Milton Ribeiro
Mesmo que ainda de ressaca do Carnaval, a semana trouxe duas boas estreias. Tratam-se de filmes de bons diretores norte-americanos, Paul Thomas Anderson e Alexander Payne. O primeiro, Trama Fantasma, é um filme sério com o grande Daniel Day-Lewis — que anunciou sua despedida dos cinemas — e o segundo, Pequena Grande Vida, uma comédia dramática sobre uma estranha experiência científica.
Na música, temos Demétrio Xavier no Café Fon Fon no próximo domingo.
Abaixo, maiores detalhes de tudo isso e muito mais.
Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana! De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.
Cinema – Estreias
Trama Fantasma (*****)
(Phantom Thread), de Paul Thomas Anderson, EUA, 2017, 131 min
Década de 1950. Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis) é um renomado e confiante estilista que trabalha ao lado da irmã, Cyril (Lesley Manville), para vestir grandes nomes da realeza e da elite britânica. Sua inspiração surge através das mulheres que constantemente entram e saem de sua vida. Mas tudo muda quando ele conhece a forte e inteligente Alma (Vicky Krieps), que vira sua musa e amante. Trama Fantasma é um raro filme sobre o potencial destrutivo dos relacionamentos amorosos. Alma não é a primeira musa inspiradora de Reynolds, e nem seria a última. O homem poderoso, acostumado a ter dezenas de funcionários, familiares e mulheres bajulando-o diariamente, escolhe Alma como quem compra um novo vaso para a sala de estar. Ela fica surpresa quando descobre que seu corpo comum se presta aos vestidos de luxo confeccionados por ele. O melhor aspecto do roteiro de Paul Thomas Anderson é confrontar o homem branco, heterossexual e privilegiado a uma mulher igualmente forte. Alma não está disposta a acatar todas as ordens do macho caprichoso. Aos poucos, começa a testar os limites da autoridade masculina, impondo-se e provocando uma verdadeira revolução dentro do patriarcado rígido da casa de costura Woodcock. O filme alimenta uma guerra progressiva e silenciosa, um ataque violento disfarçado pela elegância das roupas, das palavras. Por trás de tanta cortesia, as pessoas se detestam. (Com o AdoroCinema).
No Cinemark Barra 1, às 16h40, 19h35 e 22h30
No Espaço Itaú 5, às 13h20, 16h, 18h40 e 21h20
NO GNC Moinhos 4, às 14h10, 16h45, 19h20 e 21h50
No Guion Center 1, às 14h, 16h25, 18h50 e 21h10
Pequena Grande Vida (***)
(Downsizing), de Alexander Payne, EUA, 2017, 135 min
Uma ficção científica muito bem feita. A fim de solucionar o problema da superpopulação, um grupo de cientistas noruegueses inventa uma maneira de encolher os humanos a uma altura de 13 centímetros, em uma proposta de transição da humanidade que vai durar 200 anos para transformar tudo que é grande em pequeno. Frente à promessa de uma vida melhor, Paul Safranek e sua esposa Audrey, um casal comum, decidem abandonar sua vida estressante em Omaha, passar pelo procedimento e viver em uma comunidade em miniatura. O dado de ficção científica que o cineasta Alexander Payne lança mão para fundamentar Pequena Grande Vida não serve apenas como pretexto para deflagrar uma nova realidade possibilitada pelos avanços das pesquisas e da tecnologia. A descoberta, na Noruega, de um procedimento capaz de encolher humanos a uma escala minúscula carrega uma série de implicações que expõe a perversidade do sistema capitalista e o caráter inapelável e cíclico de seus efeitos colaterais. A revolução é celebrada inicialmente como um grande passo em direção à salvação de um planeta agonizando por conta de milhares de anos de vilipêndio humano. Quando menos gente, menos lixo produzido, queda nos níveis de emissão de gases prejudiciais à atmosfera e por aí vai. Mas, claro, sobretudo nos Estados Unidos, algo desse porte evidentemente seria logo transformado em negócio. Sem fazer alarde, há essa subversão da intenção original, movimento que deflagra um dos alvos da acidez do filme. (Com o Papo de Cinema).
