Guia21 recomenda ‘Invisível’, ‘No Intenso Agora’, ‘Um Perfil para Dois’, o Constanze Quartet e a Ospa

Milton Ribeiro

Um fim de semana cheio de estreias e atrações.

No cinema destacamos cinco filmes: o argentino Invisível, o documentário brasileiro No Intenso Agora, o finlandês O Outro Lado da Esperança, o francês Um Perfil para Dois e o escandinavo Borg Vs. McEnroe.

Os temas são variadíssimos: Invisível é sobre uma gravidez adolescente, No Intenso Agora, conta sobre as revoltas de 1968 em várias cidades do mundo, O Outro Lado da Esperança, de um imigrante sírio em Helsinki que teve seu visto negado, Um Perfil para Dois trata das confusões que podem ocorrer em encontros marcados pela internet e Borg Vs. McEnroe de uma célebre partida de tênis ocorrida em 1980. 

A música também vem muito forte com o Constanze Quartet apresentando-se no StudioClio (domingo) e a Ospa, com um super programa na próxima terça-feira.

Mas não devemos esquecer da remontagem de A Casa de Bernarda Alba, de García Lorca, no Teatro Renascença.

Abaixo, maiores detalhes de tudo isso e muito mais.

Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana! De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.

Cinema – Estreias

Invisível (****)
(Invisible), de Pablo Giorgelli, Argentina / Brasil, 2016, 90 min


Ely tem 17 anos e mora no bairro da Boca em Buenos Aires. Ela cursa o último ano do ensino médio e trabalha em uma pet shop para completar a renda familiar. Ela descobre que está grávida de Raúl, dono da pet shop, e sua vida entra em parafuso. Enquanto tenta manter sua rotina diária como se nada tivesse acontecido, ela é tomada pelo medo e pela angústia. A sociedade que a pressiona e o estado de saúde frágil da sua mãe a isolam e a obrigam a amadurecer precocemente.


Na Cinemateca Capitólio, às 20h
No GNC Moinhos 4, às 13h20, 15h15 e 19h35
No Guion Center 1, às 19h35
No Guion Center 3, às 13h50

No Intenso Agora (****)
de João Moreira Salles, Brasil, 2017, 127 min


Feito a partir da descoberta de filmes caseiros rodados na China em 1966, durante a fase inicial e mais aguda da Revolução Cultural, No intenso agora trata da natureza efêmera dos momentos de grande intensidade. Às cenas da China somam-se imagens dos eventos de 1968 na França, na Tchecoslováquia e, em menor medida, no Brasil, a partir das quais, na tradição dos filmes-ensaio, tenta-se investigar como aqueles que tomaram parte naqueles acontecimentos seguiram adiante depois do arrefecimento das paixões. As imagens, todas elas de arquivo, revelam não só o estado de espírito das pessoas filmadas – alegria, encantamento, medo, decepção, desalento – como também a relação entre registro e circunstância política. O que se pode dizer de Paris, Praga, Rio de Janeiro e Pequim a partir das imagens daquele período? Por que cada uma dessas cidades produziu um tipo específico de registro?


No Espaço Itaú 3, às 19h

O Outro Lado da Esperança (****)
(Toivon tuolla puolen), de Aki Kaurismäki, Finlândia / Alemanha, 2017, 100 min

Cena de O Outro Lado da Esperança

Helsinki. Os destinos de Wikhström, um cinquentão que decide mudar de vida, abandonando a esposa alcoólatra e seu emprego para abrir um restaurante, se cruzam com Khaled, um jovem refugiado sírio que tem seu visto negado ao chegar na cidade. Tocado pela história do jovem imigrante, Wikhström decide escondê-lo em seu restaurante.


No Espaço Itaú 7, às 19h10 e 21h20
No Guion Center 2, às 13h40, 17h30 e 21h20

Um Perfil para Dois (****)
(Un Profil Pour Deux), de Stéphane Robelin, França / Alemanha / Bélgica, 2017, 101 min


O viúvo Pierre não sai de casa há dois anos. Ele descobre as alegrias da internet graças a Alex, um jovem contratado pela filha para lhe ensinar informática. Em um site de encontros, Pierre se interessa por Flora. O problema é que, em seu perfil, o viúvo colocou a foto de Alex e não a sua. Uma bela comédia.


