Guia21 recomenda Três Anúncios para um Crime, Antes do fim e Mudbound

Milton Ribeiro

As três estreias citadas no título prometem. Três Anúncios para um Crime vem precedido dos maiores elogios e o mesmo pode ser dito sobre Antes do Fim e Mudbound — Lágrimas sobre o Mississipi. O primeiro e o último fazem parte daquele grupo de “filmes do Oscar”. 

Mas o que impressiona é a quantidade e a alta qualidade das continuações. Dê uma olhada abaixo.

Na música, temos Wander Wildner cantando em solo na Regional Cervejas Artesanais e Luana Pacheco no London Pub.

Abaixo, maiores detalhes de tudo isso e muito mais.

Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana! De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.

Cinema – Estreias

Três Anúncios para um Crime (*****)
(Three Billboards Outside Ebbing, Missouri), de Martin McDonagh, EUA, 2017, 116 min


Mildred Hayes é uma mulher do interior de luto pela morte da filha. Após meses sem que o assassinato da garota seja solucionado pela polícia, ela decide se vingar por conta própria. Chegando ao terceiro longa-metragem, o diretor, roteirista e dramaturgo londrino Martin McDonagh emprega seu traço cômico pitoresco (sombrio, ágil, mordaz e de notável sensibilidade britânica) num retrato tipicamente norte-americano, se refestelando com os arquétipos referentes ao meio-oeste/sul do país. Em Três Anúncios Para Um Crime, o cineasta mergulha no universo marcado pela violência, pelo conservadorismo e pelas questões raciais do interior dos Estados Unidos através da história de Mildred Hayes (Frances McDormand), moradora da cidade de Ebbing, no Missouri, que, após meses sem notar qualquer avanço nas investigações do assassinato da filha, Angela, decide cobrar um posicionamento das autoridades de modo inusitado: alugando três outdoors localizados à beira da estrada, próximos à entrada de Ebbing, para mandar uma mensagem direta ao chefe de polícia local, o xerife Bill Willoughby (Woody Harrelson). (Com o Papo de Cinema).

CÓPIAS LEGENDADAS
No Cinespaço Wallig 2, às 13h30, 16h, 18h30 e 21h
No Espaço Itaú 7, às 13h30, 16h, 18h30 e 21h
No GNC Iguatemi 2, às 14h, 16h45, 19h10 e 21h30
No GNC Moinhos 2, às 13h50, 16h30, 19h e 21h30
No GNC Praia de Belas 3, às 14h, 16h45, 19h10 e 21h30

Antes do fim (*****)
de Cristiano Burlan, Brasil, 2017, 86 min

Foto: Divulgação

Antes do fim, novo longa-metragem do diretor Cristiano Burlan e protagonizado por Helena Ignez e Jean-Claude Bernardet, tem coprodução do Canal Brasil. O filme mergulha na vida de um casal de idosos que, na ficção, leva o mesmo nome dos atores. Jean sente-se preso na lógica de longevidade que a indústria farmacêutica o impõe e decide planejar um suicídio consciente. Ele convida Helena para que o suicídio seja a dois. Ela, por sua vez, hesita, sabe que viverá bem inclusive se precisar viver só, mas o ajuda em suas intenções. O silêncio entre eles não revela distância, mas intimidade. São anos de um afeto compartilhado. Juntos, eles prepararão todos os detalhes para o funeral. Ele pensa na morte enquanto ela segue ensaiando a vida.


