Guia21 recomenda ‘O Cidadão Ilustre’ e ‘Crônica da Demolição’

Milton Ribeiro

O Cidadão Ilustre é o destaque dentre os lançamentos da semana. O filme tem recebido avaliações que variam muito, sendo que os europeus deram as melhores. No Brasil, a Folha desancou o filme; o Globo adorou. O tema do escritor que abandona a terra natal, vive 40 anos na Europa, ganha um Nobel e é convidado para uma homenagem em sua cidadezinha é ótimo.

Crônica da Demolição é um história bem brasileira. Trata da demolição do centro do Rio de Janeiro — caso que acontece em todas as nossas cidades grandes — focado na derrubada do belíssimo Palácio Monroe da Av. Rio Branco, um verdadeiro crime.

Não podemos esquecer do bom australiano A Filha.

Confira outras indicações abaixo. 

Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana! De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.

Cinema – Estreias

O Cidadão Ilustre (****)
(El Ciudadano Ilustre), de Mariano Cohn e Gastón Duprat, Argentina, 2015, 120 min


Daniel Mantovani (Oscar Martínez), um escritor argentino e vencedor do Prêmio Nobel, radicado há 40 anos na Europa, volta à sua terra natal, ao povoado onde nasceu e que inspirou a maioria de seus livros, para receber o título de Cidadão Ilustre da cidade – um dos únicos prêmios que aceitou receber. No entanto, sua ilustre visita desencadeará uma série de situações complicadas entre ele e o povo local. Quando chega a cidadezinha de Salas, o escritor é recebido pelo prefeito, que lhe mostra a agenda programada para os poucos dias em que permanecerá ali. O primeiro deles é uma aula aberta. E, por mais que relute, será levado num desfile em carro de bombeiros ao lado da miss local. O humor de O Cidadão Ilustre é construído a partir das diferenças e da tensão entre a sofisticação de Daniel e a simplicidade dos moradores de Salas. O que muitos ali ainda não sabem é que a cidade e seus antigos habitantes serviram de cenário e inspiração para personagens dos romances e contos dele – e os retratos nem sempre são nostálgicos ou agradáveis.

No Cinemark Ipiranga 6, às 16h40 e 22h10
No Espaço Itaú 6, às 14h, 16h30, 19h e 21h30
No GNC Moinhos 2, às 13h50, 16h30, 19h10 e 21h30
No Guion Center 2, às 15h, 17h15 e 20h40

Crônica da Demolição (****)
de Eduardo Ades, Brasil, 2015, 90 min


O documentário conta a história do Centro do Rio de Janeiro, ao longo do século XX, a partir do caso do Palácio Monroe. Com uma narrativa de tensão e atmosfera de suspense, o filme discute o processo histórico que culminou na demolição do Palácio Monroe, e as dúvidas que ainda persistem sobre o assunto. Para além do caso concreto do Rio de Janeiro, o que o filme retrata são os processos e a forças de destruição que atravessam a vida de todas as grandes cidades brasileiras. Por meio dos materiais de arquivo e de entrevistas com pessoas envolvidas no caso, Crônica da Demolição reconstrói 70 anos de história da Avenida Central (atual Avenida Rio Branco) e do Palácio Monroe. O filme conta com uma centena de fotos antigas e 26 filmes de arquivo – incluindo um raro registro a cores da demolição do palácio — resultado de um ano de pesquisa em mais de 30 acervos e instituições.

No CineBancários, às 15h e 19h

Cinema – Em cartaz

A Filha (****)
(The Daughter), de Simon Stone, Austrália, 2016 96 min


Longe de casa há mais de dez anos, Christian (Paul Schneider) retorna à cidade em que cresceu para o casamento do pai (Geoffrey Rush), com quem tem uma relação complicada. Enquanto aguarda a chegada de sua namorada, ele se reconecta com o amigo de infância Oliver (Ewen Leslie), que acaba de perder o emprego, e descobre por acaso um segredo de família há muito tempo enterrado. Bom filme.

No Espaço Itaú 8, às 16h e 20h
No Guion Center 1, às 14h15
No Guion Center 3, às 17h25 e 19h10

Argentina (****)
(Zonda: Folclore Argentino), de Carlos Saura, Argentina / Espanha / França, 2015, 85 min


Zonda é um vento seco e quente, característico de regiões situadas ao pé da Cordilheira dos Andes. Na Argentina, sopra desde a província de Neuquén até Jujuy. É também o nome que o diretor Carlos Saura escolheu para seu último filme, no qual faz um passeio pelo folclore argentino. Malambo, chacareras, vidalas, chamamés. A obra continua a série sobre investigações musicais que Saura começou com Sevillanas” (1991), e seguiu com “Flamenco” (1995), “Tango” (1998), “Iberia” (2005) e “Fados” (2007). Desta vez, a co-produção é entre Argentina, Espanha e França. A direção musical é de Lito Vitale. São 20 números musicais, que oferecem também belas coreografias, como vocês podem ver o trailer abaixo. (Do Aquí me quedo).

