Milton Ribeiro
Foi uma semana agitadíssima e quente em todos os sentidos, mas ao menos a meteorologia promete um fim de semana ameno e úmido, ideal para o cinema, teatros e exposições.
As três principais estreias nos cinemas não podem ser mais diferentes entre si, tanto em termos de temáticas quanto de procedência. Confiram abaixo.
Todas as semanas, o Sul21 traz indicações de filmes, peças de teatro, exposições e música para seus leitores. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana!
Cinema – Estreias
A Terra e a Sombra (****)
(La Tierra e la Sombra), de César Acevedo, Colômbia, 2015, 97 min
Alfonso volta para casa após 17 anos de ausência, devido à doença que seu filho sofre. A situação tem mobilizado toda a família, com a esposa dele e sua mãe trabalhando na plantação de cana de açúcar para conseguir o sustento financeiro necessário. Mesmo com Gerardo (Edison Raigosa) praticamente trancafiado em casa, já que todas as janelas permanecem sempre fechadas para que não entre poeira, ainda assim ele não apresenta melhora no estado de saúde. Diante da situação, a família busca algum meio de interná-lo.
No CineBancários, às 15h, 17h e 19h
Cemitério do Esplendor (****)
(Rak ti Khon Kaen), de Apichatpong Weerasethakul, Tailândia, 2015, 122 min
Soldados com uma misteriosa doença do sono são transferidos para uma clínica temporária em uma antiga escola. O espaço repleto de memórias se torna um mundo revelador para a dona de casa e voluntária Jenjira enquanto ela cuida de Itt, um soldado que não recebe visitas. Jen torna-se amiga da jovem médium Keng, que usa seus poderes psíquicos para ajudar os parentes a se comunicarem com os homens em coma. Os médicos tentam de tudo para aliviar os sonhos perturbados dos doentes. Jen descobre um enigmático caderno de Itt, cheio de desenhos e escritos estranhos. Meio viajante, mas bem legal.
No Espaço Itaú 3, às 14h e 21h20
Sr. Holmes (***)
(Mr. Holmes), de Bill Condon, EUA, 015, 114 min
1947. O famoso detetive Sherlock Holmes (Ian McKellen) está com 93 anos, aposentado, vivendo em uma casa remota no litoral com sua governanta Mrs. Munro (Laura Linney) e o filho dela, o pequeno Roger (Milo Parker). Lidando com a deterioração da sua mente por causa da idade, ele continua obcecado com um caso que nunca conseguiu decifrar. Sem a companhia do seu fiel escudeiro Dr. Watson, Sherlock tentar desvendar este último mistério. Bruno Carmelo, do AdoroCinema, sublinha que, depois de dezenas de livros, filmes, séries, quadrinhos e tantas outras narrativas estrelados pelo ícone britânico, o diretor Bill Condon decidiu que estava na hora de fornecer outro olhar ao personagem. Baseado no livro A Slight Trick of the Mind, de Mitch Cullin, ele trouxe ao detetive uma história de amor, de amizade e de respeito ao próximo. Em outras palavras, construiu um filme familiar.
No Guion Center 1, às 14h30, 16h25 e 20h35
Cinema – Em cartaz
Nossa Irmã Mais Nova (*****)
(Umimachi Diary), de Hirokazu Koreeda, Japão, 2014, 127 min
Sachi (Haruka Ayase), Yoshino (Masami Nagasawa) e Chika (Kaho) são irmãs e vivem juntas em uma casa que pertence à família há tempos. Apesar de não verem o pai há 15 anos, elas resolvem ir ao seu enterro. Lá conhecem a adolescente Suzu Asano (Suzu Hirose), sua meia-irmã. Logo as três irmãs convidam Suzu para que more com elas. O convite é aceito e, a partir de então, elas passam a conviver juntas e conhecem os pontos sensíveis relacionados ao pai em comum.
