Milton Ribeiro
Indicamos uma série de espetáculos, mas centramos nosso foco em três histórias familiares inteiramente diferentes entre si. Nossa Irmã Mais Nova trata da morte de um pai. Durante o velório as irmãs, conhecem sua meia-irmã e tocam em pontos doloridos de suas vidas. Boa Noite, Mamãe é um filme de terror onde uma mãe, após várias cirurgias plásticas, volta para casa e não é reconhecida pelos filhos, dois meninos gêmeos de nove anos. O Lugar Escuro é uma peça de teatro baseada no excelente livro de Heloísa Seixas e dirigido pelo não menos Luciano Alabarse. O assunto é o Mal de Alzheimer visto por três gerações de mulheres.
Todas as semanas, o Sul21 traz indicações de filmes, peças de teatro, exposições e música para seus leitores. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana!
Cinema – Estreias
Nossa Irmã Mais Nova (*****)
(Umimachi Diary), de Hirokazu Koreeda, Japão, 2014, 127 min
Sachi (Haruka Ayase), Yoshino (Masami Nagasawa) e Chika (Kaho) são irmãs e vivem juntas em uma casa que pertence à família há tempos. Apesar de não verem o pai há 15 anos, elas resolvem ir ao seu enterro. Lá conhecem a adolescente Suzu Asano (Suzu Hirose), sua meia-irmã. Logo as três irmãs convidam Suzu para que more com elas. O convite é aceito e, a partir de então, elas passam a conviver juntas e conhecem os pontos sensíveis relacionados ao pai em comum.
No Guion Center 2, às 14h15 e 20h50
No Guion Center 3, às 17h30
Boa Noite, Mamãe (****)
(Ich Seh, Ich Seh), de Veronika Franz e Severin Fiala, Áustria, 2014, 100 min
Uma família vive em uma residência isolada em meio a árvores e plantações de milho. Após dias afastada por conta de cirurgias plásticas, a mãe (Susanne Wuest) volta para casa e não é reconhecida pelos filhos gêmeos. As crianças, de nove anos, duvidam que a mulher de rosto coberto seja realmente sua mãe e a partir de então nada será como antes. Indicado ao oscar, o filme está classificado como de terror.
https://youtu.be/AfojB6rlx2Y
No Cinespaço Wallig 7, às 17h40, 18h, 19h30 e 21h30
No Cinemark Barra 3, às 15h50 e 21h15
No GNC Iguatemi 2, às 19h30 e 21h50
No GNC Praia de Belas 6, às 19h20 e 21h20
Cinema – Em cartaz
Tudo vai ficar bem (***)
(Every Thing Will Be Fine), de Wim Wenders, Canadá / Suécia / Alemanha /França, 2015, 118 min
Tomas é um escritor de algum sucesso que, num frio dia de Inverno, atropela acidentalmente uma criança. Apesar de não ter tido culpa direta no acidente, aquele momento vai marcar drasticamente a sua vida. Incapaz de lidar com um sentimento de culpa que o persegue, Tomas sente-se cair num abismo. A única válvula de escape para a sua depressão é a criação onde, contra todas as probabilidades, encontra um sucesso inesperado. 12 anos depois do acidente, ele reencontra Christopher, o irmão mais velho da criança atropelada. Estreado no Festival de Cinema de Berlim (fora de competição), é um filme dramático sobre luto e necessidade de redenção realizado pelo grande Wim Wenders. James Franco, Charlotte Gainsbourg e Rachel McAdams são os protagonistas.
No Guion Center 1, às 14h30 e 21h05
No Espaço Itaú 1, às 14h, 16h30, 19h e 21h30
No GNC Moinhos 3, 14h e 21h40
Fique comigo (****)
(Asphalte), de Samuel Benchetrit, França, 2015, 100 min
Boa comédia francesa. Num imóvel da periferia de Paris, o elevador está sempre quebrado. Seis personagens têm encontros improváveis: um fotógrafo conhece uma triste enfermeira que sonha em retratar, um adolescente acaba se tornando amigo de uma grande estrela de cinema e uma mulher idosa acolhe em sua casa um astronauta americano, vindo diretamente do céu.
