Guia21 recomenda Terra Selvagem, A Guerra dos Sexos, Gabriel e a Montanha, Bernarda Alba e o Festival Caminhos Livres

Milton Ribeiro

Neste quase feriadão temos 11 estreias nos cinemas, das quais destacamos 3: os estadunidenses Terra Selvagem e A Guerra dos Sexos  e o brasileiro Gabriel e a Montanha.

Terra Selvagem é um excelente thriller com um pano de fundo indígena. Imaginem que os indígenas são o único grupo demográfico que não conta com recenseamento próprio no que tange às taxas de homicídio contabilizadas nos EUA…

A Guerra dos Sexos é uma comédia baseada em fatos reais e que nada têm a ver com a novela homônima da Globo. Mais detalhes na continuidade.

Gabriel e a Montanha é um baita road movie onde um rapaz de posses deixa sua casa, família e cidade para se aventurar sozinho por territórios distantes com pouca bagagem e muito interesse nas pessoas.

Mas não devemos esquecer da remontagem de A Casa de Bernarda Alba, de García Lorca, no Teatro Renascença e do Festival Multicultural Caminhos Livres, no Auditório Araújo Vianna, que promove um dia inteiro de música, arte, sustentabilidade, gastronomia, saúde e bem-estar.

Abaixo, maiores detalhes de tudo isso e muito mais.

Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana! De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.

Cinema – Estreias

Terra Selvagem (****)
(Wind River), de Taylor Sheridan, EUA, 2017, 107 min


Wind River se passa em uma pequena comunidade dos Estados Unidos de forte presença de descendentes dos indígenas. É lá que vive o caçador Cory, interpretado por Jeremy Renner. Convocado para dar cabo de um animal que vem dizimando o gado, ele acaba se deparando com o corpo de uma jovem. Nesse ponto, o FBI precisa ser chamado. É aí que entra a agente Jane (Elizabeth Olsen). Perdida, a forasteira pede ajuda a Cory, que perdeu uma filha em situações semelhante e tem que lidar com seus próprios traumas. A partir de uma ideia original, o diretor Sheridan procura dar voz a um povo a quem as estatísticas não ouvem. Os indígenas são o único grupo demográfico que não conta com recenseamento próprio no que tange às taxas de homicídio contabilizadas nos EUA. (Com AdoroCinema).


No Guion Center, 1, às 16h30 e 20h30
No Espaço Itaú 6, às 14h, 16h30, 19h e 21h30
No GNC Moinhos 3, às 13h15, 15h25 e 19h45

Gabriel e a Montanha (****)
de Fellipe Barbosa, Brasil, 2017, 131 min


Rapaz rico e inteligente deixa sua casa, família e cidade para se aventurar sozinho por territórios distantes com pouca bagagem e muito interesse nas pessoas que encontra pelo caminho. Nunca mais retorna. Apesar das semelhanças, Gabriel e a Montanha não é o Na Natureza Selvagem brasileiro. Por razões distintas, é tão bom quanto. Gabriel Buchmann (João Pedro Zappa) tinha um grande sonho: conhecer a África. Entretanto, mais do que visitar seus pontos turísticos ele desejava conhecer como era o estilo de vida do africano, sem se passar por turista. Desta forma, decide encerrar sua viagem ao mundo justamente no continente, onde se envolve com vários habitantes locais e recebe a visita da namorada, Cristina (Caroline Abras), que mora no Brasil. Prestes a retornar, seu grande objetivo se torna alcançar o topo do monte Mulanje, localizado no Malawi. (Com AdoroCinema).


No Espaço Itaú 8, às 19h e 21h30
No Guion Center 2, às 17h

A Guerra dos Sexos (****)
(Battle of the Sexes), de Jonathan Dayton e Valerie Faris, Reino Unido / EUA, 2017, 121 min