No Guion Center 3, às 14h15
Boa Noite, Mamãe (****)
(Ich Seh, Ich Seh), de Veronika Franz e Severin Fiala, Áustria, 2014, 100 min
Uma família vive em uma residência isolada em meio a árvores e plantações de milho. Após dias afastada por conta de cirurgias plásticas, a mãe (Susanne Wuest) volta para casa e não é reconhecida pelos filhos gêmeos. As crianças, de nove anos, duvidam que a mulher de rosto coberto seja realmente sua mãe e a partir de então nada será como antes. Indicado ao oscar, o filme está classificado como de terror.
https://youtu.be/AfojB6rlx2Y
No Cinespaço Wallig 4, às 21h20
No Cinemark Barra 2, às 14h
No GNC Praia de Belas 5, às 17h50
Tudo vai ficar bem (***)
(Every Thing Will Be Fine), de Wim Wenders, Canadá / Suécia / Alemanha /França, 2015, 118 min
Tomas é um escritor de algum sucesso que, num frio dia de Inverno, atropela acidentalmente uma criança. Apesar de não ter tido culpa direta no acidente, aquele momento vai marcar drasticamente a sua vida. Incapaz de lidar com um sentimento de culpa que o persegue, Tomas sente-se cair num abismo. A única válvula de escape para a sua depressão é a criação onde, contra todas as probabilidades, encontra um sucesso inesperado. 12 anos depois do acidente, ele reencontra Christopher, o irmão mais velho da criança atropelada. Estreado no Festival de Cinema de Berlim (fora de competição), é um filme dramático sobre luto e necessidade de redenção realizado pelo grande Wim Wenders. James Franco, Charlotte Gainsbourg e Rachel McAdams são os protagonistas.
No Espaço Itaú 3, às 16h30
No GNC Moinhos 3, 16h30
No Guion Center 3, às 20h20
O Quarto de Jack (****)
(Room), de Lenny Abrahamson, Canadá / Irlanda, 2015, 118 min
O Quarto de Jack conta a história de Jack (Jacob Tremblay), um espirituoso menino de 5 anos que é cuidado por sua mãe Ma (Brie Larson). Como toda boa mãe, Ma se dedica em manter Jack feliz e seguro, cuidando dele com bondade e amor, e fazendo coisas típicas como brincar e contar histórias. Sua vida, entretanto, é tudo menos normal. Eles estão presos, confinados em um espaço de 10 m² sem janelas, o qual Ma chamou de “O Quarto de Jack”. Ma não fará tudo para garantir que, mesmo neste ambiente, Jack seja capaz de viver uma vida completa e satisfatória. Mas, enquanto a curiosidade de Jack sobre a situação em que vivem cresce, Ma ensaia um arriscado plano de escape, o que os leva a ficar cara a cara com o mundo real.
No Espaço Itaú 2, às 13h50, 16h10, 18h40 e 21h
No GNC Moinhos 2 (13h30 e 19h)
A Garota Dinamarquesa (***)
(The Danish Girl), de Tom Hooper, EUA / Reino Unido / Dinamarca, 2015, 120 min
Cinebiografia de Lili Elbe (Eddie Redmayne), que nasceu Einar Mogens Wegener e foi uma das primeiras pessoas a se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo. Em foco o seu relacionamento amoroso com a pintora dinamarquesa Gerda (Alicia Vikander) e sua descoberta como mulher quando sua esposa pede para que ele pose para retratos femininos quando uma modelo falta na década de 20.[11] Sua esposa aceita a cirurgia mas percebe que perdeu a pessoa com quem se casou e Hans Axgil (o ator belga Matthias Schoenaerts), vem formar um triângulo amoroso.
https://youtu.be/XrVMJ6myjTQ
No Espaço Itaú 5, às 13h20
No GNC Moinhos 4, às 14h20, 16h50, 19h20 e 21h50
No Guion Center 3, às 16h30
O Regresso (***)
(The Revenant), de Alejandro González Iñarritu, EUA, 2015, 186 min
Em termos de sofrimento, esse Oscar vai ser imbatível. O tema de O Regresso é baseado em fatos reais. Em 1823, durante uma expedição para um território gelado e inexplorado no oeste norte-americano, o explorador e comerciante de peles Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) é atacado por um urso e deixado para morrer pelos seus companheiros. Glass sobrevive e parte para dentro de território selvagem, durante o inverno, à procura de vingança. Em Portugal, o filme recebeu um título traidor mas bastante bom, O Renascido. O filme é muito bem feito, de violência explícita e visceral. É impossível não ser envolvido pelo drama de Glass. O trabalho de Iñarritu é de absoluto virtuosismo e Leo DiCaprio responde à altura. Entram como favoritos na festa da Academia.
