Sul21 recomenda ‘Moonlight — Sob a Luz do Luar’, ‘Mistério da Costa Chanel’ e ‘A Jovem Rainha’

Milton Ribeiro

Fim de semana de Carnaval… É claro que só sobrou (ou soçobrou) o cinema e umas exposições. Mas é esperado e saudável. Três boas estreias: o sério estadunidense Moonlight — Sob a Luz do Luar, o maluquete francês Mistério da Costa Chanel e o histórico finlandês A Jovem Rainha.

Confira outras indicações abaixo. 

Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana!De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.

Cinema – Estreias

Moonlight – Sob a Luz do Luar (****)
(Moonlight), de Barry Jenkins, EUA, 2016, 111 min


Filme sensação do último Festival Internacional de Cinema de Toronto e grande concorrente ao Oscar 2017, Moonlight: Sob a Luz do Luar é uma pérola. Dirigido pelo cineasta norte americano Barry Jenkins, com roteiro baseado na peça In Moonlight Black Boys Look Blue, de Tarell McCraney, o filme fala sobre a vida de um garoto de origem humilde que precisa enfrentar os absurdos feitos pela mãe e acreditar nas suas escolhas num mundo indiferente. Black trilha uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta escapar do caminho fácil da criminalidade e do mundo das drogas de Miami. Encontrando amor em locais surpreendentes, ele sonha com um futuro maravilhoso.

No Espaço Itaú 1, às 14h e 21h
No GNC Moinhos 1, às 16h45
No GNC Moinhos 2, às 14h
No GNC Moinhos 4, às 19h30

Mistério da Costa Chanel (****)
(Ma Loute), de Bruno Dumont, França/Alemanha, 2016, 123 min


Início do século XX, em uma pequena cidade no Pas-de-Calais, norte da França. A família Van Peteghem, formada pelo patriarca André (Fabrice Luchini), a esposa Isabelle (Valeria Bruni Tedeschi) e seus dois filhos, leva uma vida confortável e esnobe em uma enorme casa, até vários turistas desaparecem enquanto relaxam nas belas praias da Channel Coast, nas proximidades. Os infames inspetores Machin e Malfoy — espécie de O Gordo e o Magro — logo concluem que o epicentro destes desaparecimentos misteriosos deve ser Slack Bay, um local único onde o rio Slack e o mar se juntam na maré alta. O filme é burlesco e delicioso. É uma comedia pastelão de sotaque carregado e gestos elaborados. O filme é extremamente colorido e ainda assim é muito negro. Para amar ou odiar.

No Guion Center 1, às 14h
No Guion Center 3, às 20h50

A Jovem Rainha (***)
(The Girl King), de Mika Kaurismäki, Finlândia/Alemanha/Canadá/Suécia/França, 2015, 106 min


O título original é A Garota Rei… Por que não foi mantido? Durante o século 17, a rainha Cristina está determinada a modernizar a Suécia. Criada como um príncipe sob rigorosa educação luterana, a rainha — de grande cultura e pouco manipulável — enfrenta resistências tanto em sua missão modernizadora como em acabar com a sangrenta Guerra dos Trinta Anos, entre protestantes e católicos. Em meio a isso, ela se esforça para entender o amor que sente por sua dama de companhia, a condessa Ebba Sparre. Dividida entre conflitos de aspirações políticas e pessoais, Cristina opta por tomar uma das decisões mais controversas da história.

No Guion Center 1, às 19h05 e 21h
No Guion Center 2, às 14h10

Cinema – Em cartaz

Eu Não Sou Seu Negro (*****)
(I Am Not Your Negro), de Raoul Peck, EUA / França / Bélgica / Suíça, 2016, 95 min


Narrado por Samuel L. Jackson, o documentário constrói uma reflexão sobre como é ser negro nos Estados Unidos. Em 1979, James Baldwin iniciou seu último livro, Remember This House, relatando as vidas e assassinatos dos lideres ativistas que marcaram a história social e politica americana: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr. Baldwin não foi capaz de completar o livro antes de sua morte, e o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor Raoul Peck, que combina esse material com um rico arquivo de imagens dos movimentos Direitos Civis e Black Power, conectando essas lutas históricas por justiça e igualdade com os movimentos atuais que ainda clamam os mesmos direitos. Um filme estarrecedor e necessário.

