Da Redação
Dentre os lançamentos desta semana, destacamos dois: The Post: A Guerra Secreta e Eles Só Usam Black Tie. O primeiro, de Steven Spielberg, aborda a rotina do jornal The Post e também do seu principal concorrente, o The New York Times. O segundo, gravado na África, trata de dois jovens que, após o suicídio de uma amiga, atravessaram os subúrbios do norte de Joanesburgo em busca de respostas, drogas, distração e salvação. Além das estreias, outros grandes filmes seguem em cartaz nos cinemas de Porto Alegre e região.
Tradicional no Verão, está transcorrendo o 19º Porto Verão Alegre. A programação é variada, com peças que abordam diversos assuntos.
Abaixo, maiores detalhes de tudo isso e muito mais.
Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana! De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.
Cinema – Estreias
The Post: A Guerra Secreta (****)
(The Post), de Steven Spielberg,
EUA, 2017, 116 min
“Liberdade de imprensa”. Essa expressão, de tão repetida e mal-empregada, virou, nos dias de hoje, um chavão aberto às mais diversas interpretações – muitas delas, infelizmente, equivocadas. Como se jornais e jornalistas estivessem interessados em enganar seu leitor, agindo em prol de uma força maior e obscura – o governo, obviamente. Algo que, é preciso concordar, não chega a ser uma interpretação totalmente equivocada. No entanto, em sua origem, o entendimento era justamente o contrário: o quarto poder, por assim dizer, era o olho do público, o vigia que deveria investigar e delatar quaisquer irregularidades contra o cidadão. Pois é este ideal, aparentemente em desuso, que Steven Spielberg resgata em The Post: A Guerra Secreta. Mas ele não está interessado em apenas discorrer sobre o óbvio. E por trás do cenário que levanta para o seu discurso, há um outro debate ainda mais relevante, centrado na figura da protagonista, vivida por Meryl Streep. Não se engane, pois temos aqui o filme mais feminista do diretor desde A Cor Púrpura (1985). E isso, sim, significa muito. (…) Os jornalistas e repórteres querem fazer o trabalho deles: reportar ao mundo suas descobertas. Mas a que preço? Como pesar as consequências desse ato? Spielberg mergulha fundo não só na rotina do The Post, mas também na do seu principal concorrente, o The New York Times. (Com o Papo de Cinema)
Cinemark Barra 3, às 13h, 15h40, 18h20 e 21h
Cinemark Ipiranga 8, às 21h20
No Espaço Itaú 4, às 14h, 16h30, 19h e 21h30
No GNC Iguatemi 3, às 16h20, 18h45 e 21h20
No GNC Moinhos 2, às 14h30, 17h, 19h30 e 21h50
No GNC Moinhos 2, às 14h30, 17h, 19h30, 21h50
No GNC Moinhos 3, às 19h15 e 22h
No GNC Praia de Belas 3, às 18h45 e 21h20
CÓPIAS DUBLADAS
No Cinemark Ipiranga 8, às 13h20, 16h e 18h40
No GNC Praia de Belas 3, às 16h20
Eles Só Usam Black Tie (***)
(Necktie Youth), de Sibs Shongwe-La Mer,
África do Sul, 2017, 86 min
September, personagem principal, e um amigo, são os únicos jovens negros num bairro de elite em Joanesburgo. Inteligentes, bem enturmados, circulam por vários grupos, se divertem, namoram. Até que uma amiga deles comete suicídio, no aniversário da revolta violenta da juventude de Soweto. O suicídio da jovem é misteriosamente transmitido em tempo real. Isso os levará a reavaliar suas próprias vidas e debater assuntos como raça, política e sexualidade. Um ano e alguns meses após o incidente, eles atravessaram os subúrbios do norte de Joanesburgo em busca de respostas, drogas, distração e salvação.
