A partir de quinta-feira (3), a Cinemateca Capitólio Petrobras apresenta a mostra ‘Destrua-se – Maio de 1968’ no cinema, com filmes realizados no calor dos acontecimentos, durante a ebulição francesa do período, e reflexões posteriores que trazem novos olhares aos eventos de Maio de 1968.
Há títulos de grandes cineastas, como Jean-Luc Godard, Philippe Garrel, Chris Marker, Alexander Kluge, além de obras essenciais, como o documentário ‘Morrer aos 30 Anos’, de Romain Goupil e recente ‘No Intenso Agora’, de João Moreira Salles. Um dos grandes destaques da mostra é a apresentação de três filmes do grupo Zanzibar, um movimento de jovens cineastas franceses, atuantes no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, que buscava estabelecer a ponte entre a Nouvelle Vague e o cinema underground norte-americano, em uma sintonia radical e experimental com as faíscas mais desconcertantes de Maio de 1968.
O valor do ingresso é R$ 10,00, com meia entrada para estudantes e idosos. As sessões com debate têm entrada franca.
Sobre os filmes:
WEEK-END À FRANCESA
dir. Jean-Luc Godard
França, 1967, 105 min.
Um casal ambicioso e inescrupuloso planeja uma viagem ao interior da França, na tentativa de conseguir uma herança. No meio do caminho, encontra estradas completamente engarrafadas, acidentes automobilísticos graves, personagens de histórias infantis e guerrilheiros. O que se segue é uma constante e complexa reflexão sobre o modo de vida burguês e os contrastes sociais sublinhados pela sociedade de classes.
A CHINESA
dir. Jean-Luc Godard
França, 1967, 96 min.
Paris, Verão de 1967. Alguns tentavam aplicar os princípios que romperam com a burguesia da URSS e dos partidos comunistas ocidentais em nome de Mao Tsé-Tung. Imersos no pensamento de Mao e em literatura comunista, um grupo de estudantes franceses começa a questionar a sua posição no mundo e as possibilidades de o mudar, mesmo que isso signifique considerar o terrorismo como uma via possível.
ONE + ONE
dir. Jean-Luc Godard
Inglaterra, 1968, 99 min.
Em um arranjo polifônico e ensaístico, Jean-Luc Godard combina documentário e encenações ficcionais alternando o registro dos Rolling Stones durante os ensaios e gravações da canção Sympathy for the devil com discursos e ações sobre política e estética no fulgurante ano de 1968.
O FUNDO DO AR É VERMELHO
dir. Chris Marker, 1977, 180 min.
As esperanças e as decepções suscitadas pelos movimentos revolucionários de 68 no mundo inteiro. Desde o regime chinês ao cubano, passando pela Primavera de Praga ou os movimentos estudantis e operários franceses, Marker nos relembra constantemente que não se pode simplificar o que nada tem de simples: as manifestações populares, os movimentos da política, os rumos incertos da História e da sociedade. O filme é composto por duas partes: “As mãos frágeis” e “As mãos cortadas”, ambas com 90 min (versão de 1998). Com as vozes de: Jim Broadbent , Cyril Cusack , Laurence Guvillier, Davos Hanich , François Maspero, Yves Montand François Périer Sandra Scarnati Jorge Semprún Simone Signoret.
ATÉ LOGO, EU ESPERO
dir. Chris Marker
França, 1967, 45 min.
Em 1967, uma greve de um novo gênero (ocupação, reivindicações, animação cultural) eclode na usina Rhodiaceta em Besançon. A reportagem foi julgada inaceitável pela ORTF (órgão público de rádio e TV francês da época) que a proibiu. Ao término de um interessante confronto, ele é exibido, junto com um debate entre gente séria, que acrescenta algo ao pitoresco desta aventura e que será mostrado aqui pela primeira vez.
MORRER AOS TRINTA ANOS
dir. Romain Goupil
França, 1982, 96 min.
Em 1968 eles são já dois militantes empenhados e estão totalmente envolvidos nos acontecimentos de Maio. Goupil é um militante esquerdista, activo na LCR, mas continua a filmar tudo. É com esse material que, muitos anos mais tarde, ele fará este filme. O seu amigo Michel suicidou-se e essas imagens que Romain nunca parou de fazer vão servir para construir este filme inesquecível, que é tanto uma homenagem ao seu amigo precocemente desaparecido como sobretudo o retrato comovente de uma geração que se envolveu de uma forma radical na militância política, quando se pensava que o mundo podia mudar e que isso só dependeria do envolvimento daqueles que o queriam fazer…
PERPLEXOS: ARTISTAS NA CÚPULA DO CIRCO
dir. Alexander Kluge
Alemanha, 1967, 104 min.