CÓPIAS DUBLADAS:
No Cinespaço Wallig 6, às 18h
CÓPIAS LEGENDADAS:
No Cinespaço Wallig 6, às 21h
No Cinemark Barra 7, às 18h e 21h50
No Cinemark Bourbon Ipiranga 8, às 18h40 e 22h
No Espaço Itaú 5, às 15h30, 18h20 e 21h10
No GNC Iguatemi 6, às 21h30
No GNC Moinhos 2, às 15h50 e 21h20
Carol (***)
(Carol), de Todd Haynes, EUA/Grã-Bretanha, 2015, 118min
Ignorado na lista de indicados a melhor filme para o Oscar, Carol, baseado no livro de Patricia Highsmith, tem agradado público e crítica desde que estreou em Cannes. No festival francês, Rooney Mara arrebatou o prêmio de melhor atriz por sua interpretação de Therese Belivet, uma jovem que trabalha como vendedora em uma loja de bonecas em Nova York dos anos 1950. Certo dia, ela conhece a cliente Carol Aird (Cate Blanchett), que vai comprar um presente para sua filha, e muda sua vida. Therese tem um namorado por quem não se interessa muito, e Carol está no meio de um divórcio espinhoso. Considerado um dos melhores romances do ano, o filme se passa pelos olhos de Therese, que se apaixona por Carol, e tem mérito ao retratar uma história de amor lésbica em uma época em que era preciso enfrentar muito preconceito e resistência por parte da sociedade.
Na Sala Eduardo Hirtz, às 17h15
45 anos (*****)
(45 Years), de Andrew Haigh, Inglaterra, 2015, 95 min
Considerado pelo Sul21 como o melhor filme de 2015. Kate Mercer (Charlotte Rampling) está planejando a festa de comemoração dos 45 anos de casada. Porém, cinco dias antes do evento, o marido (Tom Courtenay) recebe uma carta: o corpo de seu primeiro amor foi encontrado congelado no meio dos Alpes Suíços. A estrutura emocional dele é seriamente abalada e Kate já não sabe se vai ter o que comemorar durante a festa. Os veteranos Rampling (69 anos) e Courtenay (78) levaram os prêmios de melhor atriz e ator do Festival de Berlim deste ano e dão um show à parte. Ingmar Bergman cansou de nos mostrar que dois grandes atores às voltas com um bom texto pode dar resultados de primeira grandeza. É o caso. O jovem cineasta Andrew Haigh demonstra grande talento e delicadeza para captar as nuances de um casal que sai fora do prumo.
Na Sala Norberto Lubisco, às 17h
Spotlight — Segredos Revelados (****)
(Spotlight), de Tom McCarthy, EUA, 2015, 128min
Não é do nosso feitio recomendar filmes que são exibidos em todos os grandes cinemas e apresentam grandes elencos hollywoodianos, mas com a aproximação das premiações, os filmes desse tipo que se destacm no mar dos blockbusters começam a aparecer. E Spotlight é um deles. Em 2001, um escândalo escondido na cidade de Boston começa a ser investigado por uma equipe de jornalistas. Baseado em fatos reais, Spotlight conta a história dos repórteres que denunciaram o grande número de abuso de menores praticado por sacerdotes, com conivência da Igreja Católica e ocultados pelo sistema judiciário da cidade. O filme funciona como uma espécie de ode ao jornalismo, acompanhando os repórteres interpretados por Mark Ruffalo, Rachel McAdams, Michael Keaton, entre outros.