CÓPIAS DUBLADAS
No Cinemark Ipiranga 7, às 14h20 e 17h30
No GNC Iguatemi 3, às 16h15
No GNC Praia de Belas 5, às 16h15 e 21h45
CÓPIAS LEGENDADAS
No Cinemark Barra 8, às 14h50, 18h20 e 21h20
No Cinemark Ipiranga 7, às 20h30
No Espaço Itaú 1, às 13h40, 18h50 e 21h30
No GNC Iguatemi 3, às 13h30, 19h e 21h45
No GNC Praia de Belas 5, às 13h30 e 19h
Cinema – Em cartaz
Três Anúncios para um Crime (*****)
(Three Billboards Outside Ebbing, Missouri), de Martin McDonagh, EUA, 2017, 116 min
Mildred Hayes é uma mulher do interior de luto pela morte da filha. Após meses sem que o assassinato da garota seja solucionado pela polícia, ela decide se vingar por conta própria. Chegando ao terceiro longa-metragem, o diretor, roteirista e dramaturgo londrino Martin McDonagh emprega seu traço cômico pitoresco (sombrio, ágil, mordaz e de notável sensibilidade britânica) num retrato tipicamente norte-americano, se refestelando com os arquétipos referentes ao meio-oeste/sul do país. Em Três Anúncios Para Um Crime, o cineasta mergulha no universo marcado pela violência, pelo conservadorismo e pelas questões raciais do interior dos Estados Unidos através da história de Mildred Hayes (Frances McDormand), moradora da cidade de Ebbing, no Missouri, que, após meses sem notar qualquer avanço nas investigações do assassinato da filha, Angela, decide cobrar um posicionamento das autoridades de modo inusitado: alugando três outdoors localizados à beira da estrada, próximos à entrada de Ebbing, para mandar uma mensagem direta ao chefe de polícia local, o xerife Bill Willoughby (Woody Harrelson). (Com o Papo de Cinema).
No Cinemark Barra 6, às 16h10, 189h e 21h40
No Cinespaço Wallig 6, às 13h30, 16h, 18h30 e 21h
No Espaço Itaú 7, às 13h30, 16h, 18h30 e 21h
No GNC Iguatemi 2, às 13h50, 16h40, 19h10 e 21h30
No GNC Moinhos 2, às 13h50, 16h30, 19h e 21h30
No GNC Praia de Belas 3, às 14h15, 19h15 e 21h45
Antes do fim (*****)
de Cristiano Burlan, Brasil, 2017, 86 min
Antes do fim, novo longa-metragem do diretor Cristiano Burlan e protagonizado por Helena Ignez e Jean-Claude Bernardet, tem coprodução do Canal Brasil. O filme mergulha na vida de um casal de idosos que, na ficção, leva o mesmo nome dos atores. Jean sente-se preso na lógica de longevidade que a indústria farmacêutica o impõe e decide planejar um suicídio consciente. Ele convida Helena para que o suicídio seja a dois. Ela, por sua vez, hesita, sabe que viverá bem inclusive se precisar viver só, mas o ajuda em suas intenções. O silêncio entre eles não revela distância, mas intimidade. São anos de um afeto compartilhado. Juntos, eles prepararão todos os detalhes para o funeral. Ele pensa na morte enquanto ela segue ensaiando a vida.
