Guia21 recomenda ‘O Insulto’, ‘Sem Amor’ e a programação de carnaval da Fundação Iberê Camargo
Da Redação
Muitas estreias acontecem nesta semana nos cinemas de Porto Alegre. No Recomenda de hoje, destacamos três delas: O Insulto, Sem amor e O Que Te Faz Mais Forte. Os dois primeiros estão concorrendo ao Oscar 2018, na categoria Melhor Filme em Língua Estrangeira. Em O Insulto, o protagonista é um cristão libanês que, ao regar suas plantas, acidentalmente molha um refugiado palestino. O desacordo que surge dessa ocasião acaba evoluindo para um julgamento, tomando dimensões nacionais. Sem Amor aborda os conflitos que ceram a separação do casal protagonista e como, por conta disso, eles acabam deixando de lado seu filho, até que ele desaparece misteriosamente. O Que Te Faz Mais Forte trata do atentado na Maratona de Boston, em 2013. Na trama, o protagonista é vitima de uma bomba que explodiu quase na linha de chegada.
Além das estreias, outros grandes filmes seguem em cartaz nos cinemas de Porto Alegre. Um deles foi destaque do Recomenda na semana passada: A Forma Da Água. O filme é de Guillermo Del Toro, diretor de O Labirinto do Fauno e Círculo de Fogo. A história se passa na década de 60, em meio a Guerra Fria, e mostra uma zeladora em um laboratório experimental secreto do governo americano que se apaixona por uma criatura presa no local.
No final de semana do Carnaval, destacamos a programação da Fundação Iberê Camargo, que será marcada por danças, cinema e exposições. Também recomendamos a programação do carnaval de rua da Capital. Abaixo, maiores detalhes de tudo isso e muito mais.
Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana! De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.
Cinema – Estreias
O Insulto (****)
(L’Insulte), de Ziad Doueiri,
França/Líbano,
2017, 112 min
Tony Hanna é libanês cristão. Yasser Abdallah Salameh é refugiado palestino. Os dois estão em Beirute. O primeiro é dono de uma oficina mecânica, está, ao lado da jovem esposa, à espera de um bebê, e passa seus dias ouvindo pregações político-religiosas na televisão. O segundo é capataz – não regularizado, importante destacar – de uma série de obras que estão sendo feitas no bairro onde o outro mora. Cada um no seu rumo, na sua vida, sem interferências nem atritos que pudessem colocar um no caminho do outro. Mas uma pequena bobagem, que em qualquer outro contexto seria irrelevante, acaba assumindo proporções inimagináveis para os dois. E, assim, O Insulto se transforma em algo muito maior do que os atos que vemos discorrer na tela. O surrealismo de tudo tanto transforma quanto incomoda. E, justamente, por ser um retrato de uma realidade tão específica, se mantém distante daquilo que aceitamos como crível, permitindo interpretações extremas. (Com o Papo de Cinema)
No Guion Center 3, às 14h15
O Que Te Faz Mais Forte (****)
(Stronger), de James Foley,
EUA, 2017, 119 min
O cineasta David Gordon Green se apropria aqui da história de um homem que estava no lugar errado, na hora mais inoportuna, dadas as circunstâncias, e que viu a desgraça transformá-lo num herói nacional. Jeff Bauman (Jake Gyllenhaal) é vítima de uma bomba que explode praticamente na linha de chegada da Maratona de Boston de 2013. Em meio ao processo de reconquistar a namorada perdida, uma das corredoras que se aproximavam da reta final quando a detonação retumbou nas ruas da cidade, ele tem sua vida alterada irremediavelmente. O Que Te Faz Mais Forte bem que tenta maquiar a sua inclinação ao elogio desbragado da superação e da bravura, dois temas intrinsecamente ligados à ideia de certos estadunidenses de oposição aos “terroristas”. Deflagra isso a luz lançada sobre a reação da família do protagonista logo após a tragédia. (…) O Que Te Faz Mais Forte não se aventura a explorar o paradoxo do homem elevado publicamente à posição de super-herói assim que perde parte do corpo numa ação nebulosa. David Gordon Green se entrega de vez aos rompantes ufanistas na medida em que Jeff precisa entender seu papel simbólico para pessoas que, assim como ele, provavelmente, nem param para pensar num contexto geopolítico mais amplo antes de colocar, por exemplo, médio-orientais automaticamente na lista dos suspeitos. (Com o Papo de Cinema)
No Cinemark Barra 2, às 22h10
No Cinemark Barra 8, às 15h05
No Espaço Itaú 6, às 14h20, 18h50 e 21h20
Sem Amor (*****)
(Nelyubov), de Andrey Zvyagintsev,
Rússia/França/Bélgica/Alemanha,
2017, 128 min