No Cinemark Barra 1, às 21h30
No GNC Moinhos 3, às 13h30, 17h45 e 19h45
No Guion Center 1, às 13h45, 15h40 e 21h10

Borg Vs. McEnroe (***)
(Borg Vs. McEnroe), de Janus Metz Pedersen, Dinamarca / Suécia / Finlândia, 2017, 108 min


A preparação dos tenistas Björn Borg (Sverrir Gudnason) e John McEnroe (Shia LaBeouf) para a final de Wimbledon de 1980. Enquanto o primeiro, sueco, tido como técnico e calculista, sofre a pressão de defender o título do torneio pela quinta vez consecutiva (um feito inédito); o segundo, norte-americano, vai ter que superar o próprio temperamento explosivo para mostrar que é capaz de chegar ao topo do mundo no esporte. Melhor não consultar o Google antes de ver filme.


No Espaço Itaú 4, às 19h20
No Espaço Itaú 7, às 16h50
No GNC Moinhos 3, às 15h35 e 21h50
No Guion Center 2, às 15h30 e 19h20

Cinema – Em cartaz

Terra Selvagem (****)
(Wind River), de Taylor Sheridan, EUA, 2017, 107 min


Wind River se passa em uma pequena comunidade dos Estados Unidos de forte presença de descendentes dos indígenas. É lá que vive o caçador Cory, interpretado por Jeremy Renner. Convocado para dar cabo de um animal que vem dizimando o gado, ele acaba se deparando com o corpo de uma jovem. Nesse ponto, o FBI precisa ser chamado. É aí que entra a agente Jane (Elizabeth Olsen). Perdida, a forasteira pede ajuda a Cory, que perdeu uma filha em situações semelhante e tem que lidar com seus próprios traumas. A partir de uma ideia original, o diretor Sheridan procura dar voz a um povo a quem as estatísticas não ouvem. Os indígenas são o único grupo demográfico que não conta com recenseamento próprio no que tange às taxas de homicídio contabilizadas nos EUA. (Com AdoroCinema).


No Espaço Itaú 4, às 17h10 e 21h40
No Guion Center 3, às 17h10
No GNC Moinhos 1, às 16h35 e 21h

Gabriel e a Montanha (****)
de Fellipe Barbosa, Brasil, 2017, 131 min


Rapaz rico e inteligente deixa sua casa, família e cidade para se aventurar sozinho por territórios distantes com pouca bagagem e muito interesse nas pessoas que encontra pelo caminho. Nunca mais retorna. Apesar das semelhanças, Gabriel e a Montanha não é o Na Natureza Selvagem brasileiro. Por razões distintas, é tão bom quanto. Gabriel Buchmann (João Pedro Zappa) tinha um grande sonho: conhecer a África. Entretanto, mais do que visitar seus pontos turísticos ele desejava conhecer como era o estilo de vida do africano, sem se passar por turista. Desta forma, decide encerrar sua viagem ao mundo justamente no continente, onde se envolve com vários habitantes locais e recebe a visita da namorada, Cristina (Caroline Abras), que mora no Brasil. Prestes a retornar, seu grande objetivo se torna alcançar o topo do monte Mulanje, localizado no Malawi. (Com AdoroCinema).


No Espaço Itaú 2, às 19h
No Guion Center 2, às 20h50

A Guerra dos Sexos (****)
(Battle of the Sexes), de Jonathan Dayton e Valerie Faris, Reino Unido / EUA, 2017, 121 min


Baseado numa famosa história real dos anos 60 e contando com atuações estupendas de Emma Stone e Steve Carell, A Guerra dos Sexos narra a disputa de uma estranha partida de tênis e seu entorno. Acontece que a líder da classificação mundial feminina Billie Jean King (Emma Stone) reclama que a remuneração das mulheres é inferior à dos homens e o ex-campeão Bobby Riggs (Steve Carell) diz que as mulheres recebem menos porque sua forma de jogar é inferior, etc. É criado um desafio em quadra: um jogo entre King x Riggs. Sob grande atenção da mídia, Riggs tenta provar sua superioridade, enquanto King sabe que o que está em jogo vai muito além de um troféu. Os cineastas Jonathan Dayton e Valerie Faris trazem seu estilo leve e despretensioso de Pequena Miss Sunshine para abordar uma história de cunho feminista — e a favor dos direitos dos homossexuais também. A dupla de diretores capta com deliciosa ironia os contrassenso de uma época em que era OK uma empresa de cigarros patrocinar uma competição esportiva; porém, no fundo, desmontam o discurso da supremacia masculina.