No CineBancários, às 15h e 19h
Mudbound — Lágrimas sobre o Mississipi (****)
(Mudbound), de Dee Rees, EUA, 2017, 134 min
Depois da Segunda Guerra Mundial, duas famílias entrelaçam suas histórias vivendo no delta do Rio Mississippi. Juntas, elas enfrentam uma hierarquia social bárbara numa paisagem implacável. Ao mesmo tempo, lutam uma batalha em casa e outra no exterior. Um idoso racista que não sabe soltar uma palavra de carinho nem para a própria família. Uma mulher, branca, que vive desiludida no isolamento. Seu marido, da mesma cor, um fazendeiro com problemas no campo. Do outro lado, um negro que sonha em ter suas próprias terras. Sua esposa, alguém que cria os filhos para irem além daquela vida isolada. Das duas famílias, dois jovens são convocados para lutar contra os alemães e retornam com traumas, cada um à sua maneira. Personagens que vivem no mesmo local, uma propriedade no interior dos EUA, num Mississipi dominado pelo racismo. O contexto é a Segunda Guerra Mundial e como o antes e depois dela não alteraram em nada a questão do preconceito no país norte-americano. Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi foi ovacionado no Festival de Sundance deste ano. Não é para menos. O longa-metragem de Dee Rees adapta o romance homônimo para fazer uma das críticas mais ferozes à questão racial no chamado país de Primeiro Mundo. (Com o Papo de Cinema).
https://youtu.be/BGzKpEgMaiQ
CÓPIAS LEGENDADAS
No Cinespaço Wallig 5, às 20h20
No Espaço Itaú 2, às 13h30
No Guion Center 2, às 20h50
O Insulto (****)
(L’Insulte), de Ziad Doueiri, França/Líbano, 2017, 112 min
Tony Hanna é libanês cristão. Yasser Abdallah Salameh é refugiado palestino. Os dois estão em Beirute. O primeiro é dono de uma oficina mecânica, está, ao lado da jovem esposa, à espera de um bebê, e passa seus dias ouvindo pregações político-religiosas na televisão. O segundo é capataz – não regularizado, importante destacar – de uma série de obras que estão sendo feitas no bairro onde o outro mora. Cada um no seu rumo, na sua vida, sem interferências nem atritos que pudessem colocar um no caminho do outro. Mas uma pequena bobagem, que em qualquer outro contexto seria irrelevante, acaba assumindo proporções inimagináveis para os dois. E, assim, O Insulto se transforma em algo muito maior do que os atos que vemos discorrer na tela. O surrealismo de tudo tanto transforma quanto incomoda. E, justamente, por ser um retrato de uma realidade tão específica, se mantém distante daquilo que aceitamos como crível, permitindo interpretações extremas. (Com o Papo de Cinema)
No Guion Center 2, às 14h30
No Guion Center 3, às 16h50 e 20h40
A Forma da Água (****)
(The Shape of Water), de Guilhermo Del Toro, EUA, 2017, 123 min
Os momentos iniciais de A Forma da Água são dedicados a apresentar sinteticamente o cotidiano de Eliza (Sally Hawkins). Moradora de um apartamento sobre o cinema da cidade, ela é profissional de limpeza de um laboratório norte-americano subordinado ao exército. Guillermo del Toro desloca elegantemente a câmera pelos cômodos da residência, evidenciando o esmero da direção de arte e da cenografia ao delineamento de um espaço, ao mesmo tempo, acolhedor e repleto de personalidade. A trilha sonora de Alexander Desplat se impõe positivamente como auxiliar vital da construção da atmosfera lúdica, própria à improvável e central história de amor, uma metáfora da beleza da diversidade. Logo nos deparamos com uma criatura confinada, o humanoide anfíbio denominado Forma (Doug Jones). Por ser “monstro”, ou seja, diferente do padrão, o governo norte-americano o trata como trunfo para obter vantagem contra a União Soviética. O filme se passa nos anos 60, em plena Guerra Fria. (Com o Papo de Cinema)
CÓPIA DUBLADA
No GNC Praia de Belas 3, às 16h45
CÓPIAS LEGENDADAS
No Cinemark Barra 6, às 13h30
No Cinespaço Wallig 4, às 13h30 e 16h
No Espaço Itaú 2, às 16h10 e 21h20
No GNC Iguatemi 1, às 16h20