No CineBancários, às 15h e 19h

Mudbound — Lágrimas sobre o Mississipi (****)
(Mudbound), de Dee Rees, EUA, 2017, 134 min

Cena de ‘Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi’

Depois da Segunda Guerra Mundial, duas famílias entrelaçam suas histórias vivendo no delta do Rio Mississippi. Juntas, elas enfrentam uma hierarquia social bárbara numa paisagem implacável. Ao mesmo tempo, lutam uma batalha em casa e outra no exterior. Um idoso racista que não sabe soltar uma palavra de carinho nem para a própria família. Uma mulher, branca, que vive desiludida no isolamento. Seu marido, da mesma cor, um fazendeiro com problemas no campo. Do outro lado, um negro que sonha em ter suas próprias terras. Sua esposa, alguém que cria os filhos para irem além daquela vida isolada. Das duas famílias, dois jovens são convocados para lutar contra os alemães e retornam com traumas, cada um à sua maneira. Personagens que vivem no mesmo local, uma propriedade no interior dos EUA, num Mississipi dominado pelo racismo. O contexto é a Segunda Guerra Mundial e como o antes e depois dela não alteraram em nada a questão do preconceito no país norte-americano. Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi foi ovacionado no Festival de Sundance deste ano. Não é para menos. O longa-metragem de Dee Rees adapta o romance homônimo para fazer uma das críticas mais ferozes à questão racial no chamado país de Primeiro Mundo. (Com o Papo de Cinema).

https://youtu.be/BGzKpEgMaiQ
CÓPIAS LEGENDADAS
No Cinespaço Wallig 5, às 14h30, 17h30 e 20h30
No Espaço Itaú 2, às 13h30 e 18h40
No Guion Center 1, às 20h45
No Guion Center 2, às 16h20

Cinema – Em cartaz

O Insulto (****)
(L’Insulte), de Ziad Doueiri, França/Líbano, 2017, 112 min


Tony Hanna é libanês cristão. Yasser Abdallah Salameh é refugiado palestino. Os dois estão em Beirute. O primeiro é dono de uma oficina mecânica, está, ao lado da jovem esposa, à espera de um bebê, e passa seus dias ouvindo pregações político-religiosas na televisão. O segundo é capataz – não regularizado, importante destacar – de uma série de obras que estão sendo feitas no bairro onde o outro mora. Cada um no seu rumo, na sua vida, sem interferências nem atritos que pudessem colocar um no caminho do outro. Mas uma pequena bobagem, que em qualquer outro contexto seria irrelevante, acaba assumindo proporções inimagináveis para os dois. E, assim, O Insulto se transforma em algo muito maior do que os atos que vemos discorrer na tela. O surrealismo de tudo tanto transforma quanto incomoda. E, justamente, por ser um retrato de uma realidade tão específica, se mantém distante daquilo que aceitamos como crível, permitindo interpretações extremas. (Com o Papo de Cinema)


No Guion Center 3, às 16h45 e 20h30

Sem Amor (*****)
(Nelyubov), de Andrey Zvyagintsev, Rússia/França/Bélgica/Alemanha, 2017, 128 min


A tensão reinante na casa do pequeno Alyosha (Matvey Novikov) é, num nível superficial, ocasionada pelo processo doloroso da separação em curso. Aos gritos, a mãe, Zhenya (Maryana Spivak), e o pai, Boris (Alexey Rozin), discutem os termos de seu rompimento, inclusive o porvir do filho. Ambos se esquivam de responsabilidades, jogando adiante o encargo da guarda da criança. Contudo, nas profundezas, há uma aridez emocional que sobrepuja os conflitos compreensíveis entre pessoas que vivenciam uma irrevogável fissura familiar. Esse carcomido cenário afetivo, do qual se tem boa visão no início de Sem Amor, ganha matizes no decorrer do longa-metragem, com as demais relações do ex-casal sendo contaminadas pelos vícios que tornaram inviável a continuidade de uma convivência de anos. O cineasta Andrey Zvyagintsev observa o garoto com sensibilidade, apiedando-se por ele ser tragado pelo torvelinho de ofensas e desaforos cuja motivação remonta a muito antes de seu nascimento. (Com o Papo de Cinema)

CÓPIAS LEGENDADAS
No Espaço Itaú 1, às 21h30

Cinema – Em cartaz

A Forma da Água (****)
(The Shape of Water), de Guilhermo Del Toro, EUA, 2017, 123 min

