Mais algumas estreias hollywoodianas chegam à capital gaúcha nesta semana, mas para fins deste Recomenda, apenas uma delas nos pareceu atraente: o drama Carol, que conta a história de amor entre duas mulheres nos anos 1950. Por outro lado, recomendamos também um filme brasileiro nordestino que vem angariando boas críticas, Boi Neon.
No teatro, vale a pena conferir a programação do Porto Verão Alegre. Mas há ainda o espetáculo de dança Roleta Russa/ Maçã do Amor, apresentado todas as quartas e quintas-feiras, vale a pena ser visto. O Memorial do Rio Grande do Sul tem duas boas exposições: Meu Coração de Polaco Está de Volta, com a história do escritor Paulo Leminsky, e Memória e Identidade, que ganhará uma matéria própria durante esse fim de semana.
Todas as semanas, o Sul21 traz indicações de filmes, peças de teatro, exposições e música para seus leitores. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana!
Cinema – Estreias
Carol (****)
(Carol), de Todd Haynes, EUA/Grã-Bretanha, 2015, 118min
Ignorado na lista de indicados a melhor filme para o Oscar, Carol, baseado no livro de Patricia Highsmith, tem agradado público e crítica desde que estreou em Cannes. No festival francês, Rooney Mara arrebatou o prêmio de melhor atriz por sua interpretação de Therese Belivet, uma jovem que trabalha como vendedora em uma loja de bonecas em Nova York dos anos 1950. Certo dia, ela conhece a cliente Carol Aird (Cate Blanchett), que vai comprar um presente para sua filha, e muda sua vida. Therese tem um namorado por quem não se interessa muito, e Carol está no meio de um divórcio espinhoso. Considerado um dos melhores romances do ano, o filme se passa pelos olhos de Therese, que se apaixona por Carol, e tem mérito ao retratar uma história de amor lésbica em uma época em que era preciso enfrentar muito preconceito e resistência por parte da sociedade.
Guion Center 1, às 14h, 17h40, 19h50, 22h
GNC Moinhos 4, às 14h15, 16h40, 19h15, 21h45
Cinemark Ipiranga 5, às 18h50, 21h30
Espaço Itaú 3, às 16h40, 21h40
Boi Neon (****)
(Boi Neon), de Gabriel Mascaro, Brasil, 2015, 101min
Boi Neon é difícil de descrever. Através de paisagens de um nordeste colorido e sem estereótipos, o diretor pernambucano Gabriel Mascaro conta a história do vaqueiro (Juliano Cazarré) que sonha em ser costureiro, enquanto ele viaja com uma caminhoneira (Maeve Jenkins) e sua filha. Trata-se de um road-movie que quebra estereótipos, mostrando “machos nem tão machões”, uma caminhoneira não masculinizada e uma família não tradicional. Premiado no Festival de Veneza, Boi Neon é mais uma amostra do excelente cinema pernambucano dos tempos atuais.
Espaço Itaú 1, às 21h30
Espaço Itaú 2, às 15h20, 19h20
Cinema – Em cartaz
Diplomacia (****)
(Diplomate), de Volker Schlöndorff, França/Alemanha, 2014, 84min
A Catedral de Notre Dame, a Ópera, o Rio Sena. Todos seriam destruídos em agosto de 1944. Esse era o plano de Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial, que acabou frustrado após a decisão do governador nazista, que desobedeceu suas ordens. Em Diplomacia, o fato de o mundo todo já conhecer o final da história não atrapalha a grandeza da narrativa. O filme se passa na noite anterior ao cumprimento do plano, quando o general alemão Dietrich von Choltitz (Niels Arestrup) e o cônsul sueco Raoul Nordling (André Dussollier) conversam sobre o assunto, com o segundo tentando dissuadir o primeiro de continuar com a destruição da cidade. Baseado na peça do escritor francês Cyril Gély, o filme é bem-sucedido ao trazer os mesmos atores para interpretar os protagonistas e levantar questões como desobediência, integridade, moralidade e persuasão.