No GNC Moinhos 4, às 17h10

O Formidável (****)
(Le Redoutable), de Michel Hazanavicius, França, 2017, 107 min


Este é um filme sobre a vida do diretor Jean-Luc Godard nos anos 60. Hazanavicius não fez um filme imitando Godard — o que seria impossível, pois há vários –, antes tira um sarro parodiando as ações do diretor na primeira e mais gloriosa fase de sua carreira. Muitos amantes de Godard — dentre os quais nos incluímos — detestaram a abordagem pouco simpática ao retratado, mas é indiscutível que o filme empresta leveza àquele que muitos consideram um deus. É bom desssacralizar, não? O filme narra o período em que Godard viveu com a atriz Anne Wyazemsky. A base foi o livro Um ano depois, de Wyazemsky. Ela trabalhou com Godard em A chinesa (1967) e o acompanhou, nos filmes e fora deles, até 1979. Ela mostra como um gênio pode ser incontrolável e frequentemente infantil. O que irritou os godarianos foi o tom satírico: Godard é uma criança que se leva muito a sério. Fica engraçado.


No Guion Center 1, às 17h35

Manifesto (****)
(Manifesto), de Julian Rosefeldt, Austrália, 2016, 98 min


Manifesto questiona o papel da arte na nossa sociedade de hoje, ontem e sempre. É quase um filme-tese. O diretor alemão Julian Rosefeldt tem Cate Blanchett interpretando 13 personagens distintos em uma série de monólogos recheados com referências a manifestos artísticos. “Não importa de onde se tira as coisas, mas para onde se as leva”, disse Jean-Luc Godard. A proposta de Rosefeldt, que é também artista plástico, é reunir 13 manifestos consagrados, sob os mais variados temas, de forma a criar, a partir deles, reinterpretações contando com o auxílio de uma grande atriz, Cate Blanchett. É a partir do já existente que se cria algo novo. É óbvio que o filme seja um tanto hermético, mas às vezes a gente vai no cinema para pensar, não?


No Guion Center 3, às 15h25

Blade Runner 2049 (****)
(Blade Runner 2049), de Denis Villeneuve, EUA, 2017, 163 min


Uma bonita e respeitosa continuação do Blade Runner original. California, 2049. Após os problemas enfrentados com os Nexus 8, uma nova espécie de replicantes é desenvolvida, de forma que sejam mais obedientes aos humanos. Um deles é K (Ryan Gosling), um blade runner que caça replicantes foragidos para a polícia de Los Angeles. Após encontrar Sapper Morton (Dave Bautista), K descobre um fascinante segredo: a replicante Rachel (Sean Young) teve um filho, mantido em sigilo até então. A possibilidade de que replicantes se reproduzam pode desencadear uma guerra deles com os humanos, o que faz com que a tenente Joshi (Robin Wright), chefe de K, o envie para encontrar e eliminar a criança.


No Espaço Itaú 7, às 13h30

Como Nossos Pais (***)
de Laís Bodanzki, Brasil, 2017, 102 min


Rosa é uma mulher que quer ser perfeita em todas suas obrigações: como profissional, mãe, filha, esposa e amante. Quanto mais tenta acertar, mais tem a sensação de estar errando. Filha de intelectuais dos anos 70 e mãe de duas meninas pré-adolescentes, ela se vê pressionada pelas duas gerações que exigem que ela seja engajada, moderna e onipresente, uma supermulher sem falhas nem vontades próprias. Rosa vê-se submergindo em culpa e fracassos, até que em um almoço de domingo, recebe uma notícia bombástica de sua mãe. O trailer dá o spoiler…


Na Sala Eduardo Hirtz, às 17h

Exposições

Scheffel por ele mesmo
No Margs (Praça da Alfândega, s/n)
Até 5 de dezembro, de terças a domingos, das 10h às 19h