Os momentos iniciais de A Forma da Água são dedicados a apresentar sinteticamente o cotidiano de Eliza (Sally Hawkins). Moradora de um apartamento sobre o cinema da cidade, ela é profissional de limpeza de um laboratório norte-americano subordinado ao exército. Guillermo del Toro desloca elegantemente a câmera pelos cômodos da residência, evidenciando o esmero da direção de arte e da cenografia ao delineamento de um espaço, ao mesmo tempo, acolhedor e repleto de personalidade. A trilha sonora de Alexander Desplat se impõe positivamente como auxiliar vital da construção da atmosfera lúdica, própria à improvável e central história de amor, uma metáfora da beleza da diversidade. Logo nos deparamos com uma criatura confinada, o humanoide anfíbio denominado Forma (Doug Jones). Por ser “monstro”, ou seja, diferente do padrão, o governo norte-americano o trata como trunfo para obter vantagem contra a União Soviética. O filme se passa nos anos 60, em plena Guerra Fria. (Com o Papo de Cinema)

CÓPIAS DUBLADAS
No GNC Praia de Belas 5, às 14h10
CÓPIAS DUBLADAS
No GNC Praia de Belas 4, às 18h30
CÓPIAS LEGENDADAS
No Cinespaço Wallig 4, às 13h30 e 16h
No Espaço Itaú 3, às 14h, 16h30 e 21h30
No GNC Iguatemi 1, às 18h30 e 21h15
NO GNC Moinhos 3, às 16h15 e 21h15
No GNC Praia de Belas 4, às 21h15

The Post: A Guerra Secreta (****)
(The Post), de Steven Spielberg, EUA, 2017,  116 min

“Liberdade de imprensa”. Essa expressão, de tão repetida e mal-empregada, virou, nos dias de hoje, um chavão aberto às mais diversas interpretações – muitas delas, infelizmente, equivocadas. Como se jornais e jornalistas estivessem interessados em enganar seu leitor, agindo em prol de uma força maior e obscura – o governo, obviamente. Algo que, é preciso concordar, não chega a ser uma interpretação totalmente equivocada. No entanto, em sua origem, o entendimento era justamente o contrário: o quarto poder, por assim dizer, era o olho do público, o vigia que deveria investigar e delatar quaisquer irregularidades contra o cidadão. Pois é este ideal, aparentemente em desuso, que Steven Spielberg resgata em The Post: A Guerra Secreta. Mas ele não está interessado em apenas discorrer sobre o óbvio. E por trás do cenário que levanta para o seu discurso, há um outro debate ainda mais relevante, centrado na figura da protagonista, vivida por Meryl Streep. Não se engane, pois temos aqui o filme mais feminista do diretor desde A Cor Púrpura (1985). E isso, sim, significa muito. (…) Os jornalistas e repórteres querem fazer o trabalho deles: reportar ao mundo suas descobertas. Mas a que preço? Como pesar as consequências desse ato? Spielberg mergulha fundo não só na rotina do The Post, mas também na do seu principal concorrente, o The New York Times.  (Com o Papo de Cinema)


CÓPIAS LEGENDADAS
No Espaço Itaú 3, às 19h
No Espaço Itaú 8, às 13h30
No GNC Moinhos 3, às 13h45 e 18h45

Lucky (****)
(Lucky), de John Carroll Lynch, EUA, 2017, 88 min


Um filme extraordinário realizado em torno da lendária figura de Harry Dean Stanton, de 91 anos. O tema é o fim, a morte e o medo de um velho ateu sozinho, mas não solitário. Veterano de mais de 60 anos de filmes memoráveis — o filme onde ele chegou mais próximo de ser protagonista talvez tenha sido Paris, Texas, de Wim Wenders –, Stanton finalmente ganha um papel digno de suas qualidades. Lucky vive numa casa afastada em uma cidade do Arizona. Toda gente o conhece. Ele segue uma rigorosa rotina diária: faz exercícios ao acordar, bebe um copo de leite gelado, vai à cidade, faz palavras cruzadas numa lanchonete, toma seu álcool e vai jogar conversa fora num bar à noite com amigos. Uma manhã, depois do seu amigo Howard (o cineasta David Lynch, aqui como ator) ter comunicado a fuga de seu cágado de estimação, Lucky cai sozinho em casa. Vai ao médico e este lhe diz que ele não tem doença nenhuma e que não vale a pena nem parar de fumar. Está velho e, aos 91 anos, tanto faz. Lucky entende tudo: a queda é o primeiro aviso de que irá morrer logo. Com humor cáustico e seco, Carroll Lynch constrói uma história da melhor poesia.