NO GNC Moinhos 3, às 18h45
The Post: A Guerra Secreta (****)
(The Post), de Steven Spielberg, EUA, 2017, 116 min
“Liberdade de imprensa”. Essa expressão, de tão repetida e mal-empregada, virou, nos dias de hoje, um chavão aberto às mais diversas interpretações – muitas delas, infelizmente, equivocadas. Como se jornais e jornalistas estivessem interessados em enganar seu leitor, agindo em prol de uma força maior e obscura – o governo, obviamente. Algo que, é preciso concordar, não chega a ser uma interpretação totalmente equivocada. No entanto, em sua origem, o entendimento era justamente o contrário: o quarto poder, por assim dizer, era o olho do público, o vigia que deveria investigar e delatar quaisquer irregularidades contra o cidadão. Pois é este ideal, aparentemente em desuso, que Steven Spielberg resgata em The Post: A Guerra Secreta. Mas ele não está interessado em apenas discorrer sobre o óbvio. E por trás do cenário que levanta para o seu discurso, há um outro debate ainda mais relevante, centrado na figura da protagonista, vivida por Meryl Streep. Não se engane, pois temos aqui o filme mais feminista do diretor desde A Cor Púrpura (1985). E isso, sim, significa muito. (…) Os jornalistas e repórteres querem fazer o trabalho deles: reportar ao mundo suas descobertas. Mas a que preço? Como pesar as consequências desse ato? Spielberg mergulha fundo não só na rotina do The Post, mas também na do seu principal concorrente, o The New York Times. (Com o Papo de Cinema)
CÓPIAS LEGENDADAS
No Espaço Itaú 8, às 13h30
No GNC Moinhos 3, às 16h15 e 21h15
O Jovem Karl Marx (****)
(Le Jeune Karl Marx), de Raoul Peck, França / Alemanha / Bélgica, 2016, 118 min
Aos 26 anos, Karl Marx embarca com a mulher, Jenny, para o exílio. Em Paris, eles conhecem Friedrich Engels, filho do dono de uma fábrica que estudou o nascimento do proletariado inglês. Engels traz a Marx a peça que faltava para o quebra-cabeça de sua visão de mundo. Seja na esfera documental ou na ficcional, o cinema do haitiano Raoul Peck se notabiliza pelo teor político e de investigação histórica, característica dominante em trabalhos como Lumumba (2000), uma dramatização da trajetória do líder anticolonialista congolês Patrice Lumumba, e Eu Não Sou Seu Negro (2016), documentário indicado ao Oscar que traça um panorama dos conflitos raciais nos Estados Unidos do século XX tendo como base os textos do escritor James Baldwin. Em O Jovem Karl Marx, Peck direciona sua lente biográfica a uma das figuras políticas mais notáveis e debatidas de todos os tempos, apresentando um recorte de sete anos da vida do filósofo e sociólogo alemão (vivido por August Diehl) que parte de seu exílio na França, aos 26 anos de idade, até a criação do Manifesto Comunista. (Com o Papo de Cinema).
Na Sala Paulo Amorim, às 17h
Lou (***)
(Lou Andreas-Salomé), de Cordula Kablitz-Post, Alemanha / Suíça / Áustria / Itália, 2016 113 min
Desde muito pequena, Louise von Salomé demonstrou dificuldades para entender por que homens eram tratados com tanta discrepância em relação às mulheres. Essa rebeldia infante, com ares mais que de travessura natural, é contada pela própria Lou (Nicole Heesters), já aos 72 anos e com uma saúde bastante debilitada, ao homem que, em princípio, chega à procura de sua expertise psicanalítica abafada pela ascensão de Hitler. A cineasta Cordula Kablitz-Post se preocupa claramente com as filigranas, mostrando ao largo a marcha dos alemães rumo à Guerra e a decorrente perseguição a todo tipo de literatura, ciência e/ou campo do saber associado (arbitrariamente) aos judeus. Então, esse verdadeiro ícone trata as inquietações psicológicas do escritor desempregado que relata, maquiando sua história como se de um amigo próximo, as dificuldades conjugais e o bloqueio criativo, determinantes ao seu fracasso, fazendo dele biógrafo. Portanto, o que vemos em Lou são versões comprometidas do real. (Com o Papo de Cinema).