No Guion Center 1, às 16h, 17h40 e 19h20

Além das Palavras (****)
(A Quiet Passion), de Terence Davis, Reino Unido / Bélgica, 2016, 125 min


Além das Palavras, roteirizado e dirigido por Terence Davies, acompanha a biografia de uma das maiores poetisas norte-americanas de todos os tempos. Narra com intenso vigor o período que vai da juventude de Emily Dickinson no internato até os seus últimos anos, vivendo como uma artista reclusa e ainda não reconhecida. O filme aborda as rejeições, repressões e paixões que influenciaram a trajetória da escritora, bem como os relacionamentos com sua família e outras pessoas que marcaram sua alma e obra.

No GNC Moinhos 3, às 16h45 e 19h20
No Guion Center 3, às 15h10

Paterson (*****)
(Paterson), de Jim Jarmusch, EUA, 2016, 118 min


Se ainda existem cineastas de culto, Jim Jarmusch é o maior deles. E Adam Driver e Golshifeth Farahani formam o casal mais romântico do ano. E é garantido que, sob a câmara de Jarmuch, o romantismo nunca é tolo. Um filme literário, delicado, pontuado por piadas de bom gosto sobre a sobrevivência da literatura em meio ao cotidiano. Paterson entra direto na lista dos melhores filmes do ano. Paterson é um motorista de ônibus da cidade homônima, em Nova Jersey. Diariamente, ele repete uma rotina simples: dirige seu ônibus observando a cidade, enquanto ouve fragmentos das conversas que o rodeiam. Também escreve poesias em um caderno, passeia com o cachorro, vai a um bar à noite, bebe uma cerveja e volta para casa para encontrar a esposa Laura. Ao contrário do marido, o mundo de Laura está sempre mudando. Ela tem novos planos todos os dias. Paterson a apoia e ela encoraja o talento dele para a poesia. O filme mostra silenciosamente as vitórias e derrotas da vida diária com a poesia que se intrometendo nos pequenos detalhes. Um tremendo filme. Cinema puro falando da vida e da literatura.

No Guion Center 1, às 21h

Central (****)
de Tatiane Sager e Renato Dorneles, Brasil, 2015, 75 min

Foto: Sidney Brzuska

O Presídio Central de Porto Alegre já foi considerado o pior do Brasil pela CPI do Sistema Carcerário, da Câmara dos Deputados, em 2008. Agora, o local abre suas portas para expor a estrutura mal conservada e a vida de penitenciários em condições insalubres. Funcionários da prisão, detentos e familiares dos presos contam como é a vida cotidiana na cadeia e propõem uma reflexão sobre o estado do sistema penitenciário brasileiro. A obra também apresenta o olhar dos próprios presos, que, com câmeras nas mãos, captaram imagens diretamente nas galerias, onde nem mesmo a polícia tem acesso. Superlotação, falta de infraestrutura e de higiene, má alimentação, uso liberado de drogas, além de uma rotina de execuções e maus tratos, são evidenciados no longa-metragem. A partir de depoimentos de policiais militares, familiares, presos, o sociólogo Marcos Rolim e autoridades, o filme também apresenta as diversas faces de uma mesma história,

No GNC Praia de Belas 4, às 14h30 e 19h20
Na Sala Eduardo Hirtz, às 15h e 19h15

Os Belos Dias de Aranjuez(****)
(Les Beaux Jours d’Aranjuez), de Wim Wenders, Alemanha/França, 2016, 98 min


No norte da França, um escritor começa a fazer esboços para o seu próximo livro e desenvolve, como ponto de partida, um diálogo entre um homem e uma mulher que se encontram em um jardim suspenso na cidade de Aranjuez, na Espanha. Eles discutem, entre outras coisas, questões como sexualidade, amor, infância e também suas memórias e a vida em si. É Wim Wenders tentando voltar à velha forma. Wenders persegue, há anos, um lugar que, na profusão de imagens e de sons, seja a reserva moral do cinema — onde ele possa resistir com as suas histórias. Os Belos Dias de Aranjuez é um filme falado que experimenta o lugar. E o espetáculo é calmo e sensual. A produção é o reencontro entre Wim Wenders e Peter Handke – quase três décadas depois de As Asas do Desejo.