No Guion Center 3, às 14h
A Vizinhança do Tigre (****)
(A Vizinhança do Tigre), de Affonso Uchôa, Brasil, 2014, 95 min
Segundo longa-metragem do realizador Affonso Uchôa (“Mulher à Tarde”, 2010), “A Vizinhança do Tigre” foi produzido de maneira independente ao longo de cinco anos de gravações. O filme conta a história de cinco jovens moradores do bairro Nacional, periferia de Contagem/MG, onde o próprio diretor e os atores moram. Juninho, Menor, Neguinho, Eldo e Adílson protagonizam o filme. Amigos do diretor, eles não tinham experiência profissional anterior com o cinema. “A Vizinhança do Tigre” é um misto de documentário e ficção, na qual os atores encenam acontecimentos de sua própria vida. Entre a violência e o sonho, o crime e a esperança, o filme retrata os desafios e superações de cada uma dessas vidas.
No CineBancários (19h)
O Quarto de Jack (****)
(Room), de Lenny Abrahamson, Canadá / Irlanda, 2015, 118 min
O Quarto de Jack conta a história de Jack (Jacob Tremblay), um espirituoso menino de 5 anos que é cuidado por sua mãe Ma (Brie Larson). Como toda boa mãe, Ma se dedica em manter Jack feliz e seguro, cuidando dele com bondade e amor, e fazendo coisas típicas como brincar e contar histórias. Sua vida, entretanto, é tudo menos normal. Eles estão presos, confinados em um espaço de 10 m² sem janelas, o qual Ma chamou de “O Quarto de Jack”. Ma não fará tudo para garantir que, mesmo neste ambiente, Jack seja capaz de viver uma vida completa e satisfatória. Mas, enquanto a curiosidade de Jack sobre a situação em que vivem cresce, Ma ensaia um arriscado plano de escape, o que os leva a ficar cara a cara com o mundo real.
No Guion Center 1, às 16h40
No GNC Moinhos 1, às 16h10 e 19h
No Espaço Itaú 2, às 13h50, 16h10, 18h40 e 21h10
No Cine Victória 1, às 13h30 e 17h45
A Garota Dinamarquesa (***)
(The Danish Girl), de Tom Hooper, EUA / Reino Unido / Dinamarca, 2015, 120 min
Cinebiografia de Lili Elbe (Eddie Redmayne), que nasceu Einar Mogens Wegener e foi uma das primeiras pessoas a se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo. Em foco o seu relacionamento amoroso com a pintora dinamarquesa Gerda (Alicia Vikander) e sua descoberta como mulher quando sua esposa pede para que ele pose para retratos femininos quando uma modelo falta na década de 20.[11] Sua esposa aceita a cirurgia mas percebe que perdeu a pessoa com quem se casou e Hans Axgil (o ator belga Matthias Schoenaerts), vem formar um triângulo amoroso.
https://youtu.be/XrVMJ6myjTQ
No Cinemark Ipiranga 2, às 19h
No Espaço Itaú 6, às 13h20
No GNC Moinhos 4, às 14h20, 16h50, 19h20 e 21h50
No Guion Center 2, às 16h20 e 18h30
O Regresso (***)
(The Revenant), de Alejandro González Iñarritu, EUA, 2015, 186 min
Em termos de sofrimento, esse Oscar vai ser imbatível. O tema de O Regresso é baseado em fatos reais. Em 1823, durante uma expedição para um território gelado e inexplorado no oeste norte-americano, o explorador e comerciante de peles Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) é atacado por um urso e deixado para morrer pelos seus companheiros. Glass sobrevive e parte para dentro de território selvagem, durante o inverno, à procura de vingança. Em Portugal, o filme recebeu um título traidor mas bastante bom, O Renascido. O filme é muito bem feito, de violência explícita e visceral. É impossível não ser envolvido pelo drama de Glass. O trabalho de Iñarritu é de absoluto virtuosismo e Leo DiCaprio responde à altura. Entram como favoritos na festa da Academia.