Baseado numa famosa história real dos anos 60 e contando com atuações estupendas de Emma Stone e Steve Carell, A Guerra dos Sexos narra a disputa de uma estranha partida de tênis e seu entorno. Acontece que a líder da classificação mundial feminina Billie Jean King (Emma Stone) reclama que a remuneração das mulheres é inferior à dos homens e o ex-campeão Bobby Riggs (Steve Carell) diz que as mulheres recebem menos porque sua forma de jogar é inferior, etc. É criado um desafio em quadra: um jogo entre King x Riggs. Sob grande atenção da mídia, Riggs tenta provar sua superioridade, enquanto King sabe que o que está em jogo vai muito além de um troféu. Os cineastas Jonathan Dayton e Valerie Faris trazem seu estilo leve e despretensioso de Pequena Miss Sunshine para abordar uma história de cunho feminista — e a favor dos direitos dos homossexuais também. A dupla de diretores capta com deliciosa ironia os contrassenso de uma época em que era OK uma empresa de cigarros patrocinar uma competição esportiva; porém, no fundo, desmontam o discurso da supremacia masculina.


No Espaço Itaú 2, às 15h30 e 18h10
No GNC Moinhos 3, às 21h50
No GNC Moinhos 4, às 13h25 e 19h40

Cinema – Em cartaz

O Formidável (****)
(Le Redoutable), de Michel Hazanavicius, França, 2017, 107 min


Este é um filme sobre a vida do diretor Jean-Luc Godard nos anos 60. Hazanavicius não fez um filme imitando Godard — o que seria impossível, pois há vários –, antes tira um sarro parodiando as ações do diretor na primeira e mais gloriosa fase de sua carreira. Muitos amantes de Godard — dentre os quais nos incluímos — detestaram a abordagem pouco simpática ao retratado, mas é indiscutível que o filme empresta leveza àquele que muitos consideram um deus. É bom desssacralizar, não? O filme narra o período em que Godard viveu com a atriz Anne Wyazemsky. A base foi o livro Um ano depois, de Wyazemsky. Ela trabalhou com Godard em A chinesa (1967) e o acompanhou, nos filmes e fora deles, até 1979. Ela mostra como um gênio pode ser incontrolável e frequentemente infantil. O que irritou os godarianos foi o tom satírico: Godard é uma criança que se leva muito a sério. Fica engraçado.


No Guion Center 1, às 14h30 e 18h30
No Guion Center 2, às 21h
No GNC Moinhos 1, às 17h30

Manifesto (****)
(Manifesto), de Julian Rosefeldt, Austrália, 2016, 98 min


Manifesto questiona o papel da arte na nossa sociedade de hoje, ontem e sempre. É quase um filme-tese. O diretor alemão Julian Rosefeldt tem Cate Blanchett interpretando 13 personagens distintos em uma série de monólogos recheados com referências a manifestos artísticos. “Não importa de onde se tira as coisas, mas para onde se as leva”, disse Jean-Luc Godard. A proposta de Rosefeldt, que é também artista plástico, é reunir 13 manifestos consagrados, sob os mais variados temas, de forma a criar, a partir deles, reinterpretações contando com o auxílio de uma grande atriz, Cate Blanchett. É a partir do já existente que se cria algo novo. É óbvio que o filme seja um tanto hermético, mas às vezes a gente vai no cinema para pensar, não?


No GNC Moinhos 1, às 15h35
No Guion Center 3, às 16h

Blade Runner 2049 (****)
(Blade Runner 2049), de Denis Villeneuve, EUA, 2017, 163 min


Uma bonita e respeitosa continuação do Blade Runner original. California, 2049. Após os problemas enfrentados com os Nexus 8, uma nova espécie de replicantes é desenvolvida, de forma que sejam mais obedientes aos humanos. Um deles é K (Ryan Gosling), um blade runner que caça replicantes foragidos para a polícia de Los Angeles. Após encontrar Sapper Morton (Dave Bautista), K descobre um fascinante segredo: a replicante Rachel (Sean Young) teve um filho, mantido em sigilo até então. A possibilidade de que replicantes se reproduzam pode desencadear uma guerra deles com os humanos, o que faz com que a tenente Joshi (Robin Wright), chefe de K, o envie para encontrar e eliminar a criança.