A Exposição “Scheffel por Ele Mesmo”, reúne obras da Coleção Família Zelmanowicz, Fundação E. F. Scheffel e acervos privados e propõe revelar ao público um recorte sobre a obra de Ernesto Scheffel, talvez o mais instigante de sua produção: a década de 1970, que permanece ainda pouco conhecida. A escolha das obras forma um conjunto estabelecido pelo próprio Scheffel – com texto de sua autoria – em uma exposição por ele sonhada e não realizada em vida. Apresenta ainda, uma mostra de retratos, promovendo uma visão panorâmica sobre a produção artística de Scheffel, a partir da década de 1950 até os anos 2000. Em diálogo com a Exposição, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul apresenta uma coletânea de obras dos professores do artista, no Instituto de Belas Artes (atual Instituto de Artes da UFRGS), do período entre 1941 e 1946. Entre eles, nomes consagrados da pintura gaúcha, como: João Fahrion, Ângelo Guido, José Lutzenberger, Benito Castañeda, Maristany de Trias e Fernando Corona, possibilitando ao público um olhar sobre os Mestres que influenciaram diretamente a obra de Ernesto Frederico Scheffel.

Divulgação / Margs

Guarde Seus Olhos, de Felipe Caldas, e Proj. de Pesq. em Fotografia Contemporânea
Galerias Xico Stockinger e Sotero Cosme – 6º andar CCMQ (Rua dos Andradas, 736)
Terça a sexta-feira, das 10h às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h
De 15 de setembro a 19 de novembro

Com a curadoria Ana Zavadil, neste trabalho, Felipe Caldas trabalha com um repertório próprio na construção das imagens. A pintura é forte, densa e sugere uma fruição meticulosa, levando levará o observador por caminhos inquietantes na tentativa de desvelar o sentido da obra. O artista usa materiais alheios à pintura, como a gasolina, apenas para citar um. Riscar, arranhar, sobrepor, justapor, manchar e sujar, fazem parte do ato. Os materiais são usados para garantir efeitos nas pinturas. Com a curadoria de Fábio André Rheinheimer, o Projeto de Pesquisa em Fotografia Contemporânea foi estruturado com o objetivo de fomentar pontualmente outras possibilidades do fazer artístico. Foram consideradas as particularidades pertinentes à produção individual dos profissionais convidados, no que lhes havia de mais representativo e, em continuidade, lhes fora proposto vivenciar uma investigação diferenciada, porém autoral, na área de fotografia contemporânea, mediante o exercício desta. A significativa produção das imagens inéditas especialmente concebidas para este projeto, depois de quatro meses, deu origem à exposição com os seguintes fotógrafos convidados: Andrea Ludwig Cocolichio, Ana Rocha, Carlinhos Rodrigues, Douglas Fischer, Fabrício Simões, Flávio Wild, Hernando Salles, Iara Tonidandel, Karla Santos, Lucca Curtolo, Manoel Petry, Paulo Mello e Roberta Agostini. “Projeto de Pesquisa em Fotografia Contemporânea” ficará aberta para visitação até o dia 19 de novembro. A exposição é recomendada para maiores de 18 anos.

Obra de Felipe Caldas

Música

Constanze Quartet
No StudioClio, Rua José do Patrocínio, 698
Dia 12 de novembro de 2017, domingo, às 19h

O Quarteto Constanze é formado por 4 solistas virtuoses radicadas na terra de Mozart, Salzburgo, onde atuam regularmente no Palácio Mirabell. Possuem renome internacional devido ao apuro técnico e expressividade mediterrânea de sua música, que conciliam muito bem com a tradição austríaca. Em apresentação única em Porto Alegre, executarão uma das mais belas obras da literatura para quartetos, o K 465 – Quarteto das Dissonâncias, de Wolfgang Amadeus Mozart. No repertório, também uma obra inédita em Porto Alegre do compositor romântico alemão Felix Draseke. Um momento excepcional da música de câmara nesta cidade. O Quarteto Constanze é formado por Emeline Pierre (violin), Esther Gutíerrez (violin), Sandra García (viola) e Marion Platero (cello).