No Espaço Itaú 3, às 17h
Na Sala Paulo Amorim, às 15h e 19h15

Minha Vida de Abobrinha (****)
(Ma Vie De Courgette), de Claude Barras, Suíça / França, 2015, 66 min


Abobrinha é um apelido intrigante para um menino de 9 anos de idade, e sua história única, apesar de única, é surpreendentemente universal. Após a morte repentina de sua mãe, Abobrinha torna-se amigo do policial Raimundo, que acompanha o garoto até seu lar adotivo repleto de outros órfãos de sua idade. A princípio, Abobrinha luta para encontrar seu lugar nesse ambiente estranho e, por vezes, hostil. Assim, com a ajuda de Raimundo e novos amigos, Abobrinha aprende aos poucos a confiar, encontrar o amor verdadeiro e ao final uma nova família para si.

No Espaço Itaú 2, às 13h30

Um Homem Chamado Ove (***)
(En Man Som Heter Ove), de Hannes Holm, Suécia, 2016, 116 min


Ove é o homem mais rabugento do mundo. Sempre foi assim, mas piorou desde a morte da mulher, que ele adorava. Agora que foi despedido, Ove decide suicidar-se. Mal sabe ele as peripécias em que se vai meter. Um jovem casal recém-chegado destrói-lhe a caixa de correio, o seu amigo mais antigo está prestes a ser internado a contragosto num lar, e um gato vadio apresenta-se e ele. Ove vê-se obrigado a adiar o fim para ajudar a resolver, muito contrariado, uma série de pequenas e grandes crises. O livro é engraçadíssimo, o filme é apenas bom. Mas nos fala de amizades inesperadas e do impacto profundo que podemos ter na vida dos outros. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

No Guion Center 3, às 14h20 e 18h45

Redemoinho (****)
de José Luiz Villamarim, Brasil, 2017, 100 min


Luzimar (Irandhir Santos) e Gildo (Júlio Andrade) são dois grandes amigos de infância, que se reencontram depois muitos anos afastados. Eles cresceram juntos em Cataguases, interior de Minas Gerais. Luzimar nunca saiu de sua cidade e trabalha numa fábrica de tecelagem. Gildo mudou-se para São Paulo onde acredita ter se tornado um homem mais bem sucedido. Na noite de Natal, Luzimar e Gildo se confrontam com o passado e, num intenso mergulho em suas memórias, partem para um arriscado acerto de contas. O filme é baseado no conto Os Amigos, do livro O Mundo Inimigo – Inferno Provisório Vol. II“, de Luiz Ruffato. É um filme altamente poético e onde a imagem toma a posição de protagonista. O filme é perfeito em mostrar as relações entre todos os personagens em razão da elegante conjunção da direção de Villamarim, do visual belíssimo criado pelo diretor de fotografia Walter Carvalho, dos diálogos precisos e da intensa interpretação da dupla central de atores.

No CineBancários, às 15h e 19h
Na Sala Eduardo Hirtz, às 17h30

Toni Erdmann (****)
(Toni Erdmann), de Maren Ade, Alemanha/Áustria, 2016, 162 min


