tradicionalmente rivais, uniram-se no veto. Cahiers deu-lhe uma estrela (entre quatro possíveis). Positif foi um pouquinho mais generosa – tascou duas estrelas. A Folha de São Paulo deu 3 em 5.

No Guion Center 1, às 15h, 17h, 19h, e 21h
No GNC Moinhos 4, às 14h15, 16h45, 19h30 e 21h50
No Espaço Itaú 3, 13h30, 17h30, 19h40 e 21h50

Cinema – Em cartaz

O Novíssimo Testamento (*****)
(Le Tout Nouveau Testament), de Jaco van Dormael, Bélgica / França, 2014, 114 min

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Classificado como comédia, este doce, poético, louco e muito parecido — esteticamente — com Amélie Poulain, filme belga deve ser visto talvez menos como sátira religiosa e mais sobre como tudo deu errado em nosso planeta. O desencanto com a vida é transformado em outra coisa. No filme, Deus está vivo e mora em Bruxelas. Trata-se de um senhor rabugento e malvado. Um dia, sua filha, cansada dos gritos e da repressão paterna, decide fugir, só que antes invade seu computador e envia para e-mails e celulares as datas de morte de todas as pessoas do mundo. E começa toda uma confusão que, na verdade, pouco tem a ver com religião e sim com a finitude da vida e a situação da humanidade. Como curiosidade, avisamos que, dentre os novos apóstolos, está Catherine Deneuve.

No Guion Center 2, às 14h30
No Guion Center 3, às 20h20

Anomalisa (****)
(Anomalisa), de Charlie Kaufman e Duke Johnson, EUA, 2015, 91 min

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Uma animação para adultos. Michael Stone ganhou fama e fortuna com o seu livro de auto-ajuda Como Posso Ajudá-lo a Ajudá-los?. Todavia, ele é um homem melancólico, misantropo e amargurado com a sua própria vida. Quando se desloca ao Connecticut (EUA) para uma palestra, conhece Lisa, uma pessoa muito especial por quem se apaixona profundamente. Em poucos dias os dois vivem uma intensa história de amor e Michael sente-se renascer. Porém, ele é um pai de família respeitado e, mais cedo ou mais tarde, chegará momento de regressar à sua existência de sempre… O filme recria a peça homônima também da autoria de Kaufman (sob o pseudônimo de Francis Fregoli). No filme, podemos ouvir as vozes de David Thewlis, Jennifer Jason Leigh e Tom Noonan.

No Guion Center 3, às 14h25
No Espaço Itaú 8, às 13h30, 17h40 e 21h50

As Maravilhas (****)
(Le Meraviglie), de Alice Rohrwacher, Itália-Suíça-Alemanha, 2014, 110min

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A família de Gelsomina vive um cotidiano simples na região da Toscana, na Itália, trabalhando com produção de mel. Composto por uma mãe italiana, um pai alemão e irmãs mais novas, são praticamente a única companhia da adolescente, até que ela começa a descobrir novos interesses com a chegada de Martin, jovem que cumpre programa de reinserção social. Ainda chega à cidade uma equipe de televisão, que filma uma série chamada “Cidade das Maravilhas”, com a atriz Monica Bellucci interpretando a apresentadora. Aclamado pela crítica, o filme semi auto-biográfico foi vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes de 2014

Na Sala Paulo Amorim, às 17h

Carol (****)
(Carol), de Todd Haynes, EUA/Grã-Bretanha, 2015, 118min
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Ignorado na lista de indicados a melhor filme para o Oscar, Carol, baseado no livro de Patricia Highsmith, tem agradado público e crítica desde que estreou em Cannes. No festival francês, Rooney Mara arrebatou o prêmio de melhor atriz por sua interpretação de Therese Belivet, uma jovem que trabalha como vendedora em uma loja de bonecas em Nova York dos anos 1950. Certo dia, ela conhece a cliente Carol Aird (Cate Blanchett), que vai comprar um presente para sua filha, e muda sua vida. Therese tem um namorado por quem não se interessa muito, e Carol está no meio de um divórcio espinhoso. Considerado um dos melhores romances do ano, o filme se passa pelos olhos de Therese, que se apaixona por Carol, e tem mérito ao retratar uma história de amor lésbica em uma época em que era preciso enfrentar muito preconceito e resistência por parte da sociedade.

No Guion Center 2, às 18h35 e 20h45
No GNC Moinhos 3, às 14h

Boi Neon (****)
(Boi Neon), de Gabriel Mascaro, Brasil, 2015, 101min

Boi Neon é difícil de descrever. Através de paisagens de um nordeste colorido e sem estereótipos, o diretor pernambucano Gabriel Mascaro conta a história do vaqueiro (Juliano Cazarré) que sonha em ser costureiro, enquanto ele viaja com uma caminhoneira (Maeve Jenkins) e sua filha. Trata-se de um road-movie que quebra estereótipos, mostrando “machos nem tão machões”, uma caminhoneira não masculinizada e uma família não tradicional. Premiado no Festival de Veneza, Boi Neon é mais uma amostra do excelente cinema pernambucano dos tempos atuais.

