Uma parceria entre a Secretaria Municipal da Cultura (SMC) e Caixa Econômica Federal irá promover curso de formação teatral para a comunidade do bairro Restinga. A Companhia de Teatro Integra Restinga é uma das ações do projeto Mais Restinga que irá oferecer formação e profissionalização de crianças, jovens e adultos moradores e trabalhadores do bairro. As inscrições gratuitas poderão ser realizadas na segunda-feira, 10 de fevereiro, das 9h as 18h, na Estação Cidadania Restinga (rua Arno Horn, 221). Início das aulas será no dia 17 de março.
Companhia de Teatro Integra Restinga – a Coordenação de Artes Cênicas da SMC propôs a criação da Companhia com o objetivo de dar oportunidade para diversos talentos da Restinga e fornecer uma formação completa em teatro. O programa terá como sede a Estação Cidadania, novo espaço cultural, esportivo e de assistência social da Prefeitura de Porto Alegre. Inaugurado em agosto de 2019, o Estação Cidadania Restinga já atendeu 10.240 pessoas. A obra foi realizada pela prefeitura, com execução das secretarias de Desenvolvimento Social e Esporte (SMDSE) , da Cultura (SMC) e de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim), por meio de convênio com o Ministério da Cidadania, com um investimento total de R$ 2,02 milhões, e beneficia cerca de 50 mil pessoas do bairro e das imediações.
Ao longo de 2020, 40 alunos terão aulas semanais com cinco profissionais de artes cênicas com ampla experiência em formação e atuação no mercado de trabalho: Rita Spier, Janaina Pelizzon, Thiago Pirajira, Bathista Freire e Vika Schabbach. As disciplinas ministradas são: atuação, direção, dramaturgia, iluminação e elétrica, cenografia e cenotécnica, figurinos e produção cultural. Durante as aulas, os professores também irão apresentar informações sobre outras áreas criativas e, principalmente, questões teóricas sobre a história da arte, com o objetivo de contextualizar os processos criativos e de construção dos trabalhos que serão desenvolvidos ao longo do ano.
O curso – os alunos terão a oportunidade de aprender a se organizar, tanto na área de criação, como na de formação, atuando como integrantes de uma companhia de teatro. Serão preparados para continuar com apresentações do espetáculo criado no curso e para produzir novos trabalhos, bem como desenvolver novos projetos. “Os talentos já existem, a força criativa também. Na maioria das vezes o que falta é a oportunidade de acesso a técnica do teatro e principalmente a noção de pertencimento a certos espaços, a noção de que uma vida profissional nesse ramo é possível para elas também”, ressalta Fernando Zugno, coordenador de Artes Cênicas da SMC e idealizador do projeto.
Em um primeiro momento, os alunos receberão um panorama geral sobre todas essas áreas do fazer teatral para, em seguida, serem divididos em grupos conforme suas vocações e necessidades e ficarão responsáveis por cada uma das áreas criativas dessa companhia. Ao longo do ano, os alunos serão responsáveis por fazer apresentações e participações em eventos da sua comunidade para que, no final do outubro, estejam preparados para fazer uma grande apresentação final de uma obra artística totalmente produzida por eles, desde a concepção, até a confecção dos materiais e atuação, iluminação e gestão da verba de produção.
“O projeto vem a servir como uma plataforma de oportunidade os participantes. Sabemos que a periferia é um manancial de potencialidades criativas, porém muitas vezes não valorizadas pelo mercado de trabalho localizado nas regiões centrais da cidade. A troca entre profissionais do centro e a comunidade pode vir a abrir portas para que as e os jovens possam desenvolver aquilo que já realizam nas comunidades, agora tutelado, chancelado pelo espaço institucional”, salienta Thiago Pirajira, um dos professores do curso.
A professora Vika Schabbach acrescenta: “A importância do projeto está em prever e instigar a autonomia dos participantes para que eles possam, após a experiência, seguir gerindo, criando e produzindo espetáculos, performances, leituras dramáticas e intervenções artísticas, bem como se engajar nas demandas da própria comunidade como nos projetos dos pontos de cultura, da escola de samba da Restinga e demais equipamentos e instituições que, em rede, estão desde agora abraçando e compondo o projeto coletivamente.”
Os encontros ocorrerão em horário extracurricular, no turno da tarde, com carga horária de 4h semanais para moradores da Restinga, a partir de 12 anos. O curso terá duração total de180h somado aos horários de ensaio e reuniões de produção do espetáculo de final de curso.
