Atendendo ao pedido do público que tem comparecido massivamente aos Sábados na Iberê, a Fundação Iberê Camargo amplia seu horário de funcionamento e passa a abrir aos domingos.
A ampliação também se dá no leque de atividades vinculadas às exposições, e passa a contar com os seguintes novos projetos: Sarau na Iberê – envolvendo escritores, acadêmicos, jornalistas e artistas – e RODA – rodadas de conversa para debater assuntos atuais, relacionados à cultura, estética, história e política, contando com a participação de artistas e intelectuais dos diversos campos do conhecimento.
A programação é gratuita e oferece seminários, debates, performances artísticas, apresentações musicais e sessões de cinema, buscando ampliar a intensidade das relações que a instituição pretende manter com os diversos públicos.
As atividades iniciam neste sábado, às 14h, com abertura para visitação às exposições e a continuidade do Seminário A Forma das Coisas Por Vir, com fala de Thaís Russomano sobre o tema Marte – Nossa próxima casa cósmica?
Às 15h inicia VÉSPER, com sessão musical na véspera do pôr do sol. Com curadoria de Leo Felipe, a atração da semana é Raquel Krügel, compositora de música eletrônica abstrata. Às 16h acontece a Carta Magna, performance do artista Déh Dullius.
No domingo, a visitação abre para o púbico às 14h e às 15h acontece a primeira edição de RODA: A hipótese do Apocalipse: conversa em torno de “Apocalipopótese” (1968), de Hélio Oiticica, com Victor Gorgulho.
Às 16h tem Cine Iberê com exibição de Abrigo Nuclear, de Roberto Pires, um dos raros filmes de ficção científica da década de 80. Pra fechar o domingo com chave de ouro, às 17h tem Sarau na Iberê, comandado por Leo Felipe, com textos de Eve Sedgwick, William S. Burroughs, Valerie Solanas, Salvador Dalí, Roberto Piva, Gilles Deleuze e Félix Guattari.
Os Sarau na Iberê, RODA e Seminários são patrocinados pela CPFL Energia. O Auditório da Fundação Iberê Camargo tem patrocínio de BTG Pactual.
Novos horários de visitas mediadas para instituições de ensino e grupos
O Programa Educativo realizará visitas mediadas para grupos às quartas, quintas e sextas-feiras, das 13h às 18h, exclusivamente através de agendamento prévio por e-mail: agendamento@iberecamargo.org.br.
PROGRAMAÇÃO:
SÁBADO
14h – 19h | Abertura para visitação
14h | Seminário A Forma das Coisas Por Vir: Fala com Thaís Russomano
Marte – Nossa próxima casa cósmica?
# Inscrições até sexta-feira (07/07), através do e-mail cultural@iberecamargo.org.br
A Terra é a nossa casa cósmica. Situado em um dos braços da Via Láctea, o terceiro planeta do Sistema Solar permitiu, um dia, o surgimento da vida, que então evoluiu lenta e progressivamente, ao longo de milhões de anos, criando uma rica e complexa biodiversidade. Todos os seres vivos que habitam o nosso planeta são, portanto, seres terráqueos, o que nos torna dependentes das caraterísticas da Terra. Assim, sua força gravitacional, por exemplo, molda a anatomia, a fisiologia e a psicologia humana. Quando astronautas exploram a órbita terrestre, esse molde gravitacional é alterado, e corpo e mente dos tripulantes espaciais sofrem com isso. Uma viagem a Marte ainda adicionaria outros riscos à saúde, como o da exposição à radiação cósmica. A meta mais audaciosa das agências espaciais mundo afora é, porém, rumar para Marte – um desafio e tanto! A palestra apresenta os planos de uma missão tripulada ao planeta vermelho e debate os riscos à sobrevivência humana tanto durante a viagem interplanetária quanto na exposição ao ambiente hostil da superfície marciana. Poderá mesmo Marte se tornar a nossa próxima casa cósmica?
Estamos vivendo uma crise de futuro. Se a queda do bloco soviético pôs em suspenso as utopias de um futuro radicalmente igualitário, a ideia de um capitalismo autorregulado em permanente e virtuosa expansão igualmente naufragou diante do colapso do sistema financeiro global há já quase uma década. A esta crise da capacidade de projetar um futuro melhor, soma-se, hoje, a crise da capacidade de projetar qualquer futuro: a consciência crescente do ritmo cada vez mais acelerado das mudanças climáticas suscita expectativas sempre mais desastrosas e a sensação de que podemos estar testemunhando não só o eventual desaparecimento de nossa civilização, mas também, tal qual extras num filme de ficção científica, a própria extinção da espécie humana. Incapazes de divisar cenários promissores para a humanidade, vivemos em meio à imobilidade política, envoltos em uma atmosfera de conservadorismo, ao sabor das vicissitudes do tempo presente.