Na Sala Norberto Lubisco, às 19h

A Criada (****)
(Ah-gassi), de Park Chan-wook, Coreia do Sul, 2016, 144min


Coreia do Sul, anos 1930. Durante a ocupação japonesa, a jovem Sookee (Kim Tae-ri) é contratada para trabalhar para uma herdeira nipônica, Hideko (Kim Min-Hee), que leva uma vida isolada ao lado do tio autoritário. Só que Sookee guarda um segredo: ela e um vigarista planejam desposar a herdeira, roubar sua fortuna e trancafiá-la em um sanatório. Tudo corre bem com o plano, até que Sookee aos poucos começa a compreender as motivações de Hideko.

Na Sala Eduardo Hirtz, às 16h45

Exposições

Música de Passarinho, de Antônio Augusto Bueno
Galeria Sotero Cosme – 6º andar da CCMQ (Andradas, 736)
Visitação: 12 de maio à 9 de julho
Terças à sextas, das 9h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h

A Galeria Sotero Cosme (6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana) recebe a mostra “Música de Passarinho”, novo trabalho de Antônio Augusto Bueno. Com a curadoria de Marlies Ritter, a exposição traz fotos, vídeo, pintura, gravura, monotipia, objetos e elementos coletados da natureza, tendo o abacateiro do Atelier Jabutiê, de Antônio Augusto, como personagem principal. Desde que se mudou para o Jabutipê, há nove anos, o artista vem coletando e organizando os gravetos que caem da antiga árvore, armazenando os caroços e alguns abacates. Também fez algumas experiências com a fruta que deixou para os passarinhos se alimentarem, fazendo cópias em gesso das marcas deixadas pelos bicos das diferentes aves que vivem no Centro Histórico de Porto Alegre. Dos caroços também saíram pigmentos para experiências em monotipias e desenhos. Também farão parte da mostra frutos de liquidâmbares, coletados durante um outono em uma praça de Porto Alegre, e frutos de magnólias de uma praça localizada em Montevidéu (URU).

CHARRÚA, de Gustavo Tabares
Galeria Xico Stockinger – 6º andar da CCMQ (Andradas, 736)
Visitação: 12 de maio a 9 de julho
Terças à sextas, das 9h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h

A Galeria Xico Stockinger (6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana) recebe a exposição “Charrúa”, do artista visual uruguaio Gustavo Tabares. Com a curadoria de Ana Zavadil, a mostra tem, além da peça sonora, desenhos, objetos de mármore, vídeos e pinturas. Tabares morou em Porto Alegre nos final dos anos 90 e, agora, volta para exibir uma série de trabalhos já apresentados na 56ª Bienal de Veneza, em 2015. A exposição tem, além da peça sonora, desenhos, objetos de mármore, vídeos, pinturas, etc., no formato de instalação.

Uma Possível História da Arte no Rio Grande do Sul: Plural[ismos] no Sul
Galeria Aldo Locatelli, de 12 de abril a 9 de julho, no Margs, na Praça da Alfândega
De terças a domingos, das 10h às 19h

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, dando continuidade ao programa de exposições do acervo permanente do museu, prossegue com o projeto elaborado pelos núcleos do museu com o objetivo de apresentar obras da coleção do acervo do MARGS que são importantes para a configuração da constituição do cenário artístico gaúcho. A exposição Uma Possível História da Arte no Rio Grande do Sul: Plural[ismos] no Sul será apresentada na Galeria Aldo Locatelli, de 12 de abril a 9 de julho, com entrada franca. A mostra reúne 16 obras de artistas relevantes para o sistema da arte local, produzidas nos século XX, pertencentes ao acervo do MARGS. Este módulo tem como objetivo principal mostrar a pluralidade na produção gaúcha nas décadas de 1940, 1950 e 1960. Essa época foi marcada por discussões sobre o Modernismo, lançadas em São Paulo, na emblemática e questionadora Semana de Arte Moderna em 1922; tendo repercussões e desdobramentos aqui no Sul, especialmente no plano das ideias, resultando em confrontos e questionamentos sobre o que é a arte moderna e por qual caminho os artistas deveriam seguir. Tais debates influenciavam a produção artística, e a falta de consenso, aliados às diversas opiniões sobre a arte moderna, tornam-se perceptíveis ao observarmos as obras daquele momento, representadas na exposição. Embora muitos artistas não se intitulassem como modernistas e até mesmo se posicionassem contrários ao modernismo, suas obras, do ponto de vista formal, muitas vezes, passavam por atualizações estéticas e processos de modernização, originando essa multiplicidade de temas, técnicas e influências que identificamos na produção desse período.