Disciplinas oferecidas
Oficina de atuação – professora Janaina Pelizzon
Estudos e conceitos teórico-práticos focados em atuação, interpretação teatral, improvisação teatral, técnicas corporais, expressão vocal.
Oficina de direção e dramaturgia – professor Thiago Pirajira
Estudos e conceitos teórico-práticos a partir de princípios, métodos e técnicas em direção teatral. Pensar sobre a concepção do espetáculo. Desenvolvimento de dramaturgias coletivas dos alunos no meio social que habitam.
Oficina de iluminação e elétrica – professor Bathista Freire
Noções básicas de iluminação cênica, percepção de luz, elétrica básica e equipamentos.
Oficina de cenografia, cenotécnica, figurino e costura – professora Rita Spier
Estudo teórico-práticos sobre o espaço cênico, elementos e objetos cenográficos; Estudos sobre figurinos, composição de roupas, acessórios, elementos cênicos, criação e costuras para figurinos dos personagens.
Oficina de produção cultural – professor: Vika Schabbach
Estudos sobre produção cultural, conhecimentos sobre leis de incentivo cultural e produção da montagem de um espetáculo de teatro.
As apresentações serão no final de outubro no teatro da Estação Cidadania e no Teatro Renascença no Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues. As datas serão definidas conforme o andamento das aulas.
Ao final do curso os alunos receberão um certificado oficial com a assinatura da Caixa Econômica Federal e da Coordenação de Artes Cênicas.
Projeto Mais Restinga – é uma proposta de trabalho social inovadora, construída em parceria entre a CAIXA e a Prefeitura de Porto Alegre. O projeto promove atividades inclusivas, culturais, educativas, esportivas e recreativas, que devem beneficiar mais de 1000 pessoas na região. A iniciativa aplica recursos do trabalho social do Programa Minha Casa Minha Vida em uma abordagem territorial, utilizando espaços públicos para a realização das atividades, concentradas em dois polos o Centro Cultural Multimeios e a Estação Cidadania.
Iniciou em janeiro de 2020 com uma Colônia de Férias para crianças e jovens de 5 a 17 anos. Em fevereiro começam as aulas de tênis de mesa, nos mesmos locais, uma proposta esportiva que tem por objetivo despertar o interesse pelo o esporte para além da competitividade, desenvolvendo uma atitude cooperativa e visão de trabalho em equipe. A partir de março estão previstas ações que incluem um núcleo de animação, gravação musical, incubadora de dança, curso de fotografia, grafite, capoeira, além do teatro. Estão previstas, ainda, ações de empreendedorismo e educação ambiental.
As 12 ações previstas para acontecer ao longo do ano de 2020, foram escolhidas levando em conta sua aderência às características do bairro e população, bem como o potencial para multiplicar resultados de forma que cada ação possa ter reflexos ampliados na comunidade. É o caso da Companhia de Teatro Integra Restinga , que vai além da formação, mas possibilitará a reflexão sobre temas e realidades da comunidade para construir espetáculos que reflitam a cultura local, incentivando a integração, o sentimento de pertencimento e reforçando a autoestima dos moradores. O projeto trabalha também a capacitação para geração de renda, além de questões socioambientais e de organização comunitária.
Currículos professores
Janaína Pelizzon
Formada em Bacharel em Teatro – Habilitação Interpretação Teatral pela UFRGS.
Recentemente atuou nos espetáculos: “A Comédia dos Erros”,“Mritak”,“A Extraordinária Aventura de Miranda e Léo Lorival-Esta peça Contém um Dragão”, todas da Cia de Teatro di Stravaganza onde produz e atua a mais de 14 anos.
Projeto GOMPA, “Inimigos na Casa de Bonecas” é um dos 5 vencedores do prêmio International Ibsen Scholarship 2017, promovido bianualmente na Noruega para incentivar montagens inspiradas em Henrik Ibsen (1828-1906).
No cinema, entre outros filmes, atuou em “A Colmeia” de Gilson Vargas que levou o prêmio de melhor longa metragem no Festival de Cinema de Zaragoza- Espanha 2019).
Ministra oficinas de teatro para todas as idades desde o ano de 1999 totalizando mais de 1000 horas/aula.