A tensão reinante na casa do pequeno Alyosha (Matvey Novikov) é, num nível superficial, ocasionada pelo processo doloroso da separação em curso. Aos gritos, a mãe, Zhenya (Maryana Spivak), e o pai, Boris (Alexey Rozin), discutem os termos de seu rompimento, inclusive o porvir do filho. Ambos se esquivam de responsabilidades, jogando adiante o encargo da guarda da criança. Contudo, nas profundezas, há uma aridez emocional que sobrepuja os conflitos compreensíveis entre pessoas que vivenciam uma irrevogável fissura familiar. Esse carcomido cenário afetivo, do qual se tem boa visão no início de Sem Amor, ganha matizes no decorrer do longa-metragem, com as demais relações do ex-casal sendo contaminadas pelos vícios que tornaram inviável a continuidade de uma convivência de anos. O cineasta Andrey Zvyagintsev observa o garoto com sensibilidade, apiedando-se por ele ser tragado pelo torvelinho de ofensas e desaforos cuja motivação remonta a muito antes de seu nascimento. (Com o Papo de Cinema)
No Espaço Itaú 3, às 13h30, 16h, 18h30 e 21h
Cinema – Em cartaz
A Forma da Água (****)
(The Shape of Water),
de Guilhermo Del Toro,
EUA, 2017, 123 min
Os momentos iniciais de A Forma da Água são dedicados a apresentar sinteticamente o cotidiano de Eliza (Sally Hawkins). Moradora de um apartamento sobre o cinema da cidade, ela é profissional de limpeza de um laboratório norte-americano subordinado ao exército. Guillermo del Toro desloca elegantemente a câmera pelos cômodos da residência, evidenciando o esmero da direção de arte e da cenografia ao delineamento de um espaço, ao mesmo tempo, acolhedor e repleto de personalidade. A trilha sonora de Alexander Desplat se impõe positivamente como auxiliar vital da construção da atmosfera lúdica, própria à improvável e central história de amor, uma metáfora da beleza da diversidade. Logo nos deparamos com uma criatura confinada, o humanoide anfíbio denominado Forma (Doug Jones). Por ser “monstro”, ou seja, diferente do padrão, o governo norte-americano o trata como trunfo para obter vantagem contra a União Soviética. O filme se passa nos anos 60, em plena Guerra Fria. (Com o Papo de Cinema)
No GNC Praia de Belas 5, às 14h10
CÓPIAS LEGENDADAS
No Cinemark Barra 7, às 14h40, 15h5, 18h40 e 21h25
No Cinespaço Wallig 1, às 13h30, 16h, 18h30 e 21h
No Espaço Itaú 4, às 13h30, 16h, 18h30 e 21h
No GNC Iguatemi 3, às 13h30, 16h10, 19h e 21h40
No GNC Praia de Belas 5, às 16h40, 19h10 e 21h40
Dunkirk (*****),
De Christopher Nolan,
EUA / Reino Unido / França / Holanda,
2017, 106 min
A marcante série de eventos ocorridos nas praias de Dunquerque, na França, durante a Segunda Guerra Mundial, já esteve outras vezes na tela grande. Dos clássicos O Drama de Dunquerque (1958), com Richard Attenborough, e Gloriosa Retirada (1964), com Jean-Paul Belmondo, até os mais recentes Dunkirk (2004), minissérie da BBC, e Operação Dunkirk (2017), telefilme também lançado neste ano, basta analisar as causas e as repercussões desse episódio para compreender porque este momento tão singular tem despertado tamanho interesse de cineastas e realizadores ao longo das últimas décadas. Faltava, no entanto, um filme que ficasse acima da mera curiosidade histórica e que fizesse jus não apenas aos feitos verídicos, como também pagasse tributo ao talento e à criatividade que apenas o real artista pode combinar. Pois assim é Dunkirk, um conto tão humano quanto revolucionário, que se foca no momento particular que lhe serve de título para estudar, a partir dele, os reflexos e consequências verificados entre alguns dos seus principais envolvidos, independente do âmbito ou do grau de relevância que a História pode ter lhes concedido. (Com o Papo de Cinema)
No Cinespaço Wallig 8, às 19h
Todo o Dinheiro do Mundo (****)
(All The Money In The World),
de Ridley Scott,
EUA,2017,135 min
O jovem caminha à noite pelas ruas de Roma. Há um glamour ultrapassado no ar, um inevitável espírito de decadência que deixa o ambiente ainda mais charmoso. O rapaz que transita aparentemente sem rumo em meio às mesas dos cafés e às prostitutas em busca de um cliente inesperado poderia muito bem ser Rubini, o protagonista de A Doce Vida (1960). No entanto, quem encontramos em Todo o Dinheiro do Mundo, percorrendo trajeto bastante similar, é John Paul Getty III, neto do homem mais rico do mundo. Porém, ao invés destes passos serem o início de uma jornada de excessos, prazeres e descobertas, o que ele encontrará pela frente é a solidão e o desespero do claustro, após ser jogado dentro de uma van ao responder afirmativamente a um chamado pelo seu nome. Tanto o protagonista do clássico de Fellini quanto o garoto do thriller de Ridley Scott tiveram suas vidas mudadas para sempre a partir deste ponto. As semelhanças entre eles, no entanto, terminam por aqui. E isso não é demérito nem para um, muito menos para o outro. (Com o Papo de Cinema)