No Guion Center 2, às 16h35 e 18h40
Mulheres Divinas (****)
(Die Göttliche Ordnung), de Petra Biondina Volpe, Suíça, 2017, 96 min
Nora é uma jovem dona de casa que mora em uma pequena cidade com o marido e os dois filhos. O interior da Suíça permanece à parte dos grandes movimentos sociais surgidos em 1968. A vida de Nora tampouco é afetada; ela é uma pessoa pacata, de quem todos gostam. Até começar a lutar publicamente pelo direito ao voto feminino, que os homens devem decidir nas urnas no dia 7 de fevereiro de 1971. Um olhar sobre esse período, como se percebe, chega num momento bastante apropriado. Pena, somente, que Mulheres Divinas se contente em apenas apontar para estes eventos, sem debatê-los diante uma reflexão mais profunda. (com o Papo de Cinema).
No Sala Norberto Lubisco, às 15h
Corpo e Alma (****)
(Teströl és Lélekröl), de Ildiko Enyedi, Hungria, 2017, 116 min
Não é puoca coisa: Corpo e Alma venceu o Urso de Ouro em Berlim neste ano. Maria trabalha há pouco tempo em um abatedouro, onde é responsável pelo controle de qualidade. No almoço na cantina, a jovem sempre escolhe uma mesa isolada onde fica em silêncio. Ela leva seu trabalho a sério e segue estritamente as regras. Seu chefe, Endre, é um pouco mais velho que ela e também é do tipo silencioso. Aos poucos, eles começam a se conhecer, reconhecer seu parentesco espiritual, e ficam impressionados ao descobrir que têm os mesmos sonhos durante a noite. Com cuidado, eles tentam torná-los realidade.
Na Sala Norberto Lubisco, às 16h45
Viva — A vida é uma festa (****)
(Coco), de Lee Unkrich e Adrian Molina, EUA, 2017, 105 min
Miguel sonha em se tornar um grande músico, assim como seu ídolo, Ernesto de la Cruz. Isso apesar da música ter sido banida há gerações em sua família. Desesperado para provar o seu talento, o garoto se vê na deslumbrante e pitoresca Terra dos Mortos seguindo uma misteriosa sequência de eventos. Ao longo do caminho, ele conhece o encantador trapaceiro Hector, e juntos partem em uma jornada extraordinária para descobrir a verdade por trás da história da família de Miguel. Para começo de conversa, é bastante relevante, além de emblemático nesta Era Donald Trump de intolerância e xenofobia, Viva: A Vida é uma Festa ser não apenas protagonizado por um mexicano, mas se passar no México e se valer da cultura do país para consolidar preceitos como o valor da família. Miguel é um dos mais novos da linhagem Rivera de sapateiros, destino selado por um infortúnio do passado, pois sua tataravó, abandonada pelo marido cantor e compositor, que almejava carreira de sucesso, precisou aprender uma profissão para sobreviver. Como efeito, a já falecida senhora amaldiçoou a música, passando a ojeriza adiante como se herança sanguínea. Acontece que o menino acalenta secretamente o desejo, justo, de fazer sucesso tocando violão e soltando a voz por aí, como os mariachis dos quais engraxa os calçados antes das apresentações na praça. Portanto, o problema, logo posto, é essa necessidade de romper com os seus para ser feliz. (Com o Papo de Cinema).