Na Cinemateca Capitólio, às 18h
Cinema – Em cartaz
Me chame pelo seu nome (*****)
(Call Me By Your Name), de Luca Guadegnino,
França/Itália/EUA/Brasil, 2018, 133 min
Elio é o único filho de uma família norte-americana com ascendência italiana e francesa. O garoto está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela paisagem italiana. Nesse cenário, Oliver, acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai, chega para despertar sentimentos ainda desconhecidos. O filme é romântico e belíssimo. Me Chame Pelo Seu Nome é mais um atestado da busca pela beleza empreendida pelo cineasta italiano Luca Guadagnino, porém não só, é muito mais do que isso. Longe de apresentar um apuro estético vazio e sem propriedades de reflexão, tem-se em cena uma delicada e sensível análise a respeito de amor e perda, liberdade e confiança, tendo como ponto de partida a atração que se desenvolve de forma tão imperiosa entre estes dois rapazes. (Com o Papo de Cinema).
No Espaço Itaú 2, às 13h50, 16h20, 18h50 e 21h20
No GNC Moinhos 1, às 13h30, 16h10, 18h50 e 21h30
No Guion Center 3, às 14h, 16h20 e 18h40
Roda Gigante (****)
(Wonder Wheel), de Woody Allen, EUA, 2017, 102 min
Mais para Blue Jasmine do que para as leves comédias que fez mais recentemente, Roda Gigante traz Woody Allen de volta ao universo dos grandes filmes. As vidas de quatro personagens cruzam-se entre a agitação do Parque de Diversões de Coney Island, na década de 50: Ginny (Kate Winslet), ex-atriz emocionalmente instável, que agora trabalha como empregada de mesa; Humpty (Jim Belushi), o severo marido de Ginny, operador de carrossel; Mickey (Justin Timberlake), um jovem e bonito nadador-salvador que sonha ser dramaturgo; e Carolina (Juno Temple), a filha de Humpty que reaparece para se esconder de gangsters no apartamento do pai. A roda de amores começa a girar. É um melodrama muito bem feito. Ambientado na década de 50, parece um filme de 60a nos de idade. Trata-se de uma das produções tecnicamente mais bem acabadas de Woody Allen. E nem um pouco banal. Grande atuação de Kate Winslet.
No Espaço Itaú 3, às 22h
No GNC Moinhos 3, às 16h45
The Square — A Arte da Discórdia (*****)
(The Square), de Ruben Östlund,
Suécia / Alemanha / Dinamarca / França, 2017, 142 min
Além de receber a Palma de Ouro em Cannes, The Square — A Arte da Discórdia, recebeu os prêmios de Melhor Filme, Melhor Realizador (Ruben Östlund), Melhor Comédia, Melhor Ator (Claes Bang), Melhor Argumento (Ruben Östlund) e Melhor Direcção de Arte (Josefin Åsberg) da Academia Europeia de Cinema. Christian é o respeitado curador de um museu de arte contemporânea. Homem divorciado e bom pai, é uma pessoa que dirige um carro elétrico e apoia boas causas. A sua próxima exposição, “O Quadrado”, é uma instalação que pretende evocar o altruísmo em quem a vê, recordando nosso papel enquanto seres humanos responsáveis pelos nossos semelhantes. Mas às vezes é difícil viver à altura dos nossos ideais: a resposta incauta de Christian ao roubo do seu telefone vai conduzi-lo a situações das quais ele se envergonha. Além disso, uma desastrada campanha de marketing feita pelo museu vai afrontar o senso comum e o bom gosto. O filme faz uma incursão às pessoas de bom senso, politicamente corretas, quando empurradas para fora do seu quadrado, expondo as rachaduras de um mundo indiferente e comprometido apenas com sua própria lógica e ego.
120 Batimentos por Minuto (****)
(120 battements par minute), de Robin Campillo, França, 2017, 143 min
França, início dos anos 1990. O grupo ativista Act Up está intensificando seus esforços para que a sociedade reconheça a importância da prevenção e do tratamento em relação a AIDS, que mata cada vez mais há uma década. Recém-chegado ao grupo, Nathan logo fica impressionado com a dedicação de Sean junto ao grupo, apesar de seu estado de saúde delicado. Estrelado por Nahuel Pérez Biscayart, Arnaud Valois e Adèle Haenel, 120 Batimentos Por Minuto (2018) tem direção de Robin Campillo (Meninos do Oriente, 2013). A obra foi premiada com os troféus Queer Palm, FIPRESCI, François Chalais e Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2017. Além disso, foi exibida nos festivais de Rio, Hamburgo e San Sebastián.