No Arcoplex Boulevard 2 (dublado), às 21h
No Cinespaço Wallig 1 (dublado), às 18h
No Cinespaço Wallig 1 (legendado), às 21h
No Cinemark Barra 1 (legendado), às 15h20, 18h45 e 22h
No Cinemark Bourbon Ipiranga 7 (legendado), às 15h15, 18h40 e 22h
No Espaço Itaú 6 (legendado), às 15h30, 18h20 e 21h10
No GNC Iguatemi 2, às 16h10
No GNC Iguatemi 4, às 21h20
No GNC Moinhos 2 (legendado), às 15h20, 18h25 e 21h30
No GNC Praia de Belas 2, às 21h10
Carol (***)
(Carol), de Todd Haynes, EUA/Grã-Bretanha, 2015, 118min
Ignorado na lista de indicados a melhor filme para o Oscar, Carol, baseado no livro de Patricia Highsmith, tem agradado público e crítica desde que estreou em Cannes. No festival francês, Rooney Mara arrebatou o prêmio de melhor atriz por sua interpretação de Therese Belivet, uma jovem que trabalha como vendedora em uma loja de bonecas em Nova York dos anos 1950. Certo dia, ela conhece a cliente Carol Aird (Cate Blanchett), que vai comprar um presente para sua filha, e muda sua vida. Therese tem um namorado por quem não se interessa muito, e Carol está no meio de um divórcio espinhoso. Considerado um dos melhores romances do ano, o filme se passa pelos olhos de Therese, que se apaixona por Carol, e tem mérito ao retratar uma história de amor lésbica em uma época em que era preciso enfrentar muito preconceito e resistência por parte da sociedade.
Na Sala Paulo Amorin, às 17h15 e 19h30
45 anos (*****)
(45 Years), de Andrew Haigh, Inglaterra, 2015, 95 min
Considerado pelo Sul21 como o melhor filme de 2015. Kate Mercer (Charlotte Rampling) está planejando a festa de comemoração dos 45 anos de casada. Porém, cinco dias antes do evento, o marido (Tom Courtenay) recebe uma carta: o corpo de seu primeiro amor foi encontrado congelado no meio dos Alpes Suíços. A estrutura emocional dele é seriamente abalada e Kate já não sabe se vai ter o que comemorar durante a festa. Os veteranos Rampling (69 anos) e Courtenay (78) levaram os prêmios de melhor atriz e ator do Festival de Berlim deste ano e dão um show à parte. Ingmar Bergman cansou de nos mostrar que dois grandes atores às voltas com um bom texto pode dar resultados de primeira grandeza. É o caso. O jovem cineasta Andrew Haigh demonstra grande talento e delicadeza para captar as nuances de um casal que sai fora do prumo.
Na Sala Paulo Amorim, às 15h30
Spotlight — Segredos Revelados (****)
(Spotlight), de Tom McCarthy, EUA, 2015, 128min
Não é do nosso feitio recomendar filmes que são exibidos em todos os grandes cinemas e apresentam grandes elencos hollywoodianos, mas com a aproximação das premiações, os filmes desse tipo que se destacm no mar dos blockbusters começam a aparecer. E Spotlight é um deles. Em 2001, um escândalo escondido na cidade de Boston começa a ser investigado por uma equipe de jornalistas. Baseado em fatos reais, Spotlight conta a história dos repórteres que denunciaram o grande número de abuso de menores praticado por sacerdotes, com conivência da Igreja Católica e ocultados pelo sistema judiciário da cidade. O filme funciona como uma espécie de ode ao jornalismo, acompanhando os repórteres interpretados por Mark Ruffalo, Rachel McAdams, Michael Keaton, entre outros.
https://youtu.be/I7TYGRwZbE4
No Cinemark Barra 7, às 20h40
No Espaço Itaú 7, às 21h30
No GNC Moinhos 3, às 19h10
Exposições e Artes Plásticas
Grande Desejo – Dinorá Bohrer Silva encontra Adélia Prado
Sala O Arquipélago do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo
De terças a sextas, das 10h às 19h; sábados das 11h às 18h
Até 2/4
A sala O Arquipélago, do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (CCCEV), recebe, a partir desta segunda-feira (29), às 19h, a exposição Grande Desejo – Dinorá Bohrer Silva encontra Adélia Prado. Com curadoria artística de Paula Ramos e coordenação de Maria Rita Webster, a mostra traz obras de tapeçarias de recorte desenvolvidas nos últimos 15 anos, a partir da relação da artista gaúcha Dinorá Bohrer Silva com a obra poética da mineira Adélia Prado.