https://youtu.be/I7TYGRwZbE4
No Cinemark Barra 5, às 22h
No Espaço Itaú 7, às 21h30
No GNC Moinhos 3, às 14h e 19h10
Exposições e Artes Plásticas
O Mundo é Minha Pátria: a Migração Haitiana e Senegalesa no Brasil
Na Usina do Gasômetro, Av. Presidente João Goulart, 551
Até 17 de abril. De terça a sexta, das 9h às 21h; sábado e domingo das 10h às 21h
Em 20 de março, comemora-se mundialmente o Dia Internacional da Francofonia. Para marcar esta data, a exposição O Mundo é Minha Pátria: a Migração Haitiana e Senegalesa no Brasil propõe um olhar diferente sobre a realidade do Rio Grande do Sul que, nos últimos anos, recebeu muitos haitianos e senegaleses que tentam se integrar à realidade brasileira. Os fotógrafos Diego Vara, Mateus Bruxele Tadeu Vilani, do jornal Zero Hora de Porto Alegre, acompanharam de perto desde 2014 o dia a dia e os desafios desses migrantes que vieram ao Brasil na busca por um futuro. A exposição é uma realização conjunta da Aliança Francesa de Porto Alegre, Consulado Geral da França no Brasil, Sistema Fecomércio RS/Sesc e Prefeitura de Porto Alegre, através da cooperação da Coordenação de Artes Plásticas e da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal da Cultura. O resultado desse trabalho fotográfico, composto por 40 imagens coloridas e em preto e branco, dá espaço para a discussão das políticas migratórias em terras brasileiras, que recebem homens e mulheres que buscam uma colocação no mercado de trabalho, seja na construção civil, em frigoríficos, atuando em serviços gerais, postos de gasolina ou restaurantes. Hoje, existem mais de 50 mil haitianos em território brasileiro, principalmente nos estados do sul. A imigração senegalesa é mais recente, mas os objetivos dos migrantes são os mesmos: encontrar um emprego no Brasil e poder enviar dinheiro para casa. “A língua francesa ressoa hoje com novos sotaques no sul do Brasil, colorida pelo crioulo haitiano ou pelo wolof, a outra língua oficial do Senegal. O objetivo desta exposição é mostrar a diversidade dos mundos francófonos, mas, também, mostrar os obstáculos enfrentados diariamente por homens e mulheres que buscam uma vida melhor”, ressalta o diretor geral da Aliança Francesa de Porto Alegre, Patrice Pauc.
Grande Desejo – Dinorá Bohrer Silva encontra Adélia Prado
Sala O Arquipélago do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo
De terças a sextas, das 10h às 19h; sábados das 11h às 18h
Até 2/4
A sala O Arquipélago, do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (CCCEV), recebe, a partir desta segunda-feira (29), às 19h, a exposição Grande Desejo – Dinorá Bohrer Silva encontra Adélia Prado. Com curadoria artística de Paula Ramos e coordenação de Maria Rita Webster, a mostra traz obras de tapeçarias de recorte desenvolvidas nos últimos 15 anos, a partir da relação da artista gaúcha Dinorá Bohrer Silva com a obra poética da mineira Adélia Prado.
As peças, sem moldura e expostas nas paredes do espaço, têm dimensões diferentes, em sua maioria com mais de um metro. Os trabalhos são delicados: a técnica consiste em base de tecido, sobre a qual se monta, com retalhos de tecido das mais diversas texturas (desde algodão até organzas e rendas), uma composição de formas que vão presas à mão com pontos de bordado. “São obras que fui produzindo de 2000 até agora. A poesia é que me chamou para a imagem que trabalhei. Foram textos que me bateram de uma forma mais contundente que outros”, conta Dinorá. O catálogo da exposição reproduz 15 das 16 obras expostas, com os poemas que as motivaram. As fotografias são de André Cavalheiro, e os textos são assinados pelo jornalista e humorista Fraga, acerca da tapeçaria de recorte, e pelas professoras-pesquisadoras do Instituto de Artes da UFRGS Paula Ramos, que escreve sobre o encontro entre Dinorá Bohrer Silva e Adélia Prado, e Joana Bosak, sobre a trajetória e obra poética dessa última. O Centro Cultural CEEE Erico Verissimo fica na Rua dos Andradas, 1223, Centro Histórico de Porto Alegre.