Na Sala Eduardo Hirtz, às 17h30

As Sufragistas (***)
(Suffragette), de Sarah Gavron, Reino Unido, 2015, 106 min

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Início do século XX. Apoiadas pelos conceitos iluministas de igualdade e liberdade, as mulheres passam a reivindicar o direito de participação na política e a exigir leis mais justas que as incluíssem nas decisões parlamentares. No Reino Unido, o movimento começou com a fundação da União Nacional pelo Sufrágio Feminino. De modo a expor as leis sexistas e mudar a forma como eram vistas, um grupo de mulheres da classe operária juntam as suas vozes à de Emmeline Pankhurst (Meryl Streep), uma mulher à frente do seu tempo que há muito lutava pelos direitos das mulheres. O filme acompanha a jornada de algumas delas, focado na funcionária de lavanderia Maud Watts (Carey Mulligan), enquanto ela descobre que pode lutar por seus direitos e se junta à luta. Assim, desistindo do protesto pacífico de simples manifestações de rua que nunca as levou a lugar algum, estas mulheres desafiam o Estado e partem para formas de luta cada vez mais radicais, enfrentando tudo para tentar viabilizar direitos e oportunidades iguais. Faz 100 anos e ainda é atual, né?

No Guion Center 2, às 16h35
No Guion Center 3, às 18h20
No Cine Victória, às 17h

45 anos (*****)
(45 Years), de Andrew Haigh, Inglaterra, 2015, 95 min


Considerado pelo Sul21 como o melhor filme de 2015. Kate Mercer (Charlotte Rampling) está planejando a festa de comemoração dos 45 anos de casada. Porém, cinco dias antes do evento, o marido (Tom Courtenay) recebe uma carta: o corpo de seu primeiro amor foi encontrado congelado no meio dos Alpes Suíços. A estrutura emocional dele é seriamente abalada e Kate já não sabe se vai ter o que comemorar durante a festa. Os veteranos Rampling (69 anos) e Courtenay (78) levaram os prêmios de melhor atriz e ator do Festival de Berlim deste ano e dão um show à parte. Ingmar Bergman cansou de nos mostrar que dois grandes atores às voltas com um bom texto pode dar resultados de primeira grandeza. É o caso. O jovem cineasta Andrew Haigh demonstra grande talento e delicadeza para captar as nuances de um casal que sai fora do prumo.

Na Sala Paulo Amorim, às 15h e 19h

Exposições e Artes Plásticas

Memórias e identidade: raízes palestinas
Memorial do Rio Grande do Sul
De terça à sexta, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 12h às 17h
Até 8 de março

A Embaixatriz da Palestina no Brasil, Nahida Tamimi Alzeben, emprestou 23 vestidos típicos de sua coleção para a exposição que apresenta um pouco da cultura do povo palestino. A mostra conta ainda com trabalhos entalhados em madeira da oliveira, a arte do vidro, as obras de arte em nácar e a arte do bordado em ponto de cruz, que decoram os vestidos das mulheres palestinas, e objetos de decoração como almofadas, espelhos, quadros e outros.

Foto: Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Foto: Guilherme Santos/Sul21

Paulo Leminsky: Meu coração polaco está de volta
Memorial do Rio Grande do Sul
Até 9 de fevereiro

O poeta paranaense Paulo Leminski será tema da exposição “Meu coração polaco está de volta”, que aborda a origem e a influência da Polônia na obra do autor. A mostra foi inaugurada juntamente com o lançamento do livro bilíngue de mesmo nome, que reúne 60 poesias de Leminski, selecionadas e traduzidas pelo pesquisador e professor de Letras-Polonês da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Piotr Kilanowski. Paulo Leminski nasceu em Curitiba (PR), em 24 de agosto de 1944. Desde cedo, o autor, dono de uma extensa obra, inventou um jeito próprio de escrever poesia, optando por poemas breves, muitas vezes fazendo trocadilhos ou brincando com ditados populares.
Sua obra exerceu forte influência em todos os movimentos poéticos dos últimos 20 anos.
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Vasco Prado – a escultura em traço
No Santander Cultural, na Rua Sete de Setembro, 1028
Ter a sáb, das 10h às 19h / Dom e feriados, das 13h às 19h
Até 28 de fevereiro