No Cineflix Total 3, às 21h50
No Cinespaço Wallig 4, às 18h30 e 21h10
No Espaço Itaú 4, às 18h30 e 21h10
CÓPIAS LEGENDADAS
No Espaço Itaú 1, às 18h30 e 21h10
No GNC Moinhos 1, às 16h10 e 21h30
The Post: A Guerra Secreta (****)
(The Post), de Steven Spielberg,
EUA, 2017, 116 min
“Liberdade de imprensa”. Essa expressão, de tão repetida e mal-empregada, virou, nos dias de hoje, um chavão aberto às mais diversas interpretações – muitas delas, infelizmente, equivocadas. Como se jornais e jornalistas estivessem interessados em enganar seu leitor, agindo em prol de uma força maior e obscura – o governo, obviamente. Algo que, é preciso concordar, não chega a ser uma interpretação totalmente equivocada. No entanto, em sua origem, o entendimento era justamente o contrário: o quarto poder, por assim dizer, era o olho do público, o vigia que deveria investigar e delatar quaisquer irregularidades contra o cidadão. Pois é este ideal, aparentemente em desuso, que Steven Spielberg resgata em The Post: A Guerra Secreta. Mas ele não está interessado em apenas discorrer sobre o óbvio. E por trás do cenário que levanta para o seu discurso, há um outro debate ainda mais relevante, centrado na figura da protagonista, vivida por Meryl Streep. Não se engane, pois temos aqui o filme mais feminista do diretor desde A Cor Púrpura (1985). E isso, sim, significa muito. (…) Os jornalistas e repórteres querem fazer o trabalho deles: reportar ao mundo suas descobertas. Mas a que preço? Como pesar as consequências desse ato? Spielberg mergulha fundo não só na rotina do The Post, mas também na do seu principal concorrente, o The New York Times. (Com o Papo de Cinema)
Cinemark Barra 8, às 12h25, 18h e 20h40
No Espaço Itaú 4, às 14h, 16h30, 19h e 21h30
No GNC Iguatemi 2, às 21h50
No GNC Moinhos 4, às 14h30, 19h30 e 21h50
No GNC Praia de Belas 3, às 19h
Me chame pelo seu nome (*****)
(Call Me By Your Name), de Luca Guadegnino,
França/Itália/EUA/Brasil, 2018, 133 min
Elio é o único filho de uma família norte-americana com ascendência italiana e francesa. O garoto está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela paisagem italiana. Nesse cenário, Oliver, acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai, chega para despertar sentimentos ainda desconhecidos. O filme é romântico e belíssimo. Me Chame Pelo Seu Nome é mais um atestado da busca pela beleza empreendida pelo cineasta italiano Luca Guadagnino, porém não só, é muito mais do que isso. Longe de apresentar um apuro estético vazio e sem propriedades de reflexão, tem-se em cena uma delicada e sensível análise a respeito de amor e perda, liberdade e confiança, tendo como ponto de partida a atração que se desenvolve de forma tão imperiosa entre estes dois rapazes. (Com o Papo de Cinema).
No Guion Center 3, às 16h20
Confira outros filmes que estão em cartaz nos cinemas de Porto Alegre
Exposições
Programação de carnaval na Fundação Iberê Camargo
10 e 11 de fevereiro, das 15h às 20h
No final de semana do Carnaval, dias 10 e 11 de fevereiro, das 15h às 20h, a Fundação Iberê Camargo em parceria com o Laboratório do Rolê – grupo de bailarinos e pesquisadores de Porto Alegre realiza uma série de oficinas e Jams de Contato e Improvisação – técnica de dança criada nos EUA nos anos 1970, que compreende o diálogo corporal entre duas ou mais pessoas. A entrada é franca e qualquer pessoa interessada em conhecer a técnica pode participar. Confira a programação:
Sábado, 10 de fevereiro:
Das 15h às 20h – visitação à exposição Sol Preto, de Daniel Frota
Das 15h às 16h30 – Rolê Iberê – oficinas de contato e improvisação com Laboratório do Rolê
Das 16h30 às 20h – Rolê Iberê – Jam Eletrocorporal, com Hetser Offscreen
Domingo, 11 de fevereiro:
Das 15h às 20h – visitação à exposição Sol Preto, de Daniel Frota
16h – Cine Iberê – A Cidade dos Piratas, de Otto Guerra (1h30min, 2018, Brasil – em fase de finalização). Sessão comentada com Otto Guerra
Das 15h às 16h30 – Rolê Iberê – oficinas de contato e improvisação com Laboratório do Rolê
Das 16h30 às 20h – Rolê Iberê – Jam Eletrocorporal, com Hetser Offscreen