Programa

W.A.Mozart (1756-1792)
Quarteto em Do-Major, KV 465 “Dissonâncias”

Félix Draeseke (1835-1913)
Quarteto Nr.2 em mi-menor, op.35

INTEIRO: R$70,00, na hora (R$ 60 com compra antecipada)
MEIA-ENTRADA: R$35,00, na hora (R$ 30 com compra antecipada)

Concerto da Ospa | Série UFRGS
Dia 14 de novembro de 2017, terça-feira, às 20h30
No Salão de Atos da Universidade Federal do RS (Av. Paulo Gama, 110 – Porto Alegre)

A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) dá sequência à Série UFRGS de concertos trazendo ao Brasil, pela primeira vez, o premiado maestro estoniano Risto Joost. No dia 14 de novembro, terça-feira, às 20h30, ele conduz a interpretação do Concerto para piano nº 1 de Johannes Brahms e da Sinfonia nº 4 de Anton Bruckner no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O solista da noite é André Carrara, pianista da Ospa. O evento presta homenagem aos 60 anos da Rádio da Universidade, abrindo as comemorações do aniversário da emissora. Os ingressos custam R$ 30, estão à venda em www.ospa.org.br e serão vendidos, também, no dia do evento, na bilheteria do local.
Programa
Johannes Brahms: Concerto para Piano nº 1
Anton Bruckner: Sinfonia nº 4

Foto: Marília Lima

Regente: Risto Joost (Estônia)
Solista: André Carrara (Brasil | piano)

Teatro

Espetáculo “BERNARDA”
Quando: 02 a 12 de novembro, quintas a domingos, 20h30
Onde: Teatro Renascença (Av. Erico Verissimo, 307)

Uma tradicional família de cinco filhas solteiras, uma mãe despótica, uma avó louca e duas criadas tratadas como animais de carga povoa “BERNARDA”, espetáculo que transpõe para o palco o texto “A CASA DE BERNARDA ALBA” de Federico García Lorca, uma história mergulhada na tradição, no preconceito, no autoritarismo, na repressão sexual e na opressão das mulheres e que estreou no dia 2 de novembro no Teatro Renascença às 20h30. O universo doméstico opressivo que abriga a tragédia da virgindade, o explosivo resultado da repressão sexual e a amarga sina de mulheres que nunca terão a oportunidade de escolher seus maridos da obra do escritor espanhol será traduzido para o palco a partir da direção de Graça Nunes e direção coreográfica de Carlota Albuquerque. “BERNARDA” é uma peça que levanta duros questionamentos sobre a sociedade machista, assim como desafia as tradições, a força coercitiva da religião e da cultura. “Independente do fato de que o texto de Lorca navegue entre um pretenso naturalismo e um perceptivo simbolismo, buscamos apoio, para a escritura cênica da nossa ‘Bernarda’, em elementos claramente atribuídos a uma estética mais contemporânea e performática, enfatizando sensações e linguagem de ações não cotidianas”, afirma Graça Nunes. Sons de instrumentos de percussão, ruídos, barulhos e murmúrios, compõem a trilha sonora do espetáculo e o cheiro do incenso, do suor e do medo deve embalar as cenas. O figurino traz o mesmo traje em preto para todas as personagens, trazendo uma proposta de desindividualização das mulheres que estarão no palco.

Eduardo Severino Cia. de Dança — comemoração dos 17 anos
3 espetáculos: (1) TEMPOSTEPEGOQUEDELÍCIA, (2) Bundaflor. Bundamor, (3) IN/compatível?
Teatro Bruno Kiefer/CCMQ, Rua dos Andradas, N° 736, 6° andar.
Dias 11 e 12 de novembro de 2017, sábado e domingo

Foto: Perfil do Facebook do grupo

• O trabalho TEMPOSTEPEGOQUEDELÍCIA estreou em 2012 e foi apresentado no mesmo ano no Fidet/Santiago/Chile, Teatro Sérgio Cardoso/São Paulo e Sesc Santo Amaro/Projeto Modos de Existir/São Paulo. Prêmio Funarte Klauss Vianna 2012 para circulação pelo Brasil em 2013 com o projeto “Circulação em Dois Atos” com as obras Bundaflor Bundamor e Tempostepegoquedelícia.Quatro indicações ao Prêmio Açorianos de Dança da Secretaria Munícipal de Cultura de Porto Alegre/2012 para Tempostepegoquedelícia.