https://youtu.be/-Af1mAec0LA
CÓPIAS DUBLADAS
No Cinemark Barra 1, às 16h45 E 19h15
No Cinespaço Wallig 3, às 14h
No Espaço Itaú 6, às 13h20
Exposições
Retratos – Exposição Fotográfica de Christian Jung
Salas Negras do MARGS, Praça da Alfândega, s/n°
Terça a domingo, das 10h às 19h. Até 11 de março
O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli convida para a exposição “Retratos – Exposição Fotográfica de Christian Jung”. A mostra pode ser visitada de 7 de fevereiro a 11 de março, de terças a domingos, das 10h às 19h, com entrada franca. Visitas mediadas podem ser agendadas no e-mail educativo@margs.rs.gov.br. A entrada é gratuita. “Retratos”, do fotógrafo gaúcho Christian Jung, apresenta uma série de fotografias em branco e preto de pessoas de diferentes origens. Crianças, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres de diversos países, como Estados Unidos, Brasil, Alemanha, França, Japão, México, Polinésia Francesa e Itália. Todos fotografados em plano fechado, priorizando o rosto, os olhos e a pele. O resultado é uma coleção de imagens que dialoga com a questão da necessidade de união dos povos em meio ao contexto atual de imigração e busca de novas oportunidades por parte de cidadãos das mais diferentes nacionalidades. Jung investe no retrato sem nenhum tipo de adorno ou elemento que não o próprio sujeito. Ele acredita que fotografar pessoas e eternizar suas expressões faciais seja um dos principais objetivos da fotografia como ferramenta documental. Para ele, a arte de viver é o que mais importa. O fotógrafo explica que produzir um registro que promova reflexão sobre a vida dos outros, através do que seus rostos mostram, pode levar ao crescimento individual de cada espectador e, por consequência, ao amadurecimento de cada um como parte do coletivo de pessoas que habitam o mundo na mesma época, independentemente do local em que se encontram ou de onde provenham.
TERRAMAREAR, de Maristela Salvatori
No MARGS, Praça da Alfândega, s/n°
Visitação de 20 de dezembro de 2017 a 11 de março de 2018
Terça a domingo, das 10h às 19h
O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli convida para a exposição “TERRAMAREAR”, de Maristela Salvatori com curadoria da historiadora e crítica de arte Paula Ramos. A abertura é 19 de dezembro (terça) na Pinacoteca do MARGS. A mostra apresenta uma antologia da artista, reunindo obras produzidas ao longo dos últimos 30 anos de carreira. Entre os trabalhos mais recentes de Maristela Salvatori (Porto Alegre, RS, 1960), estão curiosas montagens fotográficas em impressão digital. Para os que acompanham a poética da artista, essas obras podem gerar surpresa. Afinal, Maristela é reconhecida por sua pesquisa calcada nos processos da gravura, sobretudo da gravura em metal, e o que temos são fotografias justapostas, formando uma estrutura de grade. Despretensiosos, esses trabalhos, desenvolvidos ao longo de 2012, apresentam temas e elementos que pautam a poética de Maristela, a saber: perspectivas acentuadas, fragmentos arquitetônicos, postes, luminárias e paredões evidenciando os cruzamentos de linhas e planos no espaço; eles também destacam as etapas de edição e de montagem, caras à artista, e são resultado de um processo de impressão, embora digital. Por fim, eles nos convidam a imaginar o que poderia estar no módulo em branco, invariavelmente centro das composições. A observação da obra da artista nos sugere que o branco das possibilidades, em sua posição nuclear, poderia estar reservado a uma imagem gravada; afinal, em trabalhos ligeiramente anteriores, Maristela fez o procedimento contrário: os módulos eram em monotipia e, em determinado ponto, inseriu uma imagem fotográfica, direcionando para a matriz de seu processo. Fotografia e gravura andam juntas na mostra Terramarear, antologia que apresenta cerca de 120 trabalhos desenvolvidos ao longo dos últimos 30 anos. Das gravuras em metal dos anos 1980, pautadas em fotografias de familiares e amigos em momentos de lazer no litoral; passando pela série Viagem de rio (1993), decorrente de um percurso de 10 dias, em uma chata, ao longo do Rio São Francisco; chegando às cenas de hangares, cais, construções monumentais, silenciosas e abandonadas em cidades visitadas pela artista. Num diálogo com a paisagem, natural ou construída, figuras humanas foram retiradas, ruídos urbanos, excluídos, permanecendo a arquitetura, com seus planos, linhas, levezas e pesos no espaço. Nesse processo, talvez tão importante quanto a viagem física, que possibilitou o registro fotográfico e, por extensão, a produção dessas obras, está a viagem interna, que abriu a Maristela novas possibilidades de pensar a representação do espaço, o lugar do observador – e, por consequência, dela mesma – e a própria técnica da gravura, com suas múltiplas possibilidades.
