Luís Eduardo Gomes
Com a atriz Andreia Horta no papel principal, o filme “Elis”, cinebiografia da cantora Elis Regina, foi uma das principais atrações do 44ª Festival de Cinema de Gramado, encerrado neste sábado (4) com a distribuição dos kikitos para os melhores longas e curtas brasileiros e estrangeiros. Aplaudida de pé após a exibição do filme, Horta foi consagrada no festival ao receber o prêmio de melhor atriz. Na última terça-feira (30), o Sul21 conversou no tapete vermelho com Hugo Prata, diretor da obra, sobre a recepção do filme, a “encarnação” de Elis pela atriz e também sobre o momento vivido pelo cinema brasileiro.
Além de participar da mostra competitiva do festival, “Elis” teve no evento o seu lançamento oficial. Segundo Prata, isto era um motivo de apreensão, mas que acabou suavizado pela boa recepção do filme. “A recepção aqui foi a melhor possível. Tinha muito medo dessa plateia do Festival de Gramado. Uma plateia tão conhecedora da sétima arte”, disse o cineasta. “No Rio Grande do Sul, terra da Elis, a primeira vez que a gente ia projetar o filme para qualquer público. Sendo aqui, dava uma adrenalina maior. A resposta do público foi sensacional. No final, com a Andreia sendo ovacionada, deu para deixar todo mundo confiante para lançar o filme”, completou.
Antes mesmo de Horta receber o prêmio, o cineasta já ponderava que os elogios a sua atuação eram fruto de uma longa preparação feita para “reencarnar” a cantora nas telas. “Foi muita labuta, muito trabalho, muito talento dela, entrega e preparação. Ela é muito focada, se preparou muito para construir essa personagem. Foram cinco meses de intenso trabalho”, diz.
Por outro lado, o diretor ponderou que a parte mais difícil do filme foi decidir quais histórias da vida da cantora iriam entrar na versão final e quais ficariam de fora. Algumas críticas apontam que o filme explora pouco a relação de Elis com as drogas e com a ditadura militar.
“Num filme de duas horas cabem pouquíssimas coisas de uma vida de 36 anos. Então você tem que fazer escolhas mesmo. Qual história você quer contar, qual a abordagem se quer dar da vida dela? Tem milhares de possibilidade. Você tem que fazer uma escolha, selecionar os fatos, as canções, os personagens, tudo aquilo que leve a sua história para a frente”, ponderou Prata.
O filme foca na vida de Elis Regina a partir da chegada dela ao Rio de Janeiro, quando tinha 19 anos. O longa, que também traz os atores Caco Ciocler, Gustavo Machado, Lúcio Mauro Filho e Natallia Rodrigues, entre outros, no elenco, tem estreia marcada para o dia 24 de novembro.
Momento do cinema nacional
Um dia antes da exibição de Elis, na sexta-feira (26), o filme Aquarius mais uma vez esteve envolvido na discussão política, com o diretor Kléber Mendonça Filho e atores do longo reafirmando a posição de que o Brasil está passando por um golpe. A exibição da obra também teve vaias para o ministro da Cultura do então governo interino, Marcelo Calero.
Prata, porém, preferiu não entrar em polêmicas e disse que o cinema brasileiro nem econômico. Porém, acho que o cinema está”, disse. “Lógico, hoje o país está dividido em d está vivendo um momento muito saudável. “Eu acompanho na imprensa essas polêmicas todas. Em geral, a minha percepção é de que é um pouco mais auê de imprensa do que de fato. To ligadíssimo nos últimos acontecimentos do país, que não está vivendo um momento bom nem político. Tendo sempre a me manter focado e com um olhar um pouco crítico a essas polêmicas”, complementou.
Segundo ele, a produção nacional foi muito beneficiada pelo programa do governo federal Brasil de Todas as Telas. “A gente está produzindo 120, 130 longas por ano, é um a cada três dias. Então, está muito aquecido. Está organizado. A Ancine está funcionando bem. Apesar de todas as dificuldades, na nossa área acho que as coisas estão indo bem”, afirmou.
O cineasta disse ainda não temer que, no governo do PMDB, possam haver cortes de recursos e de programas que beneficiam a produção cinematográfica. “Não acredito ou pelo menos torço para que ninguém mexa nisso. Acho que seria uma catástrofe e, se achar que isso vai acontecer, vou pra rua também”, concluiu.
Deixe um comentário