Sergio Camargo: Luz e Matéria
Fundação Iberê Camargo
De terça a domingo (inclusive feriados), das 12h às 19h (último acesso às 18h30)
Até 12 de junho
A Fundação Iberê Camargo e o Itaú Cultural firmaram uma parceria para trazer ao público mais uma exposição de grande relevância no cenário artístico nacional. Dia 3 de março, a instituição em Porto Alegre inaugura a mostra Sergio Camargo: Luz e Matéria com trabalhos de um dos mais importantes nomes das artes visuais do século XX no Brasil. Com curadoria de Paulo Sergio Duarte e Cauê Alves, a mostra reúne, até 12 de junho, mais de 60 obras de colecionadores privados e do espólio do artista. A exposição é um novo recorte da versão exibida no Itaú Cultural em São Paulo, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016, e Porto Alegre é a primeira cidade a recebê-la, após seu encerramento na Capital paulista. Na Fundação, a exposição ocupa dois andares com trabalhos de grande formato e em menor dimensão Sergio Camargo; torres e relevos em formas que jogam com a luz e a sombra, esculpidos em mármore carrara branco ou negro belga, datadas entre as décadas de 1960 e 1980. O conjunto faz uma síntese das sucessivas experiências de Sergio Camargo (1930-1990).
Linhas: Imagens de Mathias Cramer
Bistrô do Margs, Praça da Alfândega, s/n
De segunda a sexta-feira, das 11 às 21h; sábados, domingos e feriados, das 11 às 19h.
Até 30 de abril
Mathias Cramer é jornalista e fotógrafo com graduação em Jornalismo pela Ufrgs e atua profissionalmente desde 1980, fazendo serviços para empresas e clientes, em reportagens, eventos, documentários e ensaios fotográficos. Sua trajetória conta com experiência no processamento e tratamento de imagem digital e no atendimento e suporte a assessorias de comunicação social, imprensa, marketing, relações públicas e recursos humanos. A sequência de imagens é resultado da produção fotográfica do autor, paralela ao trabalho comercial, ao longo de sua carreira.
Acervo BRDE — Mostra de Artes Plásticas
No Margs, Praça da Alfândega, s/n°
De terças a domingos, das 10h às 19h, com entrada franca
Até o dia 23 de março
O evento integra a programação comemorativa aos 55 anos de fundação do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE. Trata-se de uma coleção de 25 obras que fazem parte do patrimônio do banco, reunidas ao longo de mais de meio século. As pinturas, gravuras, aquarelas e esculturas que por muitos anos foram de conhecimento restrito dos que circulam pelas salas e gabinetes do escritório central do BRDE, localizado em Porto Alegre, carregam, além do aspecto decorativo, o olhar e a memória de artistas nascidos no Rio Grande do Sul ou aqui radicados. Em sua maioria, são autores que consolidaram suas trajetórias artísticas nas décadas de 1950 a 1990. Dentre eles, destacam-se os mestres Ado Malagoli, Vasco Prado, Iberê Camargo, Danúbio Gonçalves e Plínio Bernhardt. Da geração dos anos 60 e 70, figuram Waldeny Elias, Carlos Tenius, Regina Silveira, Soriano e Eduardo Cruz. No grupo dos anos 80 em diante estão Ronaldo Kiel, Arlete Santarosa e Frantz, entre outros. Nesta coleção predominam obras figurativas com ênfase na temática regional: tipos gauchescos, paisagens campeiras e urbanas, referências míticas, detalhes arquitetônicos, traços do real e do imaginário. A busca identitária é um traço marcante do Acervo BRDE, instituição financeira pública cuja missão é promover o desenvolvimento econômico e socioambiental nos três estados da Região Sul.