Viva — A vida é uma festa (****)
(Coco), de Lee Unkrich e Adrian Molina, EUA, 2017, 105 min
Miguel sonha em se tornar um grande músico, assim como seu ídolo, Ernesto de la Cruz. Isso apesar da música ter sido banida há gerações em sua família. Desesperado para provar o seu talento, o garoto se vê na deslumbrante e pitoresca Terra dos Mortos seguindo uma misteriosa sequência de eventos. Ao longo do caminho, ele conhece o encantador trapaceiro Hector, e juntos partem em uma jornada extraordinária para descobrir a verdade por trás da história da família de Miguel. Para começo de conversa, é bastante relevante, além de emblemático nesta Era Donald Trump de intolerância e xenofobia, Viva: A Vida é uma Festa ser não apenas protagonizado por um mexicano, mas se passar no México e se valer da cultura do país para consolidar preceitos como o valor da família. Miguel é um dos mais novos da linhagem Rivera de sapateiros, destino selado por um infortúnio do passado, pois sua tataravó, abandonada pelo marido cantor e compositor, que almejava carreira de sucesso, precisou aprender uma profissão para sobreviver. Como efeito, a já falecida senhora amaldiçoou a música, passando a ojeriza adiante como se herança sanguínea. Acontece que o menino acalenta secretamente o desejo, justo, de fazer sucesso tocando violão e soltando a voz por aí, como os mariachis dos quais engraxa os calçados antes das apresentações na praça. Portanto, o problema, logo posto, é essa necessidade de romper com os seus para ser feliz. (Com o Papo de Cinema).
No Cinemark Barra 8, às 13h30, 16h, 18h50
No Cinemark Ipiranga 2, às 14h, 16h30, 19h e 21h30
No Cinespaço Wallig 4, às 13h20 e 15h30
No Espaço Itaú 7, às 13h20, 15h30, 17h40 e 19h50
Lou (***)
(Lou Andreas-Salomé), de Cordula Kablitz-Post, Alemanha / Suíça / Áustria / Itália, 2016 113 min
Desde muito pequena, Louise von Salomé demonstrou dificuldades para entender por que homens eram tratados com tanta discrepância em relação às mulheres. Essa rebeldia infante, com ares mais que de travessura natural, é contada pela própria Lou (Nicole Heesters), já aos 72 anos e com uma saúde bastante debilitada, ao homem que, em princípio, chega à procura de sua expertise psicanalítica abafada pela ascensão de Hitler. A cineasta Cordula Kablitz-Post se preocupa claramente com as filigranas, mostrando ao largo a marcha dos alemães rumo à Guerra e a decorrente perseguição a todo tipo de literatura, ciência e/ou campo do saber associado (arbitrariamente) aos judeus. Então, esse verdadeiro ícone trata as inquietações psicológicas do escritor desempregado que relata, maquiando sua história como se de um amigo próximo, as dificuldades conjugais e o bloqueio criativo, determinantes ao seu fracasso, fazendo dele biógrafo. Portanto, o que vemos em Lou são versões comprometidas do real. (Com o Papo de Cinema).