Fica aberta para visitação do público entre os dias 16 de dezembro e 28 de de fevereiro de 2016, no Santander Cultural, em Porto Alegre, a mostra Vasco Prado – a escultura em traço, com 95 obras, a maioria inéditas. Com curadoria de Paulo Amaral, a exposição traz desenhos e grafismos feitos pelo artista gaúcho em um período de 40 anos. O ano de 2014 marcou o centenário de nascimento de Vasco Prado, natural de Uruguaiana. “Incompreensível que não tenha recebido as devidas homenagens pelo que representou na história das artes do Rio Grande do Sul e do Brasil. Conhecido como escultor, sabemos menos de seu desenho, como, por vezes, recusamos aceitar a evidência de que este é a base da representação do pensamento visual”, afirma Paulo Amaral em seu texto curatorial. O artista, morto em 1998, costumava dizer que esculpia durante o dia e desenhava durante a noite. Inspirado em artistas consagrados, Vasco imprimiu ao seu trabalho características próprias, rapidamente reconhecíveis, denunciando a construção de uma identidade artística em cima de uma percepção muito particular. Símbolos e referências de sua infância, como o campo, os cavalos e o Negrinho do Pastoreio, são rapidamente incorporados por traços inspirados em artistas como Marino Marini e Picasso. (Da Culturíssima)

Foto: Nilton Santolin
Foto: Nilton Santolin

Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural
Na Fundação Iberê Camargo, Av. Padre Cacique, 2000
De terça a domingo, das 12h às 19h, até 21 de fevereiro

Obras audiovisuais que exploram e ampliam a linguagem do cinema e do vídeo são o foco da exposição Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural, que acontece na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, de 07 de novembro de 2015 a 21 de fevereiro de 2016. A mostra apresenta um recorte da produção brasileira dos últimos 50 anos. A curadoria de Roberto Moreira S. Cruz traça dois eixos principais: o histórico, que cobre destaques da década de 1970, com obras recuperadas e remasterizadas de artistas como Nelson Leirner, Letícia Parente e Regina Silveira; e o contemporâneo — a nova geração de artistas, incluindo Cao Guimarães, Rivane Neuenschwander, Thiago Rocha Pitta, Eder Santos, entre outros.

Foto: Nilton Santolini, Fundação Iberê Camargo (FIC), Divulgação
Foto: Nilton Santolini, Fundação Iberê Camargo (FIC), Divulgação

Flanando no Paradoxo (Felipe Mollé)
Centro Histórico-Cultural Santa Casa (Independência, 75)
Horário: 9h às 18h (3ª a sábados) / 14h às 18h (domingos e feriados)
Até 26 de fevereiro

Fruto de um inusitado projeto do fotógrafo Felipe Mollé. A partir das provocações recebidas durante as aulas, Felipe resolveu cruzar alguns corredores que normalmente são evitados pelas pessoas. Intrigado com o fato de que em outros lugares – como Buenos Aires, Paris, Viena, Washington -, abrigam cemitérios que estão incluídos nos roteiros turísticos, ele resolveu se aventurar e fotografar o Cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Fundado em 1850, o Cemitério da Santa Casa é o mais antigo em atividade no Rio Grande do Sul . Considerado um museu a céu aberto, o local guarda lembranças, fatos históricos e um vasto patrimônio artístico esculpido em pedra, mármore, bronze e ferro. O fotógrafo então atravessou os portões e andou por suas alamedas, iniciando uma viagem ao passado e registrando diversas figuras históricas ilustres.
cemiterio

Iberê e Seu Ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares
Fundação Iberê Camargo, Av. Padre Cacique, 2000
Das 12h às 19h (de 3ª a domingo) e das 12h às 21h (5ª feiras)
Até 2 de abril

A Fundação Iberê Camargo (Padre Cacique, 2000) recebe, por um ano, a exposição “Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares”, que traz uma visão mais abrangente sobre o artista. Com entrada gratuita, a visitação acontece das 12h às 21h, nas quintas-feiras, e das 12h às 19h de terça a domingo. A mostra tem como tema a poética de Iberê Camargo, o universo mental e material que concretiza a sua obra. As 146 obras em exposição apresentam os três gêneros trabalhados ao longo de sua carreira – a paisagem, a natureza-morta e a figura humana -, demonstrados em um recorte cronológico, que vai do início, ainda nos anos 40, à consolidação nos anos 60 e à culminação dos anos 70 em diante. O objetivo é possibilitar ao público da Fundação Iberê Camargo uma visão abrangente da obra do artista, por meio de uma mostra linear buscando uma visão do todo de sua carreira. A base para a organização da exposição está fundada em três eixos: a poética, isto é, o universo mental e material de concretização da obra, o temperamento do artista, não o do homem, pois prescindiremos da biografia e, finalmente, a execução, isto é, os caminhos trilhados em busca dos resultados.
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