Organicidade: o percurso de Esther Bianco entre a pintura e a gravura
No Margs, Praça da Alfândega, s/n°
De terças a domingos, das 10h às 19h
Até 23 de março
A exposição Organicidade apresenta uma visão do percurso da artista gaúcha Esther Bianco entre a pintura e a gravura ao longo dos últimos quarenta anos. Na primeira porção da mostra acompanhamos um amplo conjunto de pinturas produzidas em período mais recente – anos 2000 – no qual a artista vem explorando o imaginário poético suscitado por uma mesma fonte geradora: a noção de rede. Cidades, mapas, trajetos, o movimento dos corpos, células e tecidos, circuitos de informação, campos do conhecimento, a observação de plantas, famílias, constelações, galáxias. Tudo rede, sistema, tecido, vida: trama e urdidura. A percepção da realidade biológica, social, cultural e cósmica como uma sobreposição de complexos sistemas entrelaçados e interdependentes é o princípio de ativação do plano pictórico, aqui. Em sua lógica intrincada, as redes de Esther se sustentam no cruzamento incansável de linhas e manchas, continuidades e rupturas. São estruturas que se organizam entre o estático e o dinâmico, o orgânico e o arquitetônico, a luz e a escuridão, a forma e o informe, caos e ordem, em uma profusão de jogos e tensões entre polaridades abertas. Na segunda sala, encontramos uma pequena amostra da abundante produção pictórica de Esther Bianco dos anos 80 e 90. Animais e plantas em suas metamorfoses inconscientes, o masculino e o feminino, seus encontros e desencontros, personagens da literatura gaúcha, como os anjos de Mário Quintana, são alguns dos temas com que se ocupou neste período. Em sintonia com as características históricas desta geração em nosso meio, neste período a artista se dedica à pinturas de grande formato onde a figuração e a transfiguração são exploradas no limite de uma certa abstração. São corpos que ora se afirmam claramente e ora se diluem em grandes zonas de manchas eloquentes, igualmente protagonistas. Finalizando este percurso, a última sala apresenta um conjunto inédito de gravuras em metal, linguagem a qual Esther vem se dedicando de forma ininterrupta desde os anos 80, em paralelo a sua produção em pintura. A seleção para esta sala buscou traçar uma breve retrospectiva, cotejando a cronologia com núcleos temáticos e estruturais que irão se desdobrar ao longo dos anos, ora acompanhando sua produção em pintura, ora como tema exclusivo de sua produção gráfica, como é o caso da série dedicada às águas. Neste núcleo de gravuras é possível identificar claramente a importância de algumas linhas formadoras do pensamento da artista: a observação e narrativa de natureza social, as pequenas anotações sobre o cotidiano, a figuração de natureza expressionista, os ecos distantes de uma abstração geométrica traduzida em uma organicidade intuitiva.
Iberê e Seu Ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares
Fundação Iberê Camargo, Av. Padre Cacique, 2000
Das 12h às 19h (de 3ª a domingo) e das 12h às 21h (5ª feiras)
Até 2 de abril
A Fundação Iberê Camargo (Padre Cacique, 2000) recebe, por um ano, a exposição “Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares”, que traz uma visão mais abrangente sobre o artista. Com entrada gratuita, a visitação acontece das 12h às 21h, nas quintas-feiras, e das 12h às 19h de terça a domingo. A mostra tem como tema a poética de Iberê Camargo, o universo mental e material que concretiza a sua obra. As 146 obras em exposição apresentam os três gêneros trabalhados ao longo de sua carreira – a paisagem, a natureza-morta e a figura humana -, demonstrados em um recorte cronológico, que vai do início, ainda nos anos 40, à consolidação nos anos 60 e à culminação dos anos 70 em diante. O objetivo é possibilitar ao público da Fundação Iberê Camargo uma visão abrangente da obra do artista, por meio de uma mostra linear buscando uma visão do todo de sua carreira. A base para a organização da exposição está fundada em três eixos: a poética, isto é, o universo mental e material de concretização da obra, o temperamento do artista, não o do homem, pois prescindiremos da biografia e, finalmente, a execução, isto é, os caminhos trilhados em busca dos resultados.