As peças, sem moldura e expostas nas paredes do espaço, têm dimensões diferentes, em sua maioria com mais de um metro. Os trabalhos são delicados: a técnica consiste em base de tecido, sobre a qual se monta, com retalhos de tecido das mais diversas texturas (desde algodão até organzas e rendas), uma composição de formas que vão presas à mão com pontos de bordado. “São obras que fui produzindo de 2000 até agora. A poesia é que me chamou para a imagem que trabalhei. Foram textos que me bateram de uma forma mais contundente que outros”, conta Dinorá. O catálogo da exposição reproduz 15 das 16 obras expostas, com os poemas que as motivaram. As fotografias são de André Cavalheiro, e os textos são assinados pelo jornalista e humorista Fraga, acerca da tapeçaria de recorte, e pelas professoras-pesquisadoras do Instituto de Artes da UFRGS Paula Ramos, que escreve sobre o encontro entre Dinorá Bohrer Silva e Adélia Prado, e Joana Bosak, sobre a trajetória e obra poética dessa última. O Centro Cultural CEEE Erico Verissimo fica na Rua dos Andradas, 1223, Centro Histórico de Porto Alegre.
Sergio Camargo: Luz e Matéria
Fundação Iberê Camargo
De terça a domingo (inclusive feriados), das 12h às 19h (último acesso às 18h30)
Até 12 de junho
A Fundação Iberê Camargo e o Itaú Cultural firmaram uma parceria para trazer ao público mais uma exposição de grande relevância no cenário artístico nacional. Dia 3 de março, a instituição em Porto Alegre inaugura a mostra Sergio Camargo: Luz e Matéria com trabalhos de um dos mais importantes nomes das artes visuais do século XX no Brasil. Com curadoria de Paulo Sergio Duarte e Cauê Alves, a mostra reúne, até 12 de junho, mais de 60 obras de colecionadores privados e do espólio do artista. A exposição é um novo recorte da versão exibida no Itaú Cultural em São Paulo, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016, e Porto Alegre é a primeira cidade a recebê-la, após seu encerramento na Capital paulista. Na Fundação, a exposição ocupa dois andares com trabalhos de grande formato e em menor dimensão Sergio Camargo; torres e relevos em formas que jogam com a luz e a sombra, esculpidos em mármore carrara branco ou negro belga, datadas entre as décadas de 1960 e 1980. O conjunto faz uma síntese das sucessivas experiências de Sergio Camargo (1930-1990).
Linhas: Imagens de Mathias Cramer
Bistrô do Margs, Praça da Alfândega, s/n
De segunda a sexta-feira, das 11 às 21h; sábados, domingos e feriados, das 11 às 19h.
Até 30 de abril
Mathias Cramer é jornalista e fotógrafo com graduação em Jornalismo pela Ufrgs e atua profissionalmente desde 1980, fazendo serviços para empresas e clientes, em reportagens, eventos, documentários e ensaios fotográficos. Sua trajetória conta com experiência no processamento e tratamento de imagem digital e no atendimento e suporte a assessorias de comunicação social, imprensa, marketing, relações públicas e recursos humanos. A sequência de imagens é resultado da produção fotográfica do autor, paralela ao trabalho comercial, ao longo de sua carreira.