• O trabalho Bundaflor. Bundamor estreou em 2008 e foi apresentado no FIDET/Santiago do Chile/2011, circulou pelo Brasil além de ser apresentado na cidade do México no CICO, Centro de investigação Coreográfica da Cidade do México.

• O trabalho IN/compatível? teve estréia em 2005 e uma remontagem em 2016, circulou por várias cidades do estado, Belo Horizonte e Rosário/Argentina em Festival Internacional EL Cruce. A Cia circulou com outros trabalhos da Cia. como Planetário, Lixo, Lixo Severino, Manchas Urbanas, Ato Bruto, A Mão Mansa do Afeto e tantos outros, foram 15 trabalhos nesta trajetória por Barcelona/Espanha, Montevideu/Uruguai, Carolina do Norte/USA, interior do Estado e pelo Brasil. Próximo trabalho com estréia para 2018, BEIJO, com financiamento de FUMPROARTE( se pagarem e se o financiamento ainda existir) .

No dia 11 de novembro apresentaremos os trabalhos TEMPOSTEPEGOQUEDELÍCIA e Bundaflor Bundamor com debate após o espetáculo com os artistas Luciana Paludo e Bia Diamante e Fernando Seffner.

No dia 12 de novembro apresentaremos o trabalho IN/compatível? e após confraternização dos 17 anos.

Serviço:
Onde: Teatro Bruno Kiefer/Casa de Cultura Mario Quintana, Rua dos Andradas, N° 736, 6° andar.
Quando: Dias 11 e 12 de novembro de 2017, sábado e domingo.

O que:
Dia 11 – TEMPOSTEPEGOQUEDELÍCIA e bundaflor, Bundamor + debate com Fernando Seffner, Luciana Paludo e Bia Diamante + elenco.
Dia 12 – IN/compatível? + confraternização.
Horário: 19h
Quanto: Inteira: R$ 30,00 e meia R$ 15,00 (estudantes, idosos e classe artística)

TEMPOSTEPEGOQUEDELÍCIA

Trabalho que se desenvolve a partir de questões de gênero e sexualidade, Tempostepegoquedelícia se propõe a borrar as encarnações do feminino e do masculino, misturando marcadores de gênero e levando à cena sexualidades provisórias. Vestes hieráticas, erotismo, homens em tubinho e decote sexy, coletes de pele, cueca e calcinha vermelhas e corpos nus interrogam, com humor a falocracia, que marca as relações interpessoais na cultura brasileira, e que acaba encontrando reflexo na nossa arte. O trabalho quer oferecer ao espectador a oportunidade de desfrutar da ambiguidade da carne, sem receio de ser pego em flagrante delito de voyeurismo..

Bundaflor, Bundamor

Bundaflor, Bundamor, o trabalho discorre sobre a Bunda. Inspirada em obra do historiador francês Jean Luc Henning, “A breve história das nádegas”, Bundaflor, Bundamor propõe outros olhares para essa parte do corpo humano, atentando para a sua constituição, desenho e possibilidades motoras. Aproveita ainda, do contexto em que se vive, para abordar a bunda brasileira, formada graças à herança genética africana, como massa carnal rebolante que mostra a nossa alegria mestiça.

IN/compatível?

O trabalho retrata de maneira bem humorada e com muita ironia a robotização da união entre quatro personagens através de uma linguagem contemporânea, com quatro personagens que se entrelaçam em seus sentimentos. Em cena, os quatro intérpretes negociam seus sentimentos atrás de uma escrivaninha que também é cama, que também é chão, os seres negociadores do amor trajam um figurino pop que sugere um mundo mecanicista com relações vazias e distantes, onde os corpos ficam evidenciados no intuito de questionar o culto ao corpo existente em nossa sociedade, o mecanicismo de nossas relações e a robotização de nossos comportamentos cotidianos na contemporaneidade.

A abundância de imagens e sensações sugeridas pelo cotidiano e a aridez e artificialidade nas relações humanas foi o ponto de partida para a pesquisa coreográfica e para a remontagem/recriação desta obra.