No Espaço Itaú 2, às 20h40

Mãe! (***)
(Mother!), de Darren Aronofsky, EUA, 2017, 115 min


Um casal vive em um imenso casarão no campo. Enquanto a jovem esposa (Jennifer Lawrence) passa os dias restaurando o lugar, afetado por um incêndio no passado, o marido (Javier Bardem) tenta desesperadamente recuperar a inspiração para voltar a escrever os poemas que o tornaram famoso. Os dias pacíficos se transformam com a chegada de uma série de visitantes que se impõem à rotina do casal e escondem suas verdadeiras intenções. Está longe de ser o melhor filme de Aronofsky (Réquiem para um Sonho, Cisne Negro), mas sua tentativa de ser um Lars von Trier cafona funciona só mais ou menos bem. Aronofsky volta às alegorias religiosas, mas desta vez com mais pretensão do que sucesso.


No Espaço Itaú 3, às 19h20

Como Nossos Pais (***)
de Laís Bodanzki, Brasil, 2017, 102 min


Rosa é uma mulher que quer ser perfeita em todas suas obrigações: como profissional, mãe, filha, esposa e amante. Quanto mais tenta acertar, mais tem a sensação de estar errando. Filha de intelectuais dos anos 70 e mãe de duas meninas pré-adolescentes, ela se vê pressionada pelas duas gerações que exigem que ela seja engajada, moderna e onipresente, uma supermulher sem falhas nem vontades próprias. Rosa vê-se submergindo em culpa e fracassos, até que em um almoço de domingo, recebe uma notícia bombástica de sua mãe. O trailer dá o spoiler…


Na Sala Eduardo Hirtz, às 15h

Columbus (****)
(Columbus), de Kogonada, EUA, 2017, 104 min


Um dos destaques de Columbus é a arquitetura modernista da cidade que fica em Indiana nos Estados Unidos e que dá título ao filme. Ela é quase um personagem no enredo proposto. O filme gira em torno da relação entre um homem de 30 e poucos anos (John Cho), que volta para a cidade para visitar o pai que está em coma, e uma mulher mais jovem, Casey (Haley Lu Richardson), que tem interesse pela Arquitetura. Os temas trabalhados são densos: perpassam a questão da morte, da separação e a importância da arquitetura. Assim, o humanismo do diretor e sua maneira de contar histórias e amarrar temáticas se mescla a um formato singular. Columbus é uma das maiores surpresas cinematográficas do ano. (Trecho de matéria de Rodolfo Moreira).


Na Sala Paulo Amorim, às 19h30

Exposições

Scheffel por ele mesmo
No Margs (Praça da Alfândega, s/n)
Até 5 de dezembro, de terças a domingos, das 10h às 19h

A Exposição “Scheffel por Ele Mesmo”, reúne obras da Coleção Família Zelmanowicz, Fundação E. F. Scheffel e acervos privados e propõe revelar ao público um recorte sobre a obra de Ernesto Scheffel, talvez o mais instigante de sua produção: a década de 1970, que permanece ainda pouco conhecida. A escolha das obras forma um conjunto estabelecido pelo próprio Scheffel – com texto de sua autoria – em uma exposição por ele sonhada e não realizada em vida. Apresenta ainda, uma mostra de retratos, promovendo uma visão panorâmica sobre a produção artística de Scheffel, a partir da década de 1950 até os anos 2000. Em diálogo com a Exposição, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul apresenta uma coletânea de obras dos professores do artista, no Instituto de Belas Artes (atual Instituto de Artes da UFRGS), do período entre 1941 e 1946. Entre eles, nomes consagrados da pintura gaúcha, como: João Fahrion, Ângelo Guido, José Lutzenberger, Benito Castañeda, Maristany de Trias e Fernando Corona, possibilitando ao público um olhar sobre os Mestres que influenciaram diretamente a obra de Ernesto Frederico Scheffel.

Divulgação / Margs

Guarde Seus Olhos, de Felipe Caldas, e Proj. de Pesq. em Fotografia Contemporânea
Galerias Xico Stockinger e Sotero Cosme – 6º andar CCMQ (Rua dos Andradas, 736)
Terça a sexta-feira, das 10h às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h
De 15 de setembro a 19 de novembro