Este seminário busca especular sobre o conjunto de fatores que nos levou a tal situação-limite, bem como sobre as estratégias políticas e cognitivas possíveis para fazer face ao fim de uma civilização forjada sob os auspícios da ciência, das noções de progresso indefinido e da cisão entre cultura e natureza. Como a arte e a filosofia respondem a este cenário? De que maneira o pensamento contemporâneo lida com o estreitamento progressivo de nossa perspectiva moderna e tenta situar-se em outras perspectivas que permitam um mirada diferente sobre tempo passado, presente e futuro? De quais ferramentas dispomos, sejam elas artísticas, científicas, políticas ou filosóficas, para tentar escapar a nossos atuais limites? Em que medida a filosofia, a arte, a política, a ciência e a ficção científica desempenhar a tarefa de prospectar/imaginar novos futuros para o planeta e a humanidade?
15h | VÉSPER | Programação musical com curadoria de Leo Felipe
Sessões musicais na véspera do pôr do sol com Raquel Krügel | https://rkrkrk.bandcamp.com
Compositora de música eletrônica abstrata, baseada em São Paulo, Raquel é formada em filosofia e já trabalhou como educadora. Sua produção sonora faz uso de sintetizadores sombrios que constroem beats imprevisíveis e formas melódicas indefinidas.
16h | Performance Carta Magna com Déh Dullius
Em um futuro desértico, o que sobrou de um ser humano trabalha para manter seus sinais vitais operantes quando um lampejo de memória compromete todo o sistema.
Iniciando suas experimentações estéticas nos idos de 2007 já se vão 10 anos como performer. De casas noturnas até a esquina democrática, Déh Dullius constrói seus personagens no atelier GZBL, casa mater do coletivo A Torre, onde realiza seu trabalho de pesquisa e produção de figurino para o teatro, audiovisual e extravagâncias particulares. Recentemente lançou O Mito, seu primeiro romance, em parceria com a Coisa Edições. Acredita que uma vida dedicada à arte permite que o ser político seja capaz de transgredir sem agredir em toda sua forma de expressão.
DOMINGO
14h – 19h | Abertura para visitação
15h | RODA com Victor Gorgulho
A hipótese do Apocalipse: conversa em torno de “Apocalipopótese” (1968), de Hélio Oiticica
Exibição do curta-metragem “Apocalipopótese” (9’11’’, 1968), dirigido por Raimundo Amado. O filme é o registro do happening de mesmo nome, concebido por Hélio Oiticica. Realizada em agosto de 1968, no Pavilhão Japonês do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, a performance marca a primeira proposição de Hélio Oiticica fora do âmbito institucional, com a participação de Antonio Manuel, Lygia Pape, Pedro Escosteguy, Sami Mattar, Rogério Duarte, sambistas da escola de samba Mangueira e mais. A partir da obra, a conversa entre os curadores Bernardo José de Souza e Victor Gorgulho propõe refletir sobre ideias de fim, tanto na obra de Oiticica quanto em outros momentos e frentes da arte brasileira das décadas de 60 e 70.
Victor Gorgulho é curador e escritor, formado pela Escola de Comunicação da UFRJ. Curou as exposições “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, com Bernardo José de Souza (Átomos, Rio de Janeiro, 2016) e “O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir” (Despina, Rio de Janeiro, 2017).
16h | Cine Iberê
Roberto Pires – Abrigo Nuclear, 1981 (Duração: 1h25’)
Os habitantes de um abrigo subterrâneo, construído para preservar a raça humana da poluição radioativa, vivem sob um regime controlado pela comandante Avo. Apesar de protegidos, eles nutrem a esperança de saírem um dia. Um dos raros filmes de ficção científica brasileiros, foi produzido na Bahia, com locações no areal de Jauá na década de 1980. Dirigido e protagonizado por Roberto Pires, conta com atuação da atriz Norma Bengell.
17h | Sarau na Iberê com Leo Felipe
A derrubada das Torres Gêmeas provocou nos homens ocidentais a paranoia da castração e do parricídio. Se em nosso passado como civilização havia sido o filho que matara o pai – para depois reinstaurar sua ordem – hoje são as filhas que ameaçam o poder paterno, configurando uma nova mitologia escrita a partir da queda dos dois falos gigantes. O delírio sistematizado e reacionário da paranoia se faz presente na obsessão contemporânea pela vigilância pelo controle e na moeda barata do medo. Mas o que poderíamos extrair dela de positivo? Seria possível conceber uma metodologia para a criação artística a partir da paranoia?
Com textos de: Eve Sedgwick, William S. Burroughs, Valerie Solanas, Salvador Dalí, Roberto Piva, Gilles Deleuze e Félix Guattari.
Leo Felipe é escritor e curador. É mestre em Artes Visuais pela UFRGS e diretor da Galeria Ecarta. Tem 3 livros publicados. Desde o início da década de 1990 tem se dedicado a diversos projetos na cidade de Porto Alegre, compreendendo música, literatura, artes visuais, cinema, jornalismo, festas, radio e tele difusão.
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