Na Sala Eduardo Hirtz, às 15h

O Jovem Karl Marx (****)
(Le Jeune Karl Marx), de Raoul Peck, França / Alemanha / Bélgica, 2016, 118 min


Aos 26 anos, Karl Marx embarca com a mulher, Jenny, para o exílio. Em Paris, eles conhecem Friedrich Engels, filho do dono de uma fábrica que estudou o nascimento do proletariado inglês. Engels traz a Marx a peça que faltava para o quebra-cabeça de sua visão de mundo. Seja na esfera documental ou na ficcional, o cinema do haitiano Raoul Peck se notabiliza pelo teor político e de investigação histórica, característica dominante em trabalhos como Lumumba (2000), uma dramatização da trajetória do líder anticolonialista congolês Patrice Lumumba, e Eu Não Sou Seu Negro (2016), documentário indicado ao Oscar que traça um panorama dos conflitos raciais nos Estados Unidos do século XX tendo como base os textos do escritor James Baldwin. Em O Jovem Karl Marx, Peck direciona sua lente biográfica a uma das figuras políticas mais notáveis e debatidas de todos os tempos, apresentando um recorte de sete anos da vida do filósofo e sociólogo alemão (vivido por August Diehl) que parte de seu exílio na França, aos 26 anos de idade, até a criação do Manifesto Comunista. (Com o Papo de Cinema).


No Guion Center 2, às 19h
Na Sala Paulo Amorim, às 15h15
No Espaço Itaú 6, às 16h20 e 21h40

Lou (***)
(Lou Andreas-Salomé), de Cordula Kablitz-Post, Alemanha / Suíça / Áustria / Itália, 2016 113 min


Desde muito pequena, Louise von Salomé demonstrou dificuldades para entender por que homens eram tratados com tanta discrepância em relação às mulheres. Essa rebeldia infante, com ares mais que de travessura natural, é contada pela própria Lou (Nicole Heesters), já aos 72 anos e com uma saúde bastante debilitada, ao homem que, em princípio, chega à procura de sua expertise psicanalítica abafada pela ascensão de Hitler. A cineasta Cordula Kablitz-Post se preocupa claramente com as filigranas, mostrando ao largo a marcha dos alemães rumo à Guerra e a decorrente perseguição a todo tipo de literatura, ciência e/ou campo do saber associado (arbitrariamente) aos judeus. Então, esse verdadeiro ícone trata as inquietações psicológicas do escritor desempregado que relata, maquiando sua história como se de um amigo próximo, as dificuldades conjugais e o bloqueio criativo, determinantes ao seu fracasso, fazendo dele biógrafo. Portanto, o que vemos em Lou são versões comprometidas do real. (Com o Papo de Cinema).


No Guion Center 1, às 14h30, 16h35 e 18h40

Mulheres Divinas (****)
(Die Göttliche Ordnung), de Petra Biondina Volpe, Suíça, 2017, 96 min


Nora é uma jovem dona de casa que mora em uma pequena cidade com o marido e os dois filhos. O interior da Suíça permanece à parte dos grandes movimentos sociais surgidos em 1968. A vida de Nora tampouco é afetada; ela é uma pessoa pacata, de quem todos gostam. Até começar a lutar publicamente pelo direito ao voto feminino, que os homens devem decidir nas urnas no dia 7 de fevereiro de 1971. Um olhar sobre esse período, como se percebe, chega num momento bastante apropriado. Pena, somente, que Mulheres Divinas se contente em apenas apontar para estes eventos, sem debatê-los diante uma reflexão mais profunda. (com o Papo de Cinema).