Thiago Pirajira
Ator, diretor, produtor e professor de teatro. Bacharel em Interpretação Teatral – UFRGS, Mestre em Educação (UFRGS) e doutorando em Artes Cênicas (UFRGS). É diretor artístico do Grupo de Teatro Pretagô. É ator e produtor do grupo de teatro Usina do Trabalho do Ator (UTA). É um dos membros fundadores do coletivo teatral carnavalesco Bloco da Laje . Foi professor de Teatro na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), em São Leopoldo (2010-2013). Foi professor no curso de Assistência de Produção Cultural no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) em Porto Alegre (2014). Fez parte das equipes de produção dos Festivais Porto Alegre em Cena e Palco Giratório Sesc-RS. Presta serviços de curadoria em artes e assessoria pedagógica em práticas de formação e produção artísticas que tangenciam o Ensino Relações Étnico-Raciais (ERER) e a Educação Antirracista.
Rita Spier
Atriz, manipuladora e oficineira. Graduanda de Teatro Licenciatura pelo Departamento de Arte Dramática da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Trabalha com a linguagem do teatro de animação desde 2006, atuando e confeccionando bonecos, silhuetas de teatro de sombras e figurinos, destacando: Em 2015 confeccionou bonecos para o espetáculo “A Feira de Maravilhas do Fantástico Barão de Münchausen”, com direção de Miguel Vellinho, da Cia PeQuod (RJ). No mesmo ano passou a integrar o Coletivo Eu Amo a Rua (RJ), com o qual ministrou duas oficinas de confecção de caixas de teatro de lambe-lambe, integrando o projeto “O Rio de João”, na qual os participantes confeccionaram 9 caixas de teatro. Em 2018 fez a oficina “O Corpo Habitat” de confecção de bonecos híbridos com Bruno Dante (RJ). Ganhou o Prêmio CBTIJ de Teatro para Crianças de 2017 na categoria Trabalho de Formas Animadas pela confecção dos bonecos e adereços cênicos do espetáculo “Casa Caramujo” com direção de Gustavo Paso (RJ). Confeccionou e manipulou bonecos/marotes para o programa “Tá No Ar: a tv na tv”, destacando a turma do “Village Sésamo People”. Ainda na televisão, para a novela “Pega-Pega” (2017), manipulou a canguru Flor e demais bonecos até o final da produção. Ganhou o Prêmio Tibicuera 2018 de Melhor Cenografia da peça “Expedição Monstro”, Cia Indeterminada (RS). Em 2019 confeccionou os bonecos do espetáculo “2068”, do grupo MáscaraEncena (RS).
Vika Schabbach
Atriz, produtora, diretora, professora e dramaturga formada em Interpretação Teatral, Licenciatura em Teatro, Mestre e doutoranda em artes cênicas. (UFRGS). Atualmente é docente no curso de Produção Cênica da Faculdade Monteiro Lobato e no curso de especialização em Artes Cênicas na Faculdade Censupeg. Foi professora do Colégio Farroupilha; estagiária no Colégio de Aplicação/UFRGS; e Colégio José Cesar de Mesquita. Ministrou aulas na Krapok Escola de Artes, no Espaço Cuidado que Mancha e atuou no Centro de Convivência Ilê Mulher, dando aulas de teatro para a população adulta em situação de rua. Em sua trajetória como atriz e diretora trabalhou com grupos e diretores como Luciano Alabarse, Roberto Oliveira, Néstor Monastério, Mirna Spritzer, Grupo Depósito de Teatro e Grupo Cuidado que Mancha; dirigiu leituras dramáticas sobre obra de Tchékov e Virginia Woolf, e o espetáculo A Fantástica Fábrica de Natal, no Natal Luz de Gramado. Foi produtora na Secretaria de Estado da Cultura e esteve à frente da coordenação de produção do Festival Porto Alegre em Cena. Como dramaturga, é integrante do coletivo As DramaturgA e tem uma obra publicada pela Edipucrs, o texto Virginias.
Bathista Freire
Iluminador iniciou sua formação em uma empresa de iluminação, acompanhou profissionais de renome, estagiou no Theatro São Pedro, integrou a equipe técnica de varias edições dos festivais: Teatro de Bonecos de Canela e Porto Alegre Emcena.
Realizou projeto técnico para a construção do teatro do Colégio Mauá, em Santa Cruz do Sul e do Teatro Terezinha Petry na Fundarte em Montenegro. Acompanhou o Tangos & Tragédias durante 12 anos, com quem esteve em Espanha e Portugal. Com a Cia Caixa do Elefante participou de festivais na França, Espanha e Argentina. Foi contemplado com dois prêmios Açorianos de teatro adulto e quatro prêmios Tibicuera de teatro infantil. Participou como palestrante no primeiro encontro nacional de iluminadores.
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