Como seu pai antes dela, a dona de circo Leni Peickert (Hannelore Hoger) também quer levar o desempenho artístico a seu ponto máximo. Ao mesmo tempo, seu ideal é a naturalidade. Ela quer mudar o circo, mas suas inovações levam a empresa à bancarrota. “Se o capitalista faz aquilo de que gosta,/ e não aquilo que lhe traz vantagem,/ Não recebe apoio de ninguém”. Revigorada, Leni Peickert busca uma segunda chance, agora na televisão comercial. Leão de Ouro no Festival de Veneza.
NO INTENSO AGORA
Brasil, 2017, 127 min.
Feito a partir da descoberta de filmes caseiros rodados na China em 1966, durante a fase inicial da Revolução Cultural, No intenso agora investiga a natureza de registros audiovisuais gravados em momentos de grande intensidade. Às cenas da China somam-se imagens dos eventos de 1968 na França, na Tchecoslováquia e, em menor quantidade, no Brasil. As imagens, todas elas de arquivo, revelam o estado de espírito das pessoas filmadas e também a relação entre registro e circunstância política.
ACÉFALO
dir. Patrick Deval
França, 1968, 56 min, 35mm PB
O filme narra o desejo após maio de 68 de jovens marginais em cortar a cabeça de um homem.
DUAS VEZES
dir. Jackie Raynal
França. 1969, 72 min, 35mm, PB
A realizadora Jackie Raynal se coloca dentro do filme para se reinventar por e com ele.
DESTRUA-SE
dir. Serge Bard
França, 1968, 70 min, 35mm, PB
O estudante de antropologia na universidade de de Nanterre, Sege Bard, larga a faculdade no fim de 1967, por considerá-la alienante. O filme surge então como um anúncio do que viria a ser o maio de 68, feito em abril, cujo título vem de um grafite: ‘Aidez-nous: detruisez-vous’.
AMANTES CONSTANTES
dir. Philippe Garrel
França, 2005, 178 min
Maio de 1968 – Paris, a Europa, a juventude, tentações e perigos, tudo se mexeu muito, ou demasiado rápido. A vida de um grupo e o seu fim – a revolução que se apaga… E o primeiro grande amor a morrer…
A VIDA EXTRA-ORDINÁRIA DE TARSO DE CASTRO
dir. Leo Garcia e Zeca Brito
Brasil, 2017, 90 min
Boêmio. Provocador. Sedutor. Revolucionário. Além de idealizador do “Pasquim”, Tarso de Castro foi um dos maiores jornalistas do Brasil. Ao investigar sua vida, vem à tona a história de um país embriagado pela ditadura e pela censura, onde o sonho de democracia nascia de uma geração libertária.
Confira a grade de horários de 03 a 16 de maio de 2018:
03 de maio (quinta)
18h – A Chinesa
20h – Weekend à Francesa (entrada franca)
04 de maio (sexta)
18h – Morrer aos Trinta Anos
20h – Mai 68, Un étrange printemps
5 de maio (sábado)
14h – Arábia
16h – A Negra de…
18h – Até Logo, Eu Espero
19h – O Fundo do Ar é Vermelho
6 de maio (domingo)
14h – Arábia
16h – Monangambé + Carta Camponesa
18h – One + One
19h45 – No Intenso Agora
8 de maio (terça)
18h – Mai 68, Un étrange printemps
20h30 – Pré-estreia de O Parque
9 de maio (quarta)
18h – Até Logo, Eu Espero
19h – O Fundo do Ar é Vermelho
10 de maio (quinta)
18h30 – A Chinesa
20h – Morrer aos Trinta Anos
12 de maio (sábado)
18h – Destrua-se
19h30 – Acéfalo + debate
13 de maio (domingo)
16h – Duas Vezes
18h – Amantes Constantes
15 de maio (terça)
18h – Morrer aos Trinta Anos
19h30 – Perplexos: Artistas na Cúpula do Circo
16 de maio (quarta)
18h – Weekend à Francesa
20h – Pré-lançamento de A Vida Extra-ordinária de Tarso de Castro
A mostra Destrua-se – Maio de 1968 no cinema é uma realização da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia de Porto Alegre, em parceria com a Embaixada da França, a Cinemateca da Embaixada da França no Brasil, o Institut Français e o Goethe-Institut Porto Alegre.
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