Guion Center 2, às 14h10, 17h50
Spotlight — Segredos Revelados (****)
(Spotlight), de Tom McCarthy, EUA, 2015, 128min
Não é do nosso feitio recomendar filmes que são exibidos em todos os grandes cinemas e apresentam grandes elencos hollywoodianos, mas com a aproximação das premiações, os filmes desse tipo que se destacm no mar dos blockbusters começam a aparecer. E Spotlight é um deles. Em 2001, um escândalo escondido na cidade de Boston começa a ser investigado por uma equipe de jornalistas. Baseado em fatos reais, Spotlight conta a história dos repórteres que denunciaram o grande número de abuso de menores praticado por sacerdotes, com conivência da Igreja Católica e ocultados pelo sistema judiciário da cidade. O filme funciona como uma espécie de ode ao jornalismo, acompanhando os repórteres interpretados por Mark Ruffalo, Rachel McAdams, Michael Keaton, entre outros.
https://youtu.be/I7TYGRwZbE4
Cinespaço Wallig 4, às 21h20
Cinemark Barra 3, às 21h500; Cinemark Barra 6, às 19h45, 22h30
Espaço Itaú 8, às 17h20, 19h40
GNC Iguatemi 2, às 16h, 21h50
GNC Moinhos 3, às 16h20, 21h35
Guion Center3, às 16h30
As Sufragistas (***)
(Suffragette), de Sarah Gavron, Reino Unido, 2015, 106 min
Início do século XX. Apoiadas pelos conceitos iluministas de igualdade e liberdade, as mulheres passam a reivindicar o direito de participação na política e a exigir leis mais justas que as incluíssem nas decisões parlamentares. No Reino Unido, o movimento começou com a fundação da União Nacional pelo Sufrágio Feminino. De modo a expor as leis sexistas e mudar a forma como eram vistas, um grupo de mulheres da classe operária juntam as suas vozes à de Emmeline Pankhurst (Meryl Streep), uma mulher à frente do seu tempo que há muito lutava pelos direitos das mulheres. O filme acompanha a jornada de algumas delas, focado na funcionária de lavanderia Maud Watts (Carey Mulligan), enquanto ela descobre que pode lutar por seus direitos e se junta à luta. Assim, desistindo do protesto pacífico de simples manifestações de rua que nunca as levou a lugar algum, estas mulheres desafiam o Estado e partem para formas de luta cada vez mais radicais, enfrentando tudo para tentar viabilizar direitos e oportunidades iguais. Faz 100 anos e ainda é atual, né?
No Guion Center 2, às 15h50, 19h25
No GNC Moinhos 1, às 13h40
No Espaço Itaú 8, às 15h20, 22h
O Clã (****)
(El Clan), de Pablo Trapero, Argentina / Espanha, 2015, 108 min
O excelente diretor Pablo Trapero retorna com este excelente O Clã. O autor de Família rodante e Leonera vem com um filme que conseguiu (1) bater o recorde de bilheteria em estreias do cinema argentino, com mais de 500 mil ingressos vendidos no primeiro fim de semana, superando Relatos selvagens e (2) ganhar o Leão de Prata de melhor direção no Festival de Veneza. O filme conta a história real da família Puccio, um caso que chocou a sociedade portenha. Os Puccio eram uma família de classe média que tinha por hábito sequestrar pessoas ricas, pedir o resgate e, ao receber o pagamento, matar as suas vítimas. O patriarca, Arquimedes, comandava as operações ao lado do filho Alejandro, enquanto sua esposa e as filhas fingiam ignorar o que acontecia à sua volta. Mas as coisas mudam de figura quando um filho distante volta da Austrália.
No Guion Center 3, às 21h25
Exposições e Artes Plásticas
Paulo Leminsky: Meu coração polaco está de volta
Memorial do Rio Grande do Sul
Até 9/02
O poeta paranaense Paulo Leminski será tema da exposição “Meu coração polaco está de volta”, que aborda a origem e a influência da Polônia na obra do autor. A mostra foi inaugurada juntamente com o lançamento do livro bilíngue de mesmo nome, que reúne 60 poesias de Leminski, selecionadas e traduzidas pelo pesquisador e professor de Letras-Polonês da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Piotr Kilanowski. Paulo Leminski nasceu em Curitiba (PR), em 24 de agosto de 1944. Desde cedo, o autor, dono de uma extensa obra, inventou um jeito próprio de escrever poesia, optando por poemas breves, muitas vezes fazendo trocadilhos ou brincando com ditados populares.
Sua obra exerceu forte influência em todos os movimentos poéticos dos últimos 20 anos.