Música
Acordes para Pessoa
No Auditório Luís Cosme – 4º andar CCMQ (Andradas, 736)
18 de março de 2016, às 19h
A Discoteca Pública Natho Henn, situada na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), abre o Projeto Acalanto 2016 no dia 18 (sexta-feira), às 19h, no Auditório Luís Cosme, com o show “Acordes para Pessoa”. O espetáculo poético-musical, integrante do projeto “A poesia Jogada num Canto” foi produzido por Catullo Fernandes. A entrada é gratuita. O trabalho consta de poemas do genial poeta português Fernando Pessoa (1888-1935) musicados pelo poeta Álvaro Santestevan. O músico, ao violão, apresenta-se acompanhado pela cantora Luana Fernandes, num dueto que encanta pela sonoridade e versatilidade dos temas. No repertório, “Autopsicografia”, “Análise”, “Isto”, “Há um Poeta em Mim que Deus me Disse”, “Mar Português”, “Fúrias nas Trevas o Vento”, “Entre o Sono e o Sonho” e “Abdicação”.
Ospa — Série UFRGS
Salão de Atos da UFRGS — Av. Paulo Gama, 110
Dia 22 de março, terça-feira, às 20h30
No seu primeiro concerto do ano na Universidade, a Ospa recebe Josep Vicent, maestro e diretor da “The World Orchestra”. Sob sua regência, os músicos interpretam peças contemporâneas e seleção de balé. O trombonista José Milton Vieira, solista da noite, executará os solos de uma versão inédita de obra de Enrique Crespo. A apresentação inicia em alta velocidade, com “Short Ride in a Fast Machine”, obra de 1986 escrita por Adams que a Ospa toca pela primeira vez. O compositor norte-americano, cuja produção tem fortes raízes no minimalismo, afirmou certa vez que objetivo da peça é refletir a euforia de estar em um carro acelerado. Na sequência, a orquestra executa “Concerto para trombone em F”, de Crespo. A obra contempla elementos da milonga e da jota (dança espanhola). Estreada em 2015, ela teve um trecho incluído ao longo do último ano – a nova versão terá sua estreia mundial realizada pela Ospa nesta noite. Como homenagem aos 400 anos da morte de William Shakespeare, lembrados em 2016, o programa encerra com a música do balé “Romeu e Julieta”, de Prokofiev. Encomendada pelo Teatro Bolshoi em 1935, a obra foi transformada em suítes para concerto pelo compositor.
Teatro
Santo Qorpo ou O Louco da Província”
Na Sala Qorpo Santo — Av. Paulo Gama s/n – Campus Central UFRGS, ao lado do Cinema Universitário
De segunda a quinta, dias 21, 22, 23 e 24 de março de 2016, sempre às 20h
De 21 a 24 de março, acontecem as apresentações da segunda semana da temporada do espetáculo “Santo Qorpo ou O Louco da Província” na Sala Qorpo Santo (Av. Paulo Gama s/n – Campus Central UFRGS, ao lado do Cinema Universitário). Dirigido por Inês Marocco e estrelado por integrantes do grupo Santo Qoletivo, o espetáculo “Santo Qorpo ou O Louco da Província” é livremente inspirado no livro “Cães da Província” de Luís Antônio de Assis Brasil e nas obras de Qorpo Santo, entre elas a “Ensiqlopédia ou seis mezes de huma enfermidade”, e narra fatos da vida do escritor. A entrada para todas as apresentações é franca.
O Lugar Escuro
No Teatro do Goethe-Institut, Rua Vinte e Quatro de Outubro, 112
De 11 de março a 3 de abril de 2016, sextas e sábados às 21h e domingos às 18h
A partir de sua obra literária de mesmo nome, Heloisa Seixas faz uma adaptação para o teatro de O Lugar Escuro e reúne três gerações de mulheres da mesma família que se deparam com o Mal de Alzheimer, do qual sofre a figura mais velha. As três passam a lidar com a doença ao acompanhar o cotidiano da avó que passa a sofrer com as mudanças de personalidade, temperamento e mexe com a vida de todas. Com a direção de Luciano Alabarse, um dos mais importantes diretores gaúchos, as três atrizes: Sandra Dani (avó), Vika Schabbach (mãe) e Gabriela Poester (neta) brilham em interpretações emocionantes e atingem as diversas camadas desse universo feminino redescobrindo uma nova forma de conviver.
Deixe um comentário