Na Sala Paulo Amorim, às 17h30

Com Amor, Van Gogh (*****)
(Loving Vincent), de Dorota Kobiela e Hugh Welchman, Reino Unido / Polônia, 2017, 95 min


A trama da animação britânica e polonesa se baseia nas mais de 800 cartas escritas pelo próprio Vincent Van Gogh. Depois que as cenas foram filmadas, 85 pintores recriaram os 62.450 frames em formas de pinturas individuais a óleo. Para cada segundo do longa são necessárias nada menos do que 12 pinturas para que a montagem possa ser feita. Ao todo, foram necessários 860 quadros pintados, além de terem sido realizados 1.026 desenhos. Trata-se e uma investigação aprofundada sobre a vida e a misteriosa morte de Vincent Van Gogh através das suas pinturas e dos personagens que habitam suas telas. Animado com a técnica de pintura a óleo do pintor holandês, os personagens mais próximos são entrevistados e há reconstruções dos acontecimentos que precederam sua morte. É o primeiro longa-metragem feito totalmente em óleo sobre tela. A história: 1891. Um ano após o suicídio de Vincent Van Gogh, Armand Roulin encontra uma carta por ele enviada ao irmão Theo, que jamais chegou ao seu destino. Após conversar com o pai, carteiro que era amigo pessoal de Van Gogh, Armand é incentivado a entregar ele mesmo a correspondência. Desta forma, ele parte para a cidade francesa de Arles na esperança de encontrar algum contato com a família do pintor falecido. Lá, inicia uma investigação junto às pessoas que conheceram Van Gogh, no intuito de decifrar se ele realmente se matou. (Com o AdoroCinema).

https://youtu.be/0IvlYHSXg24
No Guion Center 3, às 15h

Lumière! A Aventura Começa (****)
(Lumière ! L’aventure commence), de Thierry Frémaux, França, 2017, 90 min


Lumière! A Aventura Começa é um mergulho na história dos irmãos franceses que inventaram o cinema, é uma bela viagem ao universo dos fundadores do cinema, os irmãos Louis e Auguste Lumière. São imagens sensacionais e um olhar único da França e do mundo do início da Era Moderna através de 114 breves filmes — eles fizeram quase 1500 — dos irmãos franceses que foram restaurados em 4K e montados para celebrar o legado dos Lumière. Dentro dos filmetes de cinquenta segundos de duração dirigidos pelos Lumière – em especial por Louis – é possível notar, como bem aponta Frémaux, um apurado senso estético, uma preocupação com o posicionamento ideal da câmera, que vai em sentido contrário à percepção errônea de muitos sobre o cinema da dupla ser constituído de registros aleatórios da realidade que os cercava. Ao longo do documentário, Frémaux prova justamente o oposto, expondo como os filmes de Louis e Auguste, que trafegam entre o documental e o ficcional, refletiam sua a visão particular sobre essa realidade – moldada pela composição dos quadros, pela exploração da profundidade de campo, do movimento dos elementos filmados, etc. (Com o Papo de Cinema).


Na Sala Norberto Lubisco, às 19h30

Corpo e Alma (****)
(Teströl és Lélekröl), de Ildiko Enyedi, Hungria, 2017, 116 min


Não é puoca coisa: Corpo e Alma venceu o Urso de Ouro em Berlim neste ano. ​Maria trabalha há pouco tempo em um abatedouro, onde é responsável pelo controle de qualidade. No almoço na cantina, a jovem sempre escolhe uma mesa isolada onde fica em silêncio. Ela leva seu trabalho a sério e segue estritamente as regras. Seu chefe, Endre, é um pouco mais velho que ela e também é do tipo silencioso. Aos poucos, eles começam a se conhecer, reconhecer seu parentesco espiritual, e ficam impressionados ao descobrir que têm os mesmos sonhos durante a noite. Com cuidado, eles tentam torná-los realidade.