Memória e Identidade: Uma visão africanista
Memorial do Rio Grande do Sul
Até 31/01
A mostra do artista plástico gaúcho Zé Darci retrata a presença negra no Rio Grande do Sul e a busca por igualdade social no Brasil. A exposição é composta de 17 telas pintadas pelo artista pelotense e está incluída na programação do 15º Fórum Social Mundial/2016.
Olhar Feminino
MARGS (Praça da Alfândega, s/n)
Até 24/01
Visitação de terça-feira a domingo, das 10h às 19h
“Olhar Feminino” apresenta um recorte dos trabalhos de artistas mulheres pertencentes ao acervo do museu. Os trabalhos desenvolvidos possuem temáticas variadas e técnicas distintas, como: desenho, pintura e escultura. A intenção é fazer uma homenagem às artistas mulheres, destacando sua importância na produção na História da Arte. Apresenta obras de Alice Brueggemann; Alice Soares; Angelina Agostini; Beatriz Milhazes; Bina Monteiro; Caterina Baratelli; Clara Pechansky; Gilda Vogt; Heloísa Crocco; Heloisa Schneiders da Silva; Ilsa Monteiro; Iole de Freitas; Romanita Disconzi; Rosa Bonheur; Teti Waldraff e Zorávia Bettiol.
Vasco Prado – a escultura em traço
No Santander Cultural, na Rua Sete de Setembro, 1028
Ter a sáb, das 10h às 19h / Dom e feriados, das 13h às 19h
Até 28/02
Fica aberta para visitação do publico entre os dias 16 de dezembro e 28 de de fevereiro de 2016, no Santander Cultural, em Porto Alegre, a mostra Vasco Prado – a escultura em traço, com 95 obras, a maioria inéditas. Com curadoria de Paulo Amaral, a exposição traz desenhos e grafismos feitos pelo artista gaúcho em um período de 40 anos. O ano de 2014 marcou o centenário de nascimento de Vasco Prado, natural de Uruguaiana. “Incompreensível que não tenha recebido as devidas homenagens pelo que representou na história das artes do Rio Grande do Sul e do Brasil. Conhecido como escultor, sabemos menos de seu desenho, como, por vezes, recusamos aceitar a evidência de que este é a base da representação do pensamento visual”, afirma Paulo Amaral em seu texto curatorial. O artista, morto em 1998, costumava dizer que esculpia durante o dia e desenhava durante a noite. Inspirado em artistas consagrados, Vasco imprimiu ao seu trabalho características próprias, rapidamente reconhecíveis, denunciando a construção de uma identidade artística em cima de uma percepção muito particular. Símbolos e referências de sua infância, como o campo, os cavalos e o Negrinho do Pastoreio, são rapidamente incorporados por traços inspirados em artistas como Marino Marini e Picasso. (Da Culturíssima)
Contíguo
Na Galeria Ecarta, Av. João Pessoa, 943, Porto Alegre
Até 24/01, de terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 10h às 18h
Em sua última exposição do ano, a Galeria Ecarta recebe um projeto de residência e curadoria da Galería Metropolitana, espaço de atuação independente em Santiago, no Chile, há 17 anos. Contíguo, das artistas Claudia Lee, Francisca Montes, é a adaptação de um projeto que mapeou o Parque André Jarlan, comuna de Pedro Aguirre Cerda, visando a reconexão entre arte e comunidade, a partir de um exercício contextual de ativação da memória. Utilizando fotografia, vídeo, escultura e instalação para exibir o resultado de uma série de operações acerca de um determinado entorno, Contíguo se fundamenta na produção de obras que tornam visíveis modificações ou transformações territoriais na cidade. As artistas têm em comum uma linguagem visual que as permite elaborar em conjunto uma poética do periférico, a partir de jogos operacionais visuais ou textuais que discutem os espaços enquanto territórios ativos.
Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural
Na Fundação Iberê Camargo, Av. Padre Cacique, 2000
De terça a domingo, das 12h às 19h, até 21/2/2016
Obras audiovisuais que exploram e ampliam a linguagem do cinema e do vídeo são o foco da exposição Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural, que acontece na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, de 07 de novembro de 2015 a 21 de fevereiro de 2016. A mostra apresenta um recorte da produção brasileira dos últimos 50 anos. A curadoria de Roberto Moreira S. Cruz traça dois eixos principais: o histórico, que cobre destaques da década de 1970, com obras recuperadas e remasterizadas de artistas como Nelson Leirner, Letícia Parente e Regina Silveira; e o contemporâneo — a nova geração de artistas, incluindo Cao Guimarães, Rivane Neuenschwander, Thiago Rocha Pitta, Eder Santos, entre outros.