O Jovem Karl Marx (****)
(Le Jeune Karl Marx), de Raoul Peck,
França / Alemanha / Bélgica, 2016, 118 min
Aos 26 anos, Karl Marx embarca com a mulher, Jenny, para o exílio. Em Paris, eles conhecem Friedrich Engels, filho do dono de uma fábrica que estudou o nascimento do proletariado inglês. Engels traz a Marx a peça que faltava para o quebra-cabeça de sua visão de mundo. Seja na esfera documental ou na ficcional, o cinema do haitiano Raoul Peck se notabiliza pelo teor político e de investigação histórica, característica dominante em trabalhos como Lumumba (2000), uma dramatização da trajetória do líder anticolonialista congolês Patrice Lumumba, e Eu Não Sou Seu Negro (2016), documentário indicado ao Oscar que traça um panorama dos conflitos raciais nos Estados Unidos do século XX tendo como base os textos do escritor James Baldwin. Em O Jovem Karl Marx, Peck direciona sua lente biográfica a uma das figuras políticas mais notáveis e debatidas de todos os tempos, apresentando um recorte de sete anos da vida do filósofo e sociólogo alemão (vivido por August Diehl) que parte de seu exílio na França, aos 26 anos de idade, até a criação do Manifesto Comunista. (Com o Papo de Cinema).
O Outro Lado da Esperança (****)
(Toivon tuolla puolen), de Aki Kaurismäki,
Finlândia / Alemanha, 2017, 100 min
Helsinki. Os destinos de Wikhström, um cinquentão que decide mudar de vida, abandonando a esposa alcoólatra e seu emprego para abrir um restaurante, se cruzam com Khaled, um jovem refugiado sírio que tem seu visto negado ao chegar na cidade. Tocado pela história do jovem imigrante, Wikhström decide escondê-lo em seu restaurante.
Exposições
Retratos da Vida, por José Carlos Moura
Visitação de 23 de janeiro a 05 de março
Segunda a sábado, das 8h30 às 21h
Domingo, das 9h às 21h
O Piccolino Café recebe a partir da terça-feira (23) a exposição “Retratos da Vida”, da série Multidões, do artista plástico José Carlos Moura. Serão 7 obras que utilizam a técnica de aquarela sobre papel fabriano. Moura já participou de exposições e concorreu a prêmios no Brasil e exterior, como a Menção Especial em Escultura do XVº Salão da Xico Lisboa, em 1992 (Porto Alegre/RS) e o Prêmio no Concurso Natal Brasileiro, Relevos Araújo, em 1987 (São Paulo/SP). Há mais de 30 anos o artista atua exclusivamente para as artes plásticas e, nesta exposição, traz aquarelas com imagens de personalidades famosas que se expõe com seu trabalho. O Piccolino Café fica na rua Félix da Cunha, 1155, aberto de segunda a sábado das 8h30min às 21h, e aos domingos das 9h às 21h.
Teatro e Dança
Espetáculo ‘Língua Mãe.Mameloschn’
No teatro do Goethe-Institut Porto Alegre
30 e 31 de janeiro
Pelo segundo ano integrando a programação do Porto Verão Alegre, o espetáculo Língua Mãe.Mameloschn retorna ao palco do teatro do Goethe-Institut Porto Alegre nos dias 30 e 31 de janeiro. Vencedor na categoria Melhor Espetáculo do Prêmio Açorianos de Teatro 2015 e do 10º Braskem Em Cena na categoria melhor atriz para Mirna Spritzer, a peça dirigida por Mirah Laline apresenta um texto irreverente que aborda identidade, ideologia e pertencimento, sob a forma de um jogo oscilante, entre a aproximação e distanciamento dos personagens, através do diálogo cáustico de uma família judia. Língua Mãe.Mameloschn é uma obra sobre mulheres na História e histórias de mulheres, de três gerações de personagens femininas, interpretadas por três gerações de atrizes em cena. São da mesma família; vivem sob o mesmo teto; possuem a mesma origem cultural. No entanto, se diferenciam no modo como veem o mundo, expressam seus anseios e lidam com suas origens. O trânsito sutil entre humor e drama agrega uma empatia potencial para as problemáticas que a autora aborda. Os habituais modos de comunicação, como cartas, mensagens de e-mails, jornais e o rádio, paradoxalmente, revelam na obra, toda a carga de incomunicabilidade entre as personagens, materializando sob a cena a distância entre o discurso social e as motivações pessoais. Os ingressos antecipados custam R$ 30,00 e podem ser adquiridos nos pontos de venda físicos do festival ou pelo site http://portoveraoalegre.tcheofertas.com.br/.
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