Na Sala Eduardo Hirtz, às 17h15

Viva — A vida é uma festa (****)
(Coco), de Lee Unkrich e Adrian Molina, EUA, 2017, 105 min


Miguel sonha em se tornar um grande músico, assim como seu ídolo, Ernesto de la Cruz. Isso apesar da música ter sido banida há gerações em sua família. Desesperado para provar o seu talento, o garoto se vê na deslumbrante e pitoresca Terra dos Mortos seguindo uma misteriosa sequência de eventos. Ao longo do caminho, ele conhece o encantador trapaceiro Hector, e juntos partem em uma jornada extraordinária para descobrir a verdade por trás da história da família de Miguel. Para começo de conversa, é bastante relevante, além de emblemático nesta Era Donald Trump de intolerância e xenofobia, Viva: A Vida é uma Festa ser não apenas protagonizado por um mexicano, mas se passar no México e se valer da cultura do país para consolidar preceitos como o valor da família. Miguel é um dos mais novos da linhagem Rivera de sapateiros, destino selado por um infortúnio do passado, pois sua tataravó, abandonada pelo marido cantor e compositor, que almejava carreira de sucesso, precisou aprender uma profissão para sobreviver. Como efeito, a já falecida senhora amaldiçoou a música, passando a ojeriza adiante como se herança sanguínea. Acontece que o menino acalenta secretamente o desejo, justo, de fazer sucesso tocando violão e soltando a voz por aí, como os mariachis dos quais engraxa os calçados antes das apresentações na praça. Portanto, o problema, logo posto, é essa necessidade de romper com os seus para ser feliz. (Com o Papo de Cinema).

https://youtu.be/-Af1mAec0LA
CÓPIA DUBLADA
No Espaço Itaú 6, às 13h20
CÓPIA LEGENDADA
No Cinespaço Wallig 5, às 14h

Exposições

TERRAMAREAR, de Maristela Salvatori
Visitação de 20 de dezembro de 2017 a 11 de março de 2018
Terça a domingo, das 10h às 19h

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli convida para a exposição “TERRAMAREAR”, de Maristela Salvatori com curadoria da historiadora e crítica de arte Paula Ramos. A abertura é 19 de dezembro (terça) na Pinacoteca do MARGS. A mostra apresenta uma antologia da artista, reunindo obras produzidas ao longo dos últimos 30 anos de carreira. Entre os trabalhos mais recentes de Maristela Salvatori (Porto Alegre, RS, 1960), estão curiosas montagens fotográficas em impressão digital. Para os que acompanham a poética da artista, essas obras podem gerar surpresa. Afinal, Maristela é reconhecida por sua pesquisa calcada nos processos da gravura, sobretudo da gravura em metal, e o que temos são fotografias justapostas, formando uma estrutura de grade. Despretensiosos, esses trabalhos, desenvolvidos ao longo de 2012, apresentam temas e elementos que pautam a poética de Maristela, a saber: perspectivas acentuadas, fragmentos arquitetônicos, postes, luminárias e paredões evidenciando os cruzamentos de linhas e planos no espaço; eles também destacam as etapas de edição e de montagem, caras à artista, e são resultado de um processo de impressão, embora digital. Por fim, eles nos convidam a imaginar o que poderia estar no módulo em branco, invariavelmente centro das composições. A observação da obra da artista nos sugere que o branco das possibilidades, em sua posição nuclear, poderia estar reservado a uma imagem gravada; afinal, em trabalhos ligeiramente anteriores, Maristela fez o procedimento contrário: os módulos eram em monotipia e, em determinado ponto, inseriu uma imagem fotográfica, direcionando para a matriz de seu processo. Fotografia e gravura andam juntas na mostra Terramarear, antologia que apresenta cerca de 120 trabalhos desenvolvidos ao longo dos últimos 30 anos. Das gravuras em metal dos anos 1980, pautadas em fotografias de familiares e amigos em momentos de lazer no litoral; passando pela série Viagem de rio (1993), decorrente de um percurso de 10 dias, em uma chata, ao longo do Rio São Francisco; chegando às cenas de hangares, cais, construções monumentais, silenciosas e abandonadas em cidades visitadas pela artista. Num diálogo com a paisagem, natural ou construída, figuras humanas foram retiradas, ruídos urbanos, excluídos, permanecendo a arquitetura, com seus planos, linhas, levezas e pesos no espaço. Nesse processo, talvez tão importante quanto a viagem física, que possibilitou o registro fotográfico e, por extensão, a produção dessas obras, está a viagem interna, que abriu a Maristela novas possibilidades de pensar a representação do espaço, o lugar do observador – e, por consequência, dela mesma – e a própria técnica da gravura, com suas múltiplas possibilidades.