Flanando no Paradoxo (Felipe Mollé)
Centro Histórico-Cultural Santa Casa (Independência, 75)
Horário: 9h às 18h (3ª a sábados) / 14h às 18h (domingos e feriados)
Até 26/02/2016
Fruto de um inusitado projeto do fotógrafo Felipe Mollé. A partir das provocações recebidas durante as aulas, Felipe resolveu cruzar alguns corredores que normalmente são evitados pelas pessoas. Intrigado com o fato de que em outros lugares – como Buenos Aires, Paris, Viena, Washington -, abrigam cemitérios que estão incluídos nos roteiros turísticos, ele resolveu se aventurar e fotografar o Cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Fundado em 1850, o Cemitério da Santa Casa é o mais antigo em atividade no Rio Grande do Sul . Considerado um museu a céu aberto, o local guarda lembranças, fatos históricos e um vasto patrimônio artístico esculpido em pedra, mármore, bronze e ferro. O fotógrafo então atravessou os portões e andou por suas alamedas, iniciando uma viagem ao passado e registrando diversas figuras históricas ilustres.
Iberê e Seu Ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares
Fundação Iberê Camargo, Av. Padre Cacique, 2000
Das 12h às 19h (de 3ª a domingo) e das 12h às 21h (5ª feiras)
Até 02/04/2016
A Fundação Iberê Camargo (Padre Cacique, 2000) recebe, por um ano, a exposição “Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares”, que traz uma visão mais abrangente sobre o artista. Com entrada gratuita, a visitação acontece das 12h às 21h, nas quintas-feiras, e das 12h às 19h de terça a domingo. A mostra tem como tema a poética de Iberê Camargo, o universo mental e material que concretiza a sua obra. As 146 obras em exposição apresentam os três gêneros trabalhados ao longo de sua carreira – a paisagem, a natureza-morta e a figura humana -, demonstrados em um recorte cronológico, que vai do início, ainda nos anos 40, à consolidação nos anos 60 e à culminação dos anos 70 em diante. O objetivo é possibilitar ao público da Fundação Iberê Camargo uma visão abrangente da obra do artista, por meio de uma mostra linear buscando uma visão do todo de sua carreira. A base para a organização da exposição está fundada em três eixos: a poética, isto é, o universo mental e material de concretização da obra, o temperamento do artista, não o do homem, pois prescindiremos da biografia e, finalmente, a execução, isto é, os caminhos trilhados em busca dos resultados.
Teatro
Bukowski – Histórias da Vida Subterrânea
Teatro de Arena (Borges de Medeiros, 835)
De 12 a 31/01
O espetáculo traz recortes da vida e da obra do escritor Charles Bukowski (1920 – 1994). A cena é construída de forma fragmentada e não linear, buscando enfatizar fatos importantes na vida do escritor. A peça revela de forma teatral aspectos presentes no seu cotidiano, como seus 14 anos de trabalho ininterrupto nos correios de Los Angeles e sua relação com sua primeira mulher; sua infância e relação com seus pais; leituras que realizava em universidades e sua relação com as mulheres. Além disso, são mostradas várias facetas do autor, revelando Bukowski a partir da revisitação aos seus poemas que tratam de temas existenciais do ser humano.
Dança
R O L E T A R U S S A / M A Ç Ã D O A M O R
Sala 504 – Usina do Gasômetro 5º andar
Quartas e quintas-feiras de janeiro (13, 14, 20, 21, 27 e 28), às 20h
Em seu primeiro ano com sede própria, obtida através do projeto de ocupação da Usina do Gasômetro, Usina das Artes, a Cia. Espaço em BRANCO anuncia sua primeira produção de 2016, com a estreia do espetáculo Roleta Russa/Maçã do Amor, no dia 13 de janeiro. Roleta Russa/Maçã do Amor é a fusão das pesquisas desenvolvidas na graduação e Mestrado do artista Lisandro Bellotto no Departamento de Artes Dramáticas da Ufrgs. A produção mescla teatro, vídeo e performance, convidando também a plateia a desvendar sua personalidade, de maneiras distintas em cada ato. Ingresso: R$ 20 inteira; R$ 10 estudantes, classe artística e terceira idade.
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