Jovens artistas investigam o conceito de circulação na última mostra do ano
Na sexta-feira (08.12), a Galeria Ecarta lança a exposição coletiva nomeada Circulação com trabalhos de Luan Dresch, Marina Borges, Miguel Soll, Sofia Nóbrega e do projeto 024, formado por Ana Paula Peroni e Vika Schmitz. A mostra tem caráter investigativo em torno do conceito de circulação e a abertura acontece a partir das 19h.
Os artistas têm um pouco mais de 20 anos e demonstram interesse além do campo das artes. O processo criativo deles se apropria da moda, do design gráfico, das mídias e de festas. Questões a ver com identidade, gênero e sexualidade também integram a criação, sem ignorar a necessidade da experiência, em função de tantas demandas e promessas virtuais.
A curadoria é de Leonardo Felipe, diretor da Galeria Ecarta, e o projeto expográfico é do artista Alexandre Navarro Moreira. O processo iniciou há dois meses como um grupo de discussões. Os artistas foram convidados a participar do projeto durante uma festa em que estavam presentes. “Meu studio visit é o rolê e o curioso é que essa gíria dos anos 70, voltou a ser usada e tem o mesmo significado do nome da exposição”, constata o curador. De acordo com ele, o objetivo é discutir que circulação é essa, para o que e para quem ela serve, quais são seus limites e contradições. “As tecnologias contemporâneas possibilitaram um encurtamento sem precedentes entre a distância que separava a produção da circulação. Imagens feitas através de dispositivos conectados em rede circulam quase que de maneira imediata entre as suas semelhantes. Graças ao funcionamento dos algoritmos são criadas as chamadas bolhas. Dentro delas o Outro se parece mais o Mesmo”, reflete.
Além do perfil investigativo, a exposição privilegia o processo mais do que o produto e vai se desdobrar em conteúdos que circulem para fora da Ecarta, ganhando o espaço urbano ou digital.
Na programação paralela haverá um encontro com o coletivo TATTOSESh, no sábado (16.12), às 16h, com entrada franca. O grupo, que entende a tatuagem como performance, visa tornar fácil o acesso a tatuagens de preço baixo e no formato flash (desenhos em torno de 10x10cm), com temáticas e motivos variados, além de abrir espaço para tatuadores independentes.
Outras atividades serão confirmadas durante dezembro e a visitação, que também tem entrada franca, vai até 28 de janeiro.
Um pouco mais sobre os artistas e a Ecarta:
024 – formado por Ana Paula Peroni e Vika Schmitz, o projeto nasceu há dois anos e questiona a representatividade de gênero nos espaços de arte e entretenimento, abrindo novos caminhos para a expressão das mulheres. Nas pistas, nos museus ou nas ruas, as duas artistas buscam plataformas para criar e conversar com as outras por meio de experiências sonoras e estéticas que têm a liberdade no cerne.
Luan Dresch – investiga, a partir da cerâmica, o repertório comportamental e as possibilidades criativas que permeiam o ato de fuga. Sua pesquisa é traçada por uma existência negra, queer, gay e utiliza vídeo, performance, fotografia, escultura e instalação.
Marina Borges – explora por meio do desenho, escultura e da instalação, temas que tratam sobre violência e delicadeza e os limites entre arte e moda. Pela dubiedade, desenvolve trabalhos com couro, latex, metal e cera, materiais que servem como suporte para enunciar sexualidade, feminilidade e as agressões que permeiam estes temas. Fortemente inspirada em Tracey Emin, Ana Mendieta e Vivienne Westwood, seu trabalho se estende na produção de acessórios que complementam sua pesquisa.
Miguel Soll – transita entre os mais diversos campos da fotografia. Seja arte, documentação, moda ou ficção, suas fotos são o acúmulo de partículas de uma realidade híbrida entre o analógico e o digital. Interessado na juventude e nas relações dos corpos com o ambiente, temas como sexualidade, memória, liberdade e pulso de vida são centrais em sua produção. Amplamente divulgado pela internet, o trabalho de Miguel já foi publicado em sites de revistas como Dazed and Confused e Art Daskunstmag. Já participou de diversas exposições coletivas, destacando uma foto, no Tate Modern, em Londres, como parte da convocatória #superflexcommunity.
Sofia Nóbrega – mescla os limites da autobiografia e da autoficção. Por experimentações com fotografia e vídeo, a artista explora canais de comunicações possíveis a partir da aceitação do efêmero como inspiração, processo e matéria. Vê na superexposição do íntimo e do pessoal uma ferramenta para uma extrapolação simbólica. O uso do próprio corpo como instrumento e tela permeia sua pesquisa, pautada na ideia da universalização da individualidade como substância.
Galeria Ecarta – completou 12 anos e tem foco na experimentação e na arte contemporânea. Recebe em média seis exposições por ano, sendo duas delas realizadas por seleção de edital. Promove também debates, oficinas e festas. O espaço recebeu o VI Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria “Destaque Espaço Institucional de Divulgação Cultural”.
O que: Abertura da mostra coletiva Circulação
Onde: Galeria Ecarta (av. João Pessoa, 943, em Porto Alegre)
Quando: sexta-feira (08.12), às 19h, até 28 de janeiro (de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 10h às 18h)
Entrada franca
Outras informações: 51. 4009 2970
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