20 Relatos Insólitos de Porto Alegre (Libretos Editora), novo livro do jornalista e escritor Rafael Guimaraens, é resultado de uma pesquisa histórica de mais de uma década. O autor, que possui uma extensa obra dedicada à memória da cidade, selecionou vinte histórias que ocorreram na capital gaúcha entre o final do século 19 e início do 20.
Rafael comenta que foi motivado pela possibilidade de exercitar uma narrativa mais curta, que fosse ágil, mas, ao mesmo tempo, que apresentasse os elementos da trama e os personagens de forma consistente para envolver o leitor e torná-lo cúmplice do que está sendo mostrado. “O que une estas histórias tão diferentes entre si é a estranheza que provocam. Também tive o cuidado de não estabelecer juízos morais sobre os comportamentos dos vários personagens, mesmo que ajam muitas vezes nas fronteiras da ética”, observa.
As narrativas misturam drama, romance, tragédia, memória, jornalismo e teatro, envolvendo personagens reais e cenários, incluindo locais que hoje não existem mais. Um dos episódios narra a dor inapelável da viúva de Júlio de Castilhos. Honorina, apaixonada pelo marido, não suportando mais sua ausência depois de 20 anos de vida em comum, acaba por suicidar-se, com um fogareiro, na antiga residência da família, onde hoje funciona o Museu Júlio de Castilhos.
O livro aborda também outras histórias, como o dramático caso de amor entre o compositor erudito José de Araújo Vianna e a cantora e pianista Olinta Braga; o surgimento da mística em torno da moça assassinada que virou santa popular (Maria Degolada); a maldição da negra Inácia, que acusada de feitiçaria doméstica acabou assassinada pelos patrões; a espetacular fuga da Ilha do Presídio a bordo de duas panelas.
Um dos relatos, “Os Apitos da Moralidade”, remete ao Cinema Cacique, na Rua da Praia, onde jovens defensores dos bons costumes se opõem à estreia do filme “Les Amants”, de Louis Malle, considerado devasso demais. Do outro lado, críticos e cinéfilos defendem o lançamento do filme, que chegou aos cinemas no final de 1959.
O livro estará nas livrarias a partir da segunda quinzena de março. E o lançamento está marcado para o dia 21 de março (terça-feira), às 19 horas, durante a 245ª Semana de Porto Alegre, no Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues (Av. Erico Verissimo 307), com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, através da Coordenação do Livro e Literatura.
Na ocasião, Rafael Guimaraens e Ivette Brandalise conversam no palco do Teatro Renascença sobre o tema “A história de um escritor catador de histórias”. Logo após, a partir das 20 horas, sessão de autógrafos no saguão do CMC. 20 Relatos Insólitos de Porto Alegre já está em pré-venda no site da editora (www.libretos.com.br).
Rafael Guimaraens nasceu e sempre viveu em Porto Alegre, assim como seu avô, o poeta simbolista Eduardo Guimaraens, e seu pai, o jornalista Carlos Rafael Guimaraens, um dos principais cronistas de sua geração. Quando estudante de Comunicação, Rafael participou da luta pela redemocratização do país durante a Ditadura Militar, e logo engajou-se na Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre, como repórter e secretário de redação do lendário Coojornal.
É autor de 15 livros, com ênfase na construção da memória. Foi premiado pelos livros Tragédia da Rua da Praia (prêmio O Sul, Nacional e os Livros, 2006), A Enchente de 41 (Prêmio da Associação Gaúcha de Escritores, categoria Não-Ficção, 2008), Teatro de Arena – Palco de Resistência (Prêmio Açorianos, categoria Especial e Livro do Ano, 2009) e Coojornal – Um Jornal de Jornalistas sob o Regime Militar, como um dos organizadores (Prêmio Açorianos, categoria Especial, 2012).
Integrou a Comissão da Verdade do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Porto Alegre, que investigou casos de repressão e censura durante o Regime Militar, e participa de movimentos em defesa dos Direitos Humanos, da preservação dos espaços públicos e da qualidade de vida.
20 Relatos Insólitos de Porto Alegre
Rafael Guimaraens
Libretos editora, 2017
216 páginas, R$34,00
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