Com a curadoria Ana Zavadil, neste trabalho, Felipe Caldas trabalha com um repertório próprio na construção das imagens. A pintura é forte, densa e sugere uma fruição meticulosa, levando levará o observador por caminhos inquietantes na tentativa de desvelar o sentido da obra. O artista usa materiais alheios à pintura, como a gasolina, apenas para citar um. Riscar, arranhar, sobrepor, justapor, manchar e sujar, fazem parte do ato. Os materiais são usados para garantir efeitos nas pinturas. Com a curadoria de Fábio André Rheinheimer, o Projeto de Pesquisa em Fotografia Contemporânea foi estruturado com o objetivo de fomentar pontualmente outras possibilidades do fazer artístico. Foram consideradas as particularidades pertinentes à produção individual dos profissionais convidados, no que lhes havia de mais representativo e, em continuidade, lhes fora proposto vivenciar uma investigação diferenciada, porém autoral, na área de fotografia contemporânea, mediante o exercício desta. A significativa produção das imagens inéditas especialmente concebidas para este projeto, depois de quatro meses, deu origem à exposição com os seguintes fotógrafos convidados: Andrea Ludwig Cocolichio, Ana Rocha, Carlinhos Rodrigues, Douglas Fischer, Fabrício Simões, Flávio Wild, Hernando Salles, Iara Tonidandel, Karla Santos, Lucca Curtolo, Manoel Petry, Paulo Mello e Roberta Agostini. “Projeto de Pesquisa em Fotografia Contemporânea” ficará aberta para visitação até o dia 19 de novembro. A exposição é recomendada para maiores de 18 anos.

Obra de Felipe Caldas

Música

Festival Caminhos Livres
Dia 5 de novembro, domingo, a partir das 10h
Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685)

Em sua quarta edição, o festival multicultural Caminhos Livres chega ao Auditório Araújo Vianna para promover um dia inteiro de música, arte, sustentabilidade, gastronomia, saúde e bem-estar. O evento acontece dia 5 de novembro, a partir das 10h, com exposição de arte, práticas esportivas ao ar livre, palestras, oficinas e diversos shows. O line-up do palco principal será composto pelos grupos Marmota Jazz, Gelpi, Samba e Amor, Good Samaritans e Viralataz. A edição deste ano será em memória a Lucas Zuch, um dos idealizadores do festival, falecido em março. O palco principal do evento receberá o nome de Lu.Z em sua homenagem. Os ingressos já estão à venda. Confira aqui. O projeto Caminhos Livres surgiu em junho de 2013 com o objetivo de valorizar o cenário cultural local. Em suas três edições anteriores, promoveu o encontro entre mais de 12 mil pessoas e 200 empreendedores das mais diversas áreas, além de ter realizado 22 shows de artistas gaúchos.

Banda Samba e Amor é um dos destaques do palco principal | Crédito: Letícia Zluhan

Teatro

Espetáculo “BERNARDA”
Quando: 02 a 12 de novembro, quintas a domingos, 20h30
Onde: Teatro Renascença (Av. Erico Verissimo, 307)

Uma tradicional família de cinco filhas solteiras, uma mãe despótica, uma avó louca e duas criadas tratadas como animais de carga povoa “BERNARDA”, espetáculo que transpõe para o palco o texto “A CASA DE BERNARDA ALBA” de Federico García Lorca, uma história mergulhada na tradição, no preconceito, no autoritarismo, na repressão sexual e na opressão das mulheres e que estreou no dia 2 de novembro no Teatro Renascença às 20h30. O universo doméstico opressivo que abriga a tragédia da virgindade, o explosivo resultado da repressão sexual e a amarga sina de mulheres que nunca terão a oportunidade de escolher seus maridos da obra do escritor espanhol será traduzido para o palco a partir da direção de Graça Nunes e direção coreográfica de Carlota Albuquerque. “BERNARDA” é uma peça que levanta duros questionamentos sobre a sociedade machista, assim como desafia as tradições, a força coercitiva da religião e da cultura. “Independente do fato de que o texto de Lorca navegue entre um pretenso naturalismo e um perceptivo simbolismo, buscamos apoio, para a escritura cênica da nossa ‘Bernarda’, em elementos claramente atribuídos a uma estética mais contemporânea e performática, enfatizando sensações e linguagem de ações não cotidianas”, afirma Graça Nunes. Sons de instrumentos de percussão, ruídos, barulhos e murmúrios, compõem a trilha sonora do espetáculo e o cheiro do incenso, do suor e do medo deve embalar as cenas. O figurino traz o mesmo traje em preto para todas as personagens, trazendo uma proposta de desindividualização das mulheres que estarão no palco.