Exposição PulsationsPulsações – Do arquivo vivo de Sérvulo Esmeraldo
De 28 de novembro de 2017 a 31 de março de 2018
De segunda a sexta, das 10h30 às 22h e sábados, das 10h30 às 20h
Na Galeria do Instituto Ling, na Rua João Caetano, 440
PulsationsPulsações – Do arquivo vivo de Sérvulo Esmeraldo, primeira exposição póstuma do artista cearense,falecido em fevereiro deste ano, pouco antes de completar 88 anos. A exposição mostra uma das trajetórias mais originais da arte brasileira: conhecido por seu rigor geométrico-construtivo, Esmeraldo incursionou pela escultura, a gravura, a ilustração e a pintura, tendo sido um dos pioneiros da arte cinética e autor de obras de geometria e luminosidade singulares. A mostra, com curadoria de Ricardo Resende, traz 84 peças – entre gravuras, matrizes, desenhos, estudos, relevos, maquetes, instalações, documentos e fotografias – que fazem parte do arquivo do IAC – Instituto de Arte Contemporânea (São Paulo/SP). PulsationsPulsações joga luz sobre o rico processo criativo do artista em seus primeiros anos na França, uma fase de aprendizado, de iniciação nas técnicas da gravura em metal e litografia. Contempla os desenhos e as gravuras em metal que compõem esse período europeu, sob a influência do abstracionismo lírico que vigorava na capital francesa naquele momento, que seria uma resposta à Action Painting nova-iorquina. É acompanhada, ainda, de uma seleção de esculturas e de duas pinturas posteriores a essa fase, quando explorou a topologia das coisas e formas.
Música
Gil Collares canta Negras Vozes
Quando: 23 de fevereiro 2018
Horário: 20h
Local: Bar do Marinho – Rua Sarmento Leite, 962 (POA)
Couver: R$ 12,00 (no local)
Nesta sexta-feira 23 de fevereiro o Boêmio Bar do Marinho recebe o cantor e ator Gil Collares cantando obras de grandes artistas negros que contribuíram para a promoção da Música Popular Brasileira. O show é um lindo tributo à grandes nomes da MPB e seu legado musical – Wilson Simonal, Tim Maia, Jair Rodrigues, Emílio Santiago, Luiz Melodia, Jorge Ben Jor, Djavan, Seu Jorge entre outros ganham interpretações de Gil e seus instrumentistas: Cássio Machado (bateria), Silfarnei Alves (violão) e Marco Farias (teclados).
Demétrio Xavier – Recital Cantos do Sul da Terra
Domingo, 25 de fevereiro, às 20h
Café Fon Fon – Rua Vieira de Castro, 22
Demétrio escreve: “Fiz um nó no meu lenço – mas me esqueci, depois, que não era a única vez… e segui cantando.”
Como la Cigarra, esse tema emblemático sobre a resistência a cada morte, sobre a força rediviva do Canto, pertence a María Elena Walsh. María Elena nasceu no primeiro dia de um fevereiro, há 88 anos. Mês de presenças incríveis nos nossos Cantos do Sul da Terra; mês de recordar o payador negro Gabino Ezeiza, o poeta Leopoldo Lugones, Cafrune, Violeta e muitos outros. E não importa se por seus nascimentos ou mortes, assim como nos nossos programas: nossos cantores são como a Cigarra e ressuscitarão tantas vezes quantas morrerem. Nosso recital de Fevereiro marca o quinto aniversário de nossa presença no Café Fon Fon, o sétimo de nosso programa no ar, juntando mais e mais cigarras na enorme árvore de sombra e frutos do Sul da Terra. Até lá.
Ulisses A. Nenê diz
Vi alguns dos filmes e recomendo muito O Insulto.