Encontro com Morfeu, do artista visual Artur Veloso
No Espaço de Artes da UFCSPA,
De segunda à sexta-feira, das 9h às 20h e aos sábados das 9h às 11h30
Até o dia 27 de maio

O nome da exposição faz uma referência a um dos deuses gregos dos sonhos, Morfeu. “Faço a associação do sonho e da pintura como duas formas humanas da criação de imagens em que tudo é possível e tudo pode fazer sentido. Em um sonho somos apresentados a um universo composto das experiências que tivemos acordados, unindo fatos, objetos, pessoas e lugares que até então não tinham qualquer tipo de associação e a partir disso construindo cenas e narrativas. Em minhas pinturas procuro fazer o mesmo”, destaca. Artur Veloso cursa bacharelado em Artes Visuais no Instituto de Artes da UFRGS. Sua produção é voltada para a pintura e o desenho figurativos, normalmente tendo como tema a figura humana. É um dos integrantes do Studio P, projeto de extensão voltado para a pesquisa em pintura e realização de ações na comunidade. Participou das exposições coletivas “Três Novos Olhares” no Centro Cultural Erico Verissimo (2016) e “2001 Uma Odisseia da Arte” no atelier Burk’arte (2016). Auxiliou o artista Roberto Van Ploeg na realização de sua pintura no projeto Arte no Muro do Santander Cultural (2016).

Música

Concerto da Ospa | Série Igrejas
Quando: 16 de maio de 2017, terça-feira, às 20h30
Onde: Igreja da Reconciliação (Rua Sr. dos Passos, 202 – Porto Alegre)

A edição de 2017 da Série Igrejas da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre inicia trazendo a Porto Alegre a flautista estadunidense Christie Beard. No dia 16 de maio, terça-feira, às 20h30, a solista já conhecida pela dedicação à difusão da música contemporânea latino-americana apresenta-se pela primeira vez coma Ospa e faz solos de obra do compositor porto-riquenho Ernesto Cordero na Igreja da Reconciliação (Rua Senhor dos Passos, 202). Com regência de Evandro Matté, diretor artístico e maestro da Ospa, a orquestra apresenta, ainda, a Sinfonia nº 38 de Mozart. A entrada é franca. Christie Beard vem desenvolvendo uma ativa carreira internacional como solista, musicista de câmara e professora, sendo frequentemente convidada a recitais e festivais pelas Américas e Europa. Seu foco atual é a música contemporânea para flauta da região andina. Em Porto Alegre, ela executa a primeira obra do programa do evento: o “Concerto Boriken para flauta piccolo e orquestra” de Cordero, composto em 2001. Na sequência, será apresentada a Sinfonia nº 38 de Mozart, escrita em 1786. Também conhecida por “Praga”, a composição presta homenagem à cidade que acolheu Mozart quando os vienenses perderam interesse por sua música em função das inovações que trazia. A obra foi composta pouco depois de Mozart romper seu vínculo com a corte, inaugurando um novo momento na história da música e abrindo espaço para as liberdades que os compositores vieram a conquistar no século XIX.

Foto: Chasing Light Photography

Teatro

Ícaro
Teatro do Instituto Ling (Rua João Caetano, 440 – Três Figueiras, Porto Alegre)
19/05, sexta-feira, às 20h / 20/05, sábado, às 19h / 25/05, quinta-feira, às 20h / 26/03, sexta-feira, às 20h / 27/05, sábado, às 16h e às 19h.

Ícaro é, acima de tudo, um espetáculo sobre a diversidade humana. Em cena, um único ator e seis histórias que abordam temas universais, como relacionamentos entre pais e filhos, resiliência, relações amorosas, suicídio, preconceito, gravidez e maternidade. O ponto em comum: todas são depoimentos ficcionais de pessoas cadeirantes. Dramas que se tornaram espetáculo pelas mãos do ator gaúcho Luciano Mallmann, que estreia como dramaturgo e vai interpretar todas as personagens. São homens e mulheres que contam para a plateia seus medos, frustrações, alegrias e conquistas. A inspiração partiu das próprias experiências do autor e de pessoas que conheceu depois que passou a usar cadeira de rodas. Em 2004, Luciano sofreu uma lesão na medula ao cair durante uma acrobacia aérea em tecido no Rio de Janeiro.
> QUANTO: R$ 40,00 (50% de desconto para estudantes, idosos e pessoas com deficiência)
> VENDA DE INGRESSOS ON-LINE PELO SITE: www.institutoling.org.br

Foto: Fernanda Chemale