Nesta quarta-feira, dia 12 de dezembro, às 20h, acontece o lançamento da 18a. Edição da Cavalo Louco – Revista de Teatro da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, na Sala Álvaro Moreira (Centro Municipal de Cultura). Na ocasião será apresentado o ensaio musical “Violeta Parra Uma Atuadora” com Tânia Farias e Mário Falcão. Toda a programação tem entrada franca. A revista tem distribuição gratuita e o lançamento faz parte de “Uma Celebração de 40 anos de Utopia, Paixão e Resistência”, que conta com o patrocínio da Fruki através da Lei de Incentivo à Cultura do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, e do apoio do Porto Alegre em Cena da Secretaria da Cultura/POA.
Fundamentado nos princípios de solidariedade, autogestão e anarquismo o Ói Nóis Aqui Traveiz surgiu de forma avassaladora em 1978. Viviam-se ainda os anos de intolerância e repressão policial da ditadura civil-militar que se instalara no Brasil em abril de 1964. O grupo nascia com a ideia de um teatro concebido fora dos padrões convencionais. Estruturado como coletivo autônomo o Ói Nóis Aqui Traveiz começou a desenvolver a sua expressão a partir da criação coletiva, do contato direto entre atores e espectadores e do uso do corpo em oposição ao primado da palavra. A atualidade dos atuadores está em sua constante investigação artística, que alia o trabalho formal com a reflexão social. Nesse grave momento que o nosso país vive, no qual novamente a sombra do fascismo paira sobre os brasileiros, o Ói Nóis Aqui Traveiz reafirma as suas ideias e práticas coletivas.
Cavalo Louco – Revista de Teatro
Esta edição especial celebra os quarenta anos da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. A Revista que nasceu como semestral em 2006 e nos últimos anos passou a ser anual, devido às dificuldades crescentes que o grupo vem enfrentadno, assim como todos os grupos de teatro do Brasil, mas para a Tribo manter esta publicação viva é mais uma forma de resistir a esta onda conservadora e reafirmar o pensamento crítico na luta pela democratização do teatro.
O número traz uma reflexão sobre a trajetória de quarenta anos através de olhares diversos colaboradores. A seção Especial traz o ensaio O teatro épico-ritual da trupe de atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz de Alexandre Villibor Flory que analisa dialeticamente a fusão que a Tribo realiza entre o teatro político de Brecht e o teatro ritual de origem artaudiana. Valmir Santos na seção Crítica se debruça sobre a encenação “Caliban – A Tempestade de Augusto Boal”. No artigo Ói Nóis Aqui Traveiz: sobre Pedras, Manifestos e Antropofagia, Sidnei Cruz, a partir do Manifesto de criação do grupo, faz apontamentos da história do pensamento anarquista na política e na arte. A Revista trás ainda o olhar de Fábio Prikladnicki sobre o processo de trabalho do atuador, a história das públicações editadas pelo Ói Nóis em texto de Edélcio Mostaço e um estudo de Luana Garcia sobre Caliban com ênfase na dramaturgia. A atuadora Marta Haas, por meio do pensamento de teóricos contemporâneos, reflete sobre o teatro de vivência e o teatro da crueldade de Artaud, e o atuador Pascal Berten nos conta sobre a última edição do Festival de Teatro Popular: Jogos de Aprendizagem e a sua importância para a nossa cidade. E na última página uma poesia sobre a paixão pelo teatro e pelo coletivo da Tribo da atuadora Tânia Farias.
Violeta Parra Uma Atuadora
Quem teve contato com a obra de Mercedes Sosa, uma das mais importantes vozes do mundo, deve ter escutado algum dia a canção Gracias a la vida, que a cantora gravou em 1971, no LP Homenaje a Violeta Parra e que virou hino da América Latina. Tânia Farias, premiada atriz e recente cantora – que é fã de Violeta -, resolveu montar um espetáculo para “trazê-la” para nós. Tânia, que canta com voz de quem ama Violeta, convidou Mário Falcão para participar como músico nessa empreitada, na verdade um incrível desafio. Mário tratou de aprender as canções e a decodificá-las ao seu jeito de tocar guitarra. Amante da MPB, acabou por fazer uma mistura (ou costura) entre o andino e o popular brasileiro. E é com esse viés mestiço que estão “vestindo” as pérolas do cancioneiro desse ícone da arte da América do Sul.
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