Acervo BRDE — Mostra de Artes Plásticas
No Margs, Praça da Alfândega, s/n°
De terças a domingos, das 10h às 19h, com entrada franca
Até o dia 23 de março
O evento integra a programação comemorativa aos 55 anos de fundação do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE. Trata-se de uma coleção de 25 obras que fazem parte do patrimônio do banco, reunidas ao longo de mais de meio século. As pinturas, gravuras, aquarelas e esculturas que por muitos anos foram de conhecimento restrito dos que circulam pelas salas e gabinetes do escritório central do BRDE, localizado em Porto Alegre, carregam, além do aspecto decorativo, o olhar e a memória de artistas nascidos no Rio Grande do Sul ou aqui radicados. Em sua maioria, são autores que consolidaram suas trajetórias artísticas nas décadas de 1950 a 1990. Dentre eles, destacam-se os mestres Ado Malagoli, Vasco Prado, Iberê Camargo, Danúbio Gonçalves e Plínio Bernhardt. Da geração dos anos 60 e 70, figuram Waldeny Elias, Carlos Tenius, Regina Silveira, Soriano e Eduardo Cruz. No grupo dos anos 80 em diante estão Ronaldo Kiel, Arlete Santarosa e Frantz, entre outros. Nesta coleção predominam obras figurativas com ênfase na temática regional: tipos gauchescos, paisagens campeiras e urbanas, referências míticas, detalhes arquitetônicos, traços do real e do imaginário. A busca identitária é um traço marcante do Acervo BRDE, instituição financeira pública cuja missão é promover o desenvolvimento econômico e socioambiental nos três estados da Região Sul.
Organicidade: o percurso de Esther Bianco entre a pintura e a gravura
No Margs, Praça da Alfândega, s/n°
De terças a domingos, das 10h às 19h
Até 23 de março
A exposição Organicidade apresenta uma visão do percurso da artista gaúcha Esther Bianco entre a pintura e a gravura ao longo dos últimos quarenta anos. Na primeira porção da mostra acompanhamos um amplo conjunto de pinturas produzidas em período mais recente – anos 2000 – no qual a artista vem explorando o imaginário poético suscitado por uma mesma fonte geradora: a noção de rede. Cidades, mapas, trajetos, o movimento dos corpos, células e tecidos, circuitos de informação, campos do conhecimento, a observação de plantas, famílias, constelações, galáxias. Tudo rede, sistema, tecido, vida: trama e urdidura. A percepção da realidade biológica, social, cultural e cósmica como uma sobreposição de complexos sistemas entrelaçados e interdependentes é o princípio de ativação do plano pictórico, aqui. Em sua lógica intrincada, as redes de Esther se sustentam no cruzamento incansável de linhas e manchas, continuidades e rupturas. São estruturas que se organizam entre o estático e o dinâmico, o orgânico e o arquitetônico, a luz e a escuridão, a forma e o informe, caos e ordem, em uma profusão de jogos e tensões entre polaridades abertas. Na segunda sala, encontramos uma pequena amostra da abundante produção pictórica de Esther Bianco dos anos 80 e 90. Animais e plantas em suas metamorfoses inconscientes, o masculino e o feminino, seus encontros e desencontros, personagens da literatura gaúcha, como os anjos de Mário Quintana, são alguns dos temas com que se ocupou neste período. Em sintonia com as características históricas desta geração em nosso meio, neste período a artista se dedica à pinturas de grande formato onde a figuração e a transfiguração são exploradas no limite de uma certa abstração. São corpos que ora se afirmam claramente e ora se diluem em grandes zonas de manchas eloquentes, igualmente protagonistas. Finalizando este percurso, a última sala apresenta um conjunto inédito de gravuras em metal, linguagem a qual Esther vem se dedicando de forma ininterrupta desde os anos 80, em paralelo a sua produção em pintura. A seleção para esta sala buscou traçar uma breve retrospectiva, cotejando a cronologia com núcleos temáticos e estruturais que irão se desdobrar ao longo dos anos, ora acompanhando sua produção em pintura, ora como tema exclusivo de sua produção gráfica, como é o caso da série dedicada às águas. Neste núcleo de gravuras é possível identificar claramente a importância de algumas linhas formadoras do pensamento da artista: a observação e narrativa de natureza social, as pequenas anotações sobre o cotidiano, a figuração de natureza expressionista, os ecos distantes de uma abstração geométrica traduzida em uma organicidade intuitiva.