Os jornalistas presentes ao Festival de Cannes elegeram Toni Erdmann como o melhor filme apresentado lá. Jack Nicholson assitiu o filme e imediatamente comprou os direitos para fazer uma refilmagem norte-americana com ele no papel principal. Toni Erdmann, o sujeito que dá nome ao filme, é um sessentão piadista e bom de papo. Ele usa uma dentadura bizarra, um terno gasto e uma peruca nada sutil. Num bar de Bucareste, na Romênia, ele se apresenta a Ines (Sandra Hüller) e amigas dela como um coach a trabalho na cidade. Quando vemos essa cena, já sabemos que Toni, na verdade, é Winfried (Peter Simonischek), professor de música e pai de Ines. A filha trabalha num negócio tipicamente contemporâneo: viaja para vários cantos do mundo demitindo e reorganizando hierarquias de grandes empresas. Ou seja: uma executiva acorrentada ao celular, à rotina de reuniões e sem muito tempo para dar atenção ao pai, que chegou à cidade para uma visitinha surpresa. Maren Ade, a diretora do filme, espertamente escolhe o humor – e o que ele tem de mais constrangedor e honesto – como único elo possível entre os dois. O filme é ótimo. (Com a ajuda do site Metrópoles).

No Espaço Itaú 1, às 18h
No Guion Center 1, às 16h15

Lego Batman – O Filme (***)
(The Lego Batman Movie), de Chris McKay, EUA, 2016, 105 min


Extremamente egocêntrico, Batman leva uma vida solitária como o herói de Gotham City. Apesar disto, ele curte bastante o posto de celebridade e o fato de sempre ser chamado pela polícia quando surge algum problema – que ele, inevitavelmente, resolve. Quando o comissário Gordon se aposenta, quem assume em seu lugar é sua filha Barbara Gordon, que deseja implementar alguns métodos de eficiência de forma que a polícia não seja tão dependente do Batman. O herói, é claro, não gosta da ideia, por mais que sinta uma forte atração por Barbara. Paralelamente, o Coringa elabora um plano contra o Homem-Morcego motivado pelo fato de que ele não o reconhece como seu maior arquinimigo. Meu Deus, o que acontecerá com Batman? Entretenimento de primeira linha.

Cópias 3D Dubladas:
No Cinemark Barra 7, às 13h45 e 16h30
No Cinemark Ipiranga 4, às 14h40 e 20h
Cópias Dubladas:
No Arcoplex Boulevard 2, às 14h30 e 16h40
No Cine Victória 2, às 13h30 e 15h30
No Cineflix Total 3, às 19h10
No Cineflix Total5, às 14h
No Cinespaço Wallig 7, às 16h30
No Cimark Barra 8, às 13h10
No Cinemark Ipiranga 1, às 13h10
No GNC Iguatemi 3, às 14h15 e 16h30
No GNC Praia de Belas 3, às 13h45 e 16h

O Apartamento (*****)
(Forushande), de Asghar Farhadi, Irã/França, 2016, 125 min


Emad (Shahab Hosseini) e Rana (Taraneh Alidoosti) são casados e encenam a montagem da peça teatral “A Morte de um Caixeiro Viajante”, de Arthur Miller. Um dia, eles são surpreendidos com o alerta para que eles e todos os moradores do prédio em que vivem deixem o local imediatamente. O problema é que, devido a uma obra próxima, todo o prédio corre o risco de desabamento. Diante deste problema, Emad e Rana passam a morar, provisoriamente, em um apartamento emprestado. É lá que Rana é surpreendida com a entrada de um estranho no banheiro, justamente quando está tomando banho. Ela acaba no hospital por motivos que não devemos declinar. O trauma do ocorrido que afeta, cada vez mais, suas vidas. “O Apartamento” é de Asghar Farhadi — mesmo diretor de “A Separação” — e é um filme notavelmente bem narrado, desconcertante e de grande tensão. Excelente roteiro e atores.