Foto: Margs

Exposição PulsationsPulsações – Do arquivo vivo de Sérvulo Esmeraldo
De 28 de novembro de 2017 a 31 de março de 2018
De segunda a sexta, das 10h30 às 22h e sábados, das 10h30 às 20h
Na Galeria do Instituto Ling, na Rua João Caetano, 440

PulsationsPulsações – Do arquivo vivo de Sérvulo Esmeraldo, primeira exposição póstuma do artista cearense,falecido em fevereiro deste ano, pouco antes de completar 88 anos. A exposição mostra uma das trajetórias mais originais da arte brasileira: conhecido por seu rigor geométrico-construtivo, Esmeraldo incursionou pela escultura, a gravura, a ilustração e a pintura, tendo sido um dos pioneiros da arte cinética e autor de obras de geometria e luminosidade singulares. A mostra, com curadoria de Ricardo Resende, traz 84 peças – entre gravuras, matrizes, desenhos, estudos, relevos, maquetes, instalações, documentos e fotografias – que fazem parte do arquivo do IAC – Instituto de Arte Contemporânea (São Paulo/SP). PulsationsPulsações joga luz sobre o rico processo criativo do artista em seus primeiros anos na França, uma fase de aprendizado, de iniciação nas técnicas da gravura em metal e litografia. Contempla os desenhos e as gravuras em metal que compõem esse período europeu, sob a influência do abstracionismo lírico que vigorava na capital francesa naquele momento, que seria uma resposta à Action Painting nova-iorquina. É acompanhada, ainda, de uma seleção de esculturas e de duas pinturas posteriores a essa fase, quando explorou a topologia das coisas e formas.

Sérvulo Esmeraldo | Foto: Leonard De Selva

Música

Solerun Sonoro com Wander Wildner
Na Regional Cervejas Artesanais, Rua Mucio Teixeira 329, Porto Alegre
Dia 16/2, às 20h

Pós Carnaval tem Wander Wildner em show solo e muita cerveja dos nossos amigos da Cervejaria Solerun!
O rango será comandado pelo Lucho Burger. NAS TORNEIRAS: Pilsen do Radicci / Helles / Penélope / IPA. Show a partir das 20h.

Luana Pacheco canta jazz, blues e chanson
Onde: London Pub (R. José do Patrocínio, 964)
Quando: 17/2, às 22h (a casa abre às 19h)

Dona de uma voz que é doce e poderosa ao mesmo tempo, Luana Pacheco apresenta um repertório repleto de jazz, chanson e blues. A cantora subirá ao palco do London Pub no próximo dia 17, às 22h, acompanhada do pianista Luciano Leães e da violinista Miriã Farias. Cantora profissional há doze anos, carrega a paixão pela música desde a infância. É uma das principais referências da cultura francesa no Sul do país desde que venceu, aos 21 anos, o III Festival da Canção Francesa da Aliança Francesa. Prova disso, é que, em março deste ano, Luana foi convidada para abrir o show da cantora francesa ZAZ em Porto Alegre, no Auditório Araújo Vianna.

Foto: Charlene Cabral