Iberê e Seu Ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares
Fundação Iberê Camargo, Av. Padre Cacique, 2000
Das 12h às 19h (de 3ª a domingo) e das 12h às 21h (5ª feiras)
Até 2 de abril
A Fundação Iberê Camargo (Padre Cacique, 2000) recebe, por um ano, a exposição “Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares”, que traz uma visão mais abrangente sobre o artista. Com entrada gratuita, a visitação acontece das 12h às 21h, nas quintas-feiras, e das 12h às 19h de terça a domingo. A mostra tem como tema a poética de Iberê Camargo, o universo mental e material que concretiza a sua obra. As 146 obras em exposição apresentam os três gêneros trabalhados ao longo de sua carreira – a paisagem, a natureza-morta e a figura humana -, demonstrados em um recorte cronológico, que vai do início, ainda nos anos 40, à consolidação nos anos 60 e à culminação dos anos 70 em diante. O objetivo é possibilitar ao público da Fundação Iberê Camargo uma visão abrangente da obra do artista, por meio de uma mostra linear buscando uma visão do todo de sua carreira. A base para a organização da exposição está fundada em três eixos: a poética, isto é, o universo mental e material de concretização da obra, o temperamento do artista, não o do homem, pois prescindiremos da biografia e, finalmente, a execução, isto é, os caminhos trilhados em busca dos resultados.
Música
Concerto de Thiago Colombo (violão)
Dia 11 de março de 2016, sexta-feira, às 19h30
ZAC Haus (Rua Eudoro Berlink, 561, esquina com a Rua Dr Freire Alemão, Porto Alegre-RS)
A exploração das possibilidades criativas oriundas das hibridações culturais no continente americano é a proposta do violonista gaúcho Thiago Colombo em “Violão e mestiçagem na América Latina”. O concerto é fruto de um processo de pesquisa e produção artística focado nas relações de fronteira entre nações, regiões, estilos musicais e temporalidades, com abordagem autobiográfica. O repertório é formado por arranjos e composições próprias produzidas entre 2007 e 2014, bem como por interpretações de obras de compositores consagrados no repertório violonístico latino-americano.
Ospa: Concerto da Série Theatro São Pedro
15 de março 20h30 — Pc Mal Deodoro, s/n
Orquestra Sinfônica de Porto Alegre apresenta concerto com solista e regente internacionais. Japonês, Michinori Bunya é um dos maiores contrabaixistas do mundo. O maestro convidado para conduzir a Ospa nesta noite é Nabil Shehata, kuwaitiano que também tem formação no instrumento, foi aluno de Bunya em Berlim e hoje é regente principal da Ópera de Câmara de Munique. No repertório da noite estão obras de Felix Mendelssohn (1809-1847), Ludwig Van Beethoven (1771-1827) e Johannes Matthias Sperger (1750-1812). A apresentação acontece no Theatro São Pedro.
Programa:
Mendelssohn, F.: Sonho de Uma Noite de Verão, Op. 21 (Abertura)
Sperger J. M.: Concerto para contrabaixo nº 15
Beethoven, L. V.: Sinfonia nº 7
Regente: Nabil Shehata (Kuwait)
Solsita: Michinori Bunya (Japão | contrabaixo)
Teatro
O Lugar Escuro
No Teatro do Goethe-Institut, Rua Vinte e Quatro de Outubro, 112
De 11 de março a 3 de abril de 2016, sextas e sábados às 21h e domingos às 18h
A partir de sua obra literária de mesmo nome, Heloisa Seixas faz uma adaptação para o teatro de O Lugar Escuro e reúne três gerações de mulheres da mesma família que se deparam com o Mal de Alzheimer, do qual sofre a figura mais velha. As três passam a lidar com a doença ao acompanhar o cotidiano da avó que passa a sofrer com as mudanças de personalidade, temperamento e mexe com a vida de todas. Com a direção de Luciano Alabarse, um dos mais importantes diretores gaúchos, as três atrizes: Sandra Dani (avó), Vika Schabbach (mãe) e Gabriela Poester (neta) brilham em interpretações emocionantes e atingem as diversas camadas desse universo feminino redescobrindo uma nova forma de conviver.
Deixe um comentário