No Guion Center 3, às 16h30

Eu, Daniel Blake (*****)
(Daniel Blake), de Ken Loach, Reino Unido / França / Bélgica, 2016, 97 min


Após sofrer um ataque cardíaco e ser desaconselhado pelos médicos a retornar ao trabalho, Daniel Blake (DAVE JOHNS), um carpinteiro de meia-idade, busca receber os benefícios concedidos pelo governo a todos que estão nesta situação. Entretanto, ele esbarra na extrema burocracia instalada pelo governo, amplificada pelo fato dele ser um analfabeto digital. Numa de suas várias idas a departamentos governamentais, ele conhece Katie (HAYLEY SQUIRES), uma mãe solteira de duas crianças, que se mudou recentemente para a cidade para escapar de viver numa residência para sem-abrigos em Londres. Sem condições financeiras para se manter, a única hipótese de Katie foi a de aceitar um apartamento numa cidade que ela desconhece, a 300 milhas de distância. Daniel e Katie encontram-se na terra de ninguém, presos na burocracia da Segurança Social… Longa que apresenta um retrato crítico sobre o sistema de bem-estar social inglês “EU, DANIEL BLAKE“, filme do diretor britânico Ken Loach foi o grande vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes/ 2016. Triste, kafkiano, realista e perfeito. Este vai direto para o Top 10 de 2017.

Na Sala Eduardo Hirtz, às 19h30

Manchester à Beira-Mar (****)
(Manchester by the Sea), de Kenneth Lonergan, Estados Unidos, 2016, 137 min


Lee Chandler (Casey Affleck) é forçado a retornar para sua cidade natal com o objetivo de tomar conta de seu sobrinho adolescente após o pai (Kyle Chandler) do rapaz, seu irmão, falecer precocemente. Este retorno ficará ainda mais complicado quando Lee precisar enfrentar as razões que o fizeram ir embora e deixar sua família para trás, anos antes.
                     
No Espaço Itaú 3, às 14h30

Exposições

Czech Press Photo
No MARGS, Praça da Alfândega, s/n° – De terças a domingos, das 10h às 19h
Até 14 de março

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli e a Secretaria de Estado da Cultura têm a honra apresentar a exposição CZECH PRESS PHOTO dia 19 de janeiro, às 18h30min, nas Salas Negras do MARGS. A mostra traz uma retrospectiva das imagens vencedoras de autoria de diversos fotógrafos tchecos e eslovacos, a partir dos vinte anos de existência do concurso CZECH PRESS PHOTO. A exposição que foi apresentada na Europa pode ser visitada em Porto Alegre até 12 de março, com entrada franca. A exposição é feita a partir dos 21 editais do concurso CZECH PRESS PHOTO. São 21 fotos vencedoras e 29 fotos nos tamanhos tamanho 25×16,5 cm, escolhidas a partir dos editais do concurso. Essa seleção de 50 fotografias de diferentes fotógrafos mostra o ambiente e o desenvolvimento da fotografia jornalística, articulando imagens tanto da República Tcheca como de lugares além de suas fronteiras. O concurso Czech Press Photo ocorre anualmente desde 1995. Seu objetivo é oferecer um testemunho visual independente sobre a vida, como os jornalistas profissionais da República Tcheca e Eslovaca a veem em seu país e no mundo. Ao mesmo tempo, existe o esforço de apoiar o jornalismo visual como meio para o conhecimento e o entendimento entre os homens.

Foto de Petr Josek documenta uma das maiores enchentes de Praga, em 1997

Vidas Refugiadas
No Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, Rua da Praia, 1223
De terças a sextas, das 10h às 19h, sábados, das 11h às 18h. Até 4 de março

O tema do refúgio vem sendo abordado em pesquisas acadêmicas e relatórios midiáticos, sempre a partir da perspectiva masculina e raramente com foco na mulher. Por ser minoria, diante das 60 milhões de pessoas deslocadas, a mulher refugiada acaba herdando a invisibilidade já habitualmente experimentada pelas mulheres brasileiras, fazendo com que suas dificuldades sejam menos ouvidas, suas particularidades pouco respeitadas e sua feminilidade completamente ignorada. O resultado desse processo de anulação limita seu acesso a direitos, amplia sua exclusão social, impede sua plena integração e provoca uma perigosa repetição das violações